O Algarve - como nos tempos em que perdurou reino - é caso à parte, como o são os. arquipélagos dos Açores e Madeira. E quanto a Cabo Verde?

A p. 7 dos seus Ensaios de Economia Aplicada, ensina mestre Araújo Correia:

Este rio (o Douro) e o Tejo são indubitavelmente os dois mais importantes cursos de água do País, aqueles que maior influência podem exercer no nosso futuro económico.

E na sua recente monografia aliciantemente vem ilustrando esta afirmação quanto ao Tejo, como esperançoso veículo de promoção económica.

Decerto o mar foi o ponto de partida integralizador da nossa nacionalidade, com os dois pilares líquidos (perdoe-se-nos a expressão) dos ditos dois rios até aos limites da sua navegabilidade. Isto o dissemos mima das nossas citadas intervenções de Março.

O esquema programado pelo Plano corresponde aproximadamente u economia actual e virtual das bacias hidrográficas. Uma distorção, no entanto, a essa orientação se verifica quanto ao Douro: a de a sua margem esquerda ficar, por agora, fora do centro de trabalho e execução a domiciliar no Porto, embora isto se postule a título provisório.

Mas, Sr. Presidente, esta tendência nossa para perpetuar o provisório é quase irresistível, como há dias tão criteriosamente o acentuou na Comissão Eventual o Sr. Ministro da Economia.

Foi ainda, decerto, o administrativismo preponderante dos distritos e dos serviços por eles enfeixados que isto determinou.

Ora, como muito bem salienta o Sr. Prof. Correia da Cunha, no seu ensaio «Regionalização do Território Metropolitano», inserto no n.º XIV-XV da já citada revista Planeamento e Integração Económica, do Secretariado Técnico, a p. 18, e a propósito de uma sugerida divisão provincial estritamente adstrita aos distritos actuais:

Sempre que, como neste caso, as províncias permanecem como conjuntos de distritos, os seus limites tornam-se artificiais e com escasso significado.

Temos dito, Srs. Deputados, o suficiente para mostrar quão perigoso será tomar, pelo que respeita ao Douro e sua bacia, tão vicioso ponto de partida. Até na própria divisão provincial, inspirada por A morim Girão, as duas margens eram inseparáveis!

Evidentemente quanto a este rio, como quanto ao Tejo, o Mondego, etc., tornados navegáveis, a desconcentração industrial deverá operar-se partindo de pontos onde hoje se concentra a revestir formas filiformes ao longo dos seus cursos. Tais limitações terão de encarar-se sempre numa transigência indispensável, com possíveis melhorias de custos de produção e à parte ás indústrias simplesmente complementares da agricultura.

Sr. Presidente: Como lastimo, para terminar, não dispor de um verbo catoniano, sonoroso e terminante para daqui poder reclamar com eficiente veemência que na projectada região norte não deixe de incluir-se, ab initio, pelo menos os concelhos a sul do Douro que o marginam!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

À tarde haverá sessão, à hora regimental, com a mesma ordem do dia.

Está encerrada a sessão.

Eram 13 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

André da Silva Campos Neves.

Aníbal Rodrigues Dias Correia.

Antão Santos da Cunha.

António dos Santos Martins Lima.

Armando Acácio de Sousa Magalhães.

Armando José Perdigão.

Artur Alves Moreira.

Duarte Pinto de Carvalho Freitas do Amaral.

Elísio de Oliveira Alves Pimenta.

Fernando Afonso de Melo Giraldes.

Francisco António da Silva.

Francisco José Cortes Simões.

Francisco José Roseta Fino.

Gustavo Neto de Miranda.

Henrique Ernesto Serra dos Santos Tenreiro.

Hirondino da Paixão Fernandes.

João Ubach Chaves.

José Alberto de Carvalho.

José Coelho Jordão.

José Fernando Nunes Barata.

José Maria de Castro Salazar.

José Rocha Calhorda.

José Vicente de Abreu.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Manuel João Cutileiro Ferreira.

D. Maria Ester Guerne Garcia de Lemos.

Martinho Cândido Vaz Pires.

Raul Satúrio Pires.

Rogério Noel Peres Claro.

Bui Manuel da Silva Vieira.

Bui Pontífice de Sousa.

Teófilo Lopes Frazão.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

António Júlio de Castro Fernandes.

António Magro Borges de Araújo.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Augusto Duarte Henriques Simões.

Aulácio Rodrigues de Almeida.

Carlos Monteiro do Amaral Neto.

D. Custódia Lopes.

Deodato Chaves de Magalhães Sousa.

João Mendes da Costa Amaral.

José Dias de Araújo Correia.

José Guilherme Bato de Melo e Castro.

José Manuel da Costa.

José dos Santos B essa.

Manuel Amorim Sousa Meneses.

Manuel Henriques Nazaré.

Manuel João Correia.

Manuel José de Almeida Braamcamp Sobral.

Manuel Lopes de Almeida.

Rafael Valadão dos Santos.

Sebastião Alves.

Tito Lívio Maria Feijóo.