só fazerem conquistas operantes no fortalecimento dos grandes ideais de justiça social e de progresso. A administração mais sábia não atrai nem aquece as almas, se descuida realidades e conveniências políticas e deixa decair forças morais e intelectuais, seu verdadeiro suporte.

Onde idealismo que resista ao adiamento de anos e anos da política de valorização regional sem se efectivar uma autêntica, promoção social das populações rurais? Onde idealismo que não se sinta fenecer quando se suspende a execução de uma lei para a substituir por outra, olvidando-se princípios e responsabilidade? Onde idealismo quando na lei se assume o compromisso de uma regulamentação e se deixam aos interessados os prejuízos morais e materiais da inexistência dessa regulamentação? Onde idealismo quando se tende para intervenções de significativo auxílio e se entrega ao tempo a resolução dos problemas? Onde idealismo quando durante anos se arrastam decisões sem alternativa que correspondem a justos anseios do grupos sociais com larga projecção na opinião pública?

Onde idealismo quando se reconhece a viabilidade de economia de gastos e se contemporiza com o erro?

Onde idealismo quando se assiste a dispersão de iniciativas que se chocam e enfraquecem?

Onde idealismo quando se deixa de praticar uma política de criteriosa austeridade?

Onde idealismo quando não se vai ao encontro de aspirações legítimas que não transcendem o quadro burocrático?

Se explicitasse cada uma destas interrogações, faria demagogia. O meu propósito é fazer um apelo ao revigoramento do idealismo político. Sim, porque não será com as projecções do Plano de Fomento que se retemperam as almas e engrandece a fé. É na acção constante de criar e renovar, de prometer e cumprir, de decretar e executar. Dar a cada problema, com o apoio dos meios responsáveis, a solução exacta é, a grande exigência da hora presente.

Não descreio dos planos de fomento nem da sua operosidade. Não descreio das certezas que eles comportam. Deixo-me arrastar pelas projecções na esperança de que quanto a rentabilidade se irá investir melhor.

Aprovo e voto o Plano na firme convicção de serem mobilizados homens com energia para não se quedarem perante os impedimentos de teóricos, formalistas e polemistas, a infindável seita de entorpecimento da vanguarda militante. Temos um pensamento, temos um comando de acção para o sexénio. Saibamos servi-lo corajosamente e arredemos os vencidos de corpo e alma. Dirijamos todas as nossas atenções para a educação, dando-lhe prioridade absoluta nos investimentos. A defesa tem prioridade natural. É a vida e a segurança. O País para viver e prosperar precisa de homens esclarecidos. Só a escola os forma e os dá.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A raiz dos nossos problemas de expansão reside fundamentalmente na carência de homens qualificados para as grandes missões de direcção e execução.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Demo-nos em força à obra da educação, se queremos ter fontes de produção para o trabalho e bem-estar de todos os portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O povo, este grande povo, afirma em todo o mundo a sua capacidade de trabalho e de realização, quando encontra enquadramento responsável. Quer-se em todos os territórios da Pátria e interroga-se, com dor, quando parte e quando regressa. Temos a dar-lhe condutores, que o sejam, na mais nobre acepção da palavra. Só a escola os pode preparar. Não seguiram outro caminho as grandes nações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando penso que a Alemanha Federal, completamente desfeita, sem recorrer a planos de fomento, conseguiu gindar-se ao segundo lugar na economia mundial e que o Japão, também desfeito, dentro do mais estrito respeito das regras da economia de mercado, elevou, sem qualquer plano de fomento, o seu produto bruto de 10 biliões de dólares, em 1950, para 100 biliões, em 1966, igualando-se à França e à Inglaterra e colocando-se em terceiro lugar, depois dos Estados Unidos da América do Norte (700 biliões) e da Alemanha Federal (110 biliões), quando penso, dizia, sinto que temos fortíssimas razões para persistir na luta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Julgo-me, por isso, no direito de dirigir um veemente apelo àqueles que crêem no poder das ideias para nos unirmos e entregarmos, com o peso da nossa força, a uma missão constante de recuperação política.

Vozes: - Muito, bem!

O Orador: - Temos um chefe de ânimo indefesso. Quer e sabe querer. Prega a resistência, estimula a confiança e cria certezas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tem o nosso apoio. Nada lhe pedimos. Queremos viver com ele os triunfos da Revolução em que se empenhou e nos empenhamos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

A próxima sessão será na segunda-feira dia 11, à hora regimental. A ordem do dia será a conclusão do debate na generalidade da proposta de lei em apreciação, para a qual há apenas um orador inscrito, e o debate na especialidade, esperando-se que o mesmo se conclua nesse próprio dia, ficando, portanto, votada a proposta de lei relativa à elaboração o execução do III Plano de Fomento.

Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 45 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Albano Carlos Pereira Dias de Magalhães.

Alberto Henriques de Araújo.

André Francisco Navarro.

Antão Santos da Cunha.

António Augusto Ferreira da Cruz.

António Calapez Gomes Garcia.

António Calheiros Lopes.