crédito bem aplicados, modernizou profundamente as suas instalações.
O homem, ou os homens neste caso, com a sua humildade, cultura, devoção e competência foram os propulsores do êxito.
Alguns outros casos se poderiam citar.
A iniciativa privada tem, no aspecto industrial da economia, um papel de relevo. O Estado, por seus órgãos, deve reduzir ao mínimo a sua intervenção, que deverá ser de preferência encaminhada no sentido de reduzir equipamento antiquado ou superabundante, manter a qualidade dos produtos e castigar a concorrência de produtores nacionais nos mercados externos.
Se há um sector que se não coaduna com teorias livrescas, expressas em leis ou em longos debates ideológicos, esse sector é o da indústria.
Ele tem de basear-se no aperfeiçoamento dos fabricos, por investigação cuidadosa e persistente, em técnica apurada, na devoção à seriedade industrial, na educação especializada do operário e do técnico, na ausência de peias burocráticas e na compreensão de todos, de governantes e governados, de que da prosperidade da indústria e também da agricultura deriva a prosperidade do País.
E, como corolário destes princípios, ao Estado compete vergar os ambiciosos que, por meio de monopólios ou outros processos, tendam a impedir a concorrência salutar que está na base do progresso económico.
O Sr. Veiga de Macedo: - Muito bem!
O Orador: - E estou no um. Disse mais do que era minha intenção dizer, e menos do que era preciso dizer. Mas quem tem paixão pelo bem-estar do País, permanente há tantos anos no estudo das suas perspectivas fundamentais, merece, julgo eu, a benevolência dos que o escutam.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Nós devíamos, em muitos aspectos da nossa vida, ser mais humildes na apreciação das nossas obras. Não deveríamos pensar que os nossos operários, os nossos engenheiros, os nossos agrónomos, os nossos estadistas, os nossos médicos, os nossos economistas, os nossos jurisconsultos, são os melhores do Mundo. Não. Uma linha de pensamento sensata, em meu entender, será a de aproveitar a experiência e a investigação de povos afins nos nossos planos, no nosso trabalho.
Começámos mais tarde no desenvolvimento económico. Os outros já haviam sofrido desilusões, praticado erros, dissipado investimentos. Aproveitar da sua experiência é uma regra de ouro. Ir buscar especialistas onde os houver não fica mal a ninguém. Todos os países o fazem, ainda os mais avançados na técnica.
O mundo actual vive de realidades. E a grande realidade no nosso caso é defender o território nacional - com armas nas províncias ultramarinas, com uma economia sã e progressiva e com projectos realistas na metrópole e no ultramar.
É de uma economia sã e progressiva que depende o futuro do País.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Nunes Barata: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Inscreve-se pela primeira vez como grande objectivo do Plano de Fomento a correcção progressiva dos desequilíbrios regionais de desenvolvimento.
A importância e oportunidade deste desígnio sugerem-me que dedique ao desenvolvimento regional a presente intervenção, pois também estou convencido de que a libertação do círculo vicioso de pobreza e atraso em que se debatem regiões do espaço económico português deve constituir uma das principais preocupações do Governo.
O capítulo do projecto do III Plano relativo ao desenvolvimento regional denuncia dificuldades que talvez se possam resumir nestes termos: êxodo rural, no continente, nomeadamente a partir das regiões montanhosas do interior, que se vai transformando em autêntica debandada; desequilibrada distribuição espacial de pessoas e actividades, com uma quase concentração em alguns distritos do litoral, os quais dispõem de mais completo esquema de infra-estruturas; convenientemente equipadas estão ainda na base deste agravamento. É comum, de resto, afirmar-se que o livre jogo das forças do mercado contribui, ele próprio, para as assimetrias espaciais.
Lisboa (ou o Porto) terá exercido por graça desta relativa disponibilidade em factores produtivos, em capitais, serviços, vida social e intelectual intensa, um efeito de maior emprobrecimento sobre as zonas já atrasadas. A fuga das populações activas atraídas pela cidade, dos capitais captados pelo sistema bancário, o retrocesso da agricultura, a ausência de elites e a destruição das classes médias rurais, tudo são realidades de um processo de empobrecimento progressivo que afecta profundamente os valores da Nação.
Podemos assim falar nos graves custos dos nossos desarranjos espaciais. Manifestam-se não só nas regiões abandonadas, mas também nas zonas de concentração. Revestem natureza económica, financeira, demográfica, social e humana.
Não me parece que disponhamos no continente de grandes alternativas em matéria de aproveitamento de recursos naturais que nos permitam abandonar, pura e simplesmente, grandes áreas de um pequeno país, destruindo capital fundiário que gerações laboriosas acumularam durante séculos. Acresce que o processo de regressão das nossas zonas montanhosas se tem revelado nas contrariedades relativas à constituição e amortização do próprio capital humano. Há anos dizia-se que as populações emigravam nas idades viris, restando as crianças e os velhos. Hoje é flagrante um maior desequilíbrio na base das pirâmides etárias, dada a repercussão da saída dessas populações na diminuição das taxas da natalidade.
Agora que a juventude dos campos se bate em África pela sobrevivência de Portugal, torna-se bem evidente residir neste mundo rural a grande reserva das virtudes