reflexo da alma de um povo, não envelhece e não sofre rectificações.
O que conta é a marca profunda que estas ideias imprimiram no pensamento económico ê social da Revolução. Foi à sombra delas que se trabalhou, se ergueram novas estruturas e Se prosseguiu na conquista de novos objectivos, que, sendo cada vez mais ambiciosos, nos pareceram cada vez mais próximos e mais fáceis de atingir. E que, à face das experiências sucessivas, aprendemos a confiar, dia a dia mais exaltadamente, na mensagem que nos revelou um mundo prodigioso, que de início poderia parecer intangível, tendo em conta a extensão dos nossos meios, de cujo volume real nos não apercebíamos, e acima de tudo a força da nossa vontade, a nossa capacidade de querer, votada às tarefas obscuras com o mesmo entusiasmo e na mesma aura em que vivíamos as campanhas de África.
Sr. Presidente: Quando se respira uma atmosfera de verdadeira renovação nacional, quando se trabalha com fé, ao mesmo tempo que se combate rijamente para defender a nossa integridade territorial, quando se aprende a conviver com a fadiga e o risco, ambos integrados no quotidiano, não pode surpreender-nos que o inverosímil se verifique.
Apoiados.
A nossa paz interna não foi perturbada.
Cumpriram-se os planos que se traçaram, não obstante a sua magnitude e a circunstância de sustentarmos uma guerra em três frentes.
Não assumimos compromissos que não estivessem à medida das realizações reprodutivas que se foram acumulando.
Temos uma moeda sã.
Isto quando simplesmente o facto de continuarmos existindo em tempos tão tormentosos já poderia parecer extraordinário.
Na proposta de lei sobre o Plano de Fomento e na sua unidade essencial é de reconhecer a inspiração daquelas ideias. Permito-me sublinhar a significação muito especial das limitações incluídas no texto governamental da base IV e no parecer da Câmara Corporativa, designadamente das duas primeiras, que são inflexíveis e correspondem a imperativos absolutos.
Nessa disposição declara-se expressamente que ao objectivo do Plano preferem, nos casos de colisão, o esforço de defesa da integridade do território nacional e a manutenção da ordem financeira, na sua dupla expressão de estabilidade interna e solvabilidade externa da moeda.
São estas as duas condições fundamentais da nossa sobrevivência na dimensão que nos assegurou, através da história, o heroísmo assombroso das gerações que nos precederam no culto da Pátria e no respeito dos valores morais que os soldados de Portugal defendem nobremente na terra africana, arrostando com as traições do mato e desafiando corajosamente os inimigos visíveis e os invisíveis, os que nos combatem pelas armas e os que, na sombra pérfida, constituem o esteio das suas criminosas ofensivas.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Resistimos e continuamos resistindo.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - À nossa decisão é a mais enérgica e a mais forte. Portugal está ali presente em cada alma. A sua mocidade teve a calorosa revelação de um destino à sua altura. Os vivos que se batem, os mortos que selaram com o sangue a sua fidelidade, todos sabiam que o sacrifício era a suprema lei de um povo que só sabe viver na grandeza e para o qual a perda do ultramar significaria o termo final dos sonhos feitos realidade e, com ela, a definitiva catástrofe.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Vivemos perigosamente - é verdade. Mas foi sempre assim, e de outro modo só conseguiríamos uma falsa segurança, ao preço da negação do nosso passado e do holocausto do nosso futuro.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Está na Mesa um requerimento do Sr. Deputado Júlio Evangelista a pedir para retirar a proposta de aditamento que apresentara na generalidade e substituí-la por outra, também apresentada ainda durante a discussão na generalidade. Esta nova proposta será lida oportunamente, aquando da discussão da base a que diz respeito.
Declaro, portanto, encerrado o debate na generalidade, para o qual não há mais nenhum orador inscrito. Também não foi posta à Mesa qualquer questão prévia que conduza à retirada da proposta de lei em discussão.
Vai, por isso, passar-se à discussão na especialidade da proposta de lei relativa à elaboração e execução do III Plano de Fomento.
Ponho em discussão a base I do texto da proposta de lei, sobre a qual não há na Mesa qualquer proposta de alteração. Vai ler-se:
Foi lida. É a seguinte:
O Governo, ouvida a Câmara Corporativa, organizará o III Plano de Fomento, para o período compreendido entre 1 de Janeiro de 1968 e 31 de Dezembro de 1973, e promoverá a sua execução, de harmonia com o disposto na presente lei.
O Sr. Presidente: - Está em discussão.
O Sr. Virgílio Cruz: - Sr. Presidente: E para registar, com apreço, que a base I da proposta em discussão trata conjuntamente as matérias do continente e ilhas adjacentes e das províncias ultramarinas.
Pela primeira vez a proposta de lei definidora das bases em que o Governo deverá organizar e promover a execução do Plano de Fomento deixa de ter dois capítulos: um para o continente e ilhas adjacentes e outro para as províncias ultramarinas.
Isto mostra um novo progresso no nosso planeamento, progresso que, por facilitar a coordenação de actividades e a conjugação de esforços, no conjunto do espaço português, contribuirá, certamente, para robustecer a política de unidade nacional.
O Sr. Soares da Fonseca: - Sr. Presidente: Ainda que não tenha sido apresentada qualquer proposta de alteração a esta base, talvez convenha dizer no plenário, para que oportunamente a Comissão de Legislação e Re-