No mesmo espírito, creio não poderá estranhar-se que diga nesta tribuna da também viva aspiração das gentes coimbrãs relacionada com a criação de nina escola superior d« belas-artes.

Sr. Presidente: Sinto que não devo alongar-me, e, por isso, dedicarei, a finalizar, palavras muito breves às necessidades mais instantes da Universidade de Coimbra, cuja posição de relevo no mundo da cultura lusíada constitui legítimo orgulho de todos os que são pelo primado do espírito e sabem reconhecer os altíssimos serviços prestados ao País e ao Ocidente pela velha e sempre renovada instituição.

O Sr. Veiga de Macedo: - Muito bem!

O Orador: - A restauração da Faculdade de Teologia e da Faculdade de Farmácia e a criação da Faculdade de Engenharia e da Faculdade de Agronomia situam-se na primeira linha dos anseios da prestigiosa Universidade.

O Sr. António Santos da Cunha: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. António Santos da Cunha: - Cumpre-me dizer que o problema da fundação, ou melhor dizendo, da restauração da Faculdade de Teologia em Coimbra, mereceu publicamente o maior incitamento por parte de S. E. o Cardeal Pró prefeito da Congregação do Estudos, da Santa Sé, em Braga, por ocasião da inauguração da Faculdade de Filosofia.

O Orador: - Muito agradeço o precioso apoio dado por V. Ex.ª

O Sr. Castro Salazar: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Castro Salazar: - Eu queria sómente perguntar a V. Ex.ª o seguinte:

Tendo-se inaugurado este ano a Universidade Católica Portuguesa, da qual fará parte uma Faculdade de Teologia, qual o interesse que haverá para o País na restauração da Faculdade de Teologia na Universidade de Coimbra?

O Orador: - Creio não haver qualquer Colisão entre o funcionamento de uma Faculdade de Teologia na Universidade de Coimbra e a Universidade Católica. Penso, aliás, que a própria Igreja vê com bons olhos o funcionamento em Coimbra de uma Faculdade de Teologia integrada na Universidade. Compreende-se, de resto, esta posição, porque a Faculdade de Teologia contribuiria dentro da própria Universidade de Coimbra para conferir a esta um sentido formativo, humanitário e religioso, indispensável a uma educação que queira ser verdadeiramente integral.

O Sr. Castro Salazar: - A ruim parece-me que haverá uma duplicação desnecessária, pois a formação religiosa e. humanística a que V. Ex.ª se refere está na própria razão de ser da Universidade, Católica.

O Orador: - Mas poder-se-á de facto considerar uma duplicação?

Não se completarão elas, até.

Ocioso será fundamentar tão fortes aspirações, porque o assunto tem sido objecto de estudos exaustivos e de intervenção esclarecidas de figuras de relevo na vida universitária coimbrã e de outras da maior projecção nacional. Por isso, limito-me a reforçar, desta tribuna, o apelo que, em diferentes oportunidades e, por diversas formas, foi dirigido ao Governo da Nação, não apenas para promover a restauração ou criação daquelas Faculdades, mas também para acelerar a execução das providências tendentes à construção ou conclusão dos edifícios da cidade universitária, à renovação do apetrechamento didáctico o de investigação científica dos diversos estabelecimentos e serviços e a actualização dos quadros docentes, técnicos, auxiliares e administrativos, na medida. das necessidades, que tantas e tantas são.

Sei bem que não é modesto o objecto desta petição que d aqui dirijo ao Governo e, em particular, ao Sr. Ministro da Educação Nacional, cujo interesse pelos problemas do ensino e da cultura se desentranhou já em obras do maior alcance, e a quem, por isso, grato me é apresentar a expressão do meu mais alto e reconhecido apreço. Mas, ao fazê-lo. sou movido por uma dupla- preocupação, que é duplo dever também: pugnar pelas superiores conveniências do ensino e da educação e contribuir, ainda que modestamente, mas com sinceridade e fé, para que, também em Coimbra, as escolas primárias, os estabelecimentos dos ensinos secundário e médio e a Universidade disponham de todos os meios materiais e humanos para cumprirem as. suas missões específicas e ainda para, integradas num dos mais importantes objectivos do III Plano de Fomento, constituírem instrumentos vivos e operantes da valorização das comunidades regionais e da atenuação dos desequilíbrios, injustos c gritantes, entro as diversas zonas do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, Sr. Presidente & Sr s. Deputados, todos sabemos que o Centro do País, a que preside a gloriosa cidade dê Coimbra, não viu ainda chegada a- hora da justiça que lhe assegure o progresso económico e social a que tem jus.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

Amanhã haverá, como hoje. duas sessões, uma às 11 horas e outra à hora regimental.

Convinha que VV. Ex.ªs considerassem que as sessões realizadas de manhã começam em geral à hora que aqui se indica. Hoje, ao principiar a sessão da manhã, ainda não tínhamos número suficiente de Deputados para a mesma funcionar na ordem do dia embora quando esta começou já houvesse, número. E claro que a sessão começou porque é o próprio Regimento que o permite.

A ordem do dia das sessões de amanhã será a continuação do debato na generalidade da proposta de lei relativa à elaboração e execução do III Plano de Fomento.

Está encerrada a sessão.

Eram 19 horas e 10 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

Albano Carlos Pereira Dias de Magalhães.

André Francisco Navarro.

António Augusto Ferreira da Cruz.