se agravou.

Existem nas nossas escolas técnicas os mestres da classe A, aos quais compete o ensino da serralharia, electricidade, electromecânica de precisão, radioelectricidade, relojoaria, óptica, fundição, tecelagem, condução de máquinas, mecânica de automóveis e outras especializações de serralharia. Em 1960-1961 havia efectivos 70 desses mestres; cinco anos depois havia 78. Mas os eventuais, que em 1960-1961 eram 50 (ou sejam 42 por cento do total dos efectivos), passaram para 73 (49 por cento). Acrescente-se que estes eventuais são de uma flutuação permanente, pois passam pelo ensino à espera de uma oportunidade fora dele. Os mestres da classe A ganham por mês, com o actual aumento do custo de vida, 3000$». Fora do ensino, ganhando os mesmos 3000$ (que não ganham, pois recebem mais), estão abrangidos pela previdência social, com todas as regalias que ela lhes dá.

Além dos mestres da classe A, existem os da classe B, dedicados à carpintaria e marcenaria, modas o outros ofícios artísticos, estenografia, caligrafia e dactilografia. Havia no quadro, desses mestres. 43 em 1960-1961; cinco anos depois, 47. Os eventuais tinham passado de 35 para 42. Recebera mensalmente 2700$.

Mas ainda há os mestres da classe G, para trabalhos manuais, olaria e costura e bordados. Recebem 2500$. Subiram, em cinco anos, de 66 para 84 os do quadro; desceram de 24 para 19 os eventuais. Trata-se quase só de senhoras, que completam o salário familiar com o que recebem no ensino.

Todas as três classes de mestres que indiquei são assistidas por contramestres, ganhando, respectivamente, 2500$, 2150$ e 1850$. Da classe A havia em 1960-1961 21 contramestres do quadro; eventuais eram 118; cinco anos depois a proporção era de 23 para 276.

Da classe B havia em 1960-1961 3 contramestres do quadro; eventuais eram 47: cinco anos depois a proporção era de 3 para 87.

Da classe C havia em 1960-1961 15 contramestres do quadro, quando os eventuais eram 132; cinco anos depois os números eram de 14 e 211.

A gravidade destes números não está apenas na percentagem de eventuais, mas também no facto de os mestres eventuais estarem a preencher vagas de mestres efectivos, por estes não existirem, e os contramestres do quadro e os eventuais estarem a desempenhar funções de mestres, por falta de vagas.

Sr. Presidente: Para terminar, eu quero apenas acrescentar que, segundo as previsões feitas para a elaboração do III Plano de Fomento, em 1973 teremos cerca de meio milhão de alunos a frequentar o ensino técnico profissional, para os quais serão precisos mais 4500 professores do que hoje, neles incluídos cerca de 1000 mestres e contramestres.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sebastião Alves: - Sr. Presidente: Trago à Câmara breves palavras para recordar a epopeia de cristianização e civilização que vem escrevendo em Angola a Congregação do Espírito Santo, que há pouco completou o primeiro século de trabalho, de fecundo trabalho, em território português. Lembrar aqui esses humildes e quase sempre esquecidos obreiros é fazer justiça a uma instituição valiosa que tão profundamente tem contribuído para modificar o panorama espiritual e cultural da nossa mais vasta e mais rica província ultramarina - Angola.

Não é o lugar próprio para historiar a instalação em Portugal daquela organização missionária, mas não deixa de ser curioso observar que os seus missionários chegaram a Angola exactamente no momento crucial para a cristianização e civilização da província.

Por todo o século XIX, os hoje chamados «ventos da história» sopraram forte e feio neste País, deixando atrás de si desvastações de que ainda hoje nos ressentimos. O lib eralismo político e maçónico, além da sua oposição crónica à, evangelização, procurou estiolar as suas fontes, de tal ordem que quando D. Joaquim Moreira dos Reis tomou conta da Diocese de Luanda em 1853 viu os seus efectivos reduzidos a cinco sacerdotes, todos indígenas, o que fez o prelado exclamar: «Das missões de Angola e Congo só existe a memorial»

Tinham-se acabado as grandes missões dos séculos XV, XVI e XVII, em que grandes vultos missionários deram grande contributo à expansão da fé e do império. Delas nada restava.

Foi neste ambiente hostil que os missionários do Espírito Santo, então uma jovem Congregação, fizeram a sua arrancada e no meio de dificuldades de toda a ordem reiniciaram a evangelização.

Conscientes da sua nobre missão, procuraram formar missionários portugueses que trabalhassem em Portugal por Portugal, e vem logo a instalação, em Santarém, da Casa do Gongo, verdadeiro berço da Congregação em Portugal. E os êxitos não se fazem esperar : as missões em Angola começam de novo uma era de prosperidade, graças à pertinácia e ao verdadeiro heroísmo de quem tudo sacrifica a cristianização e civilização dos povos. Pareciam levadas de vencida todas as dificuldades, quando os «novos ventos da história» voltam a assolar o País com a República de 10. Felizmente foi eclipse passageiro, que não conseguiu mais que atrasar a obra desses obscuros heróis da Igreja e da Pátria, que, teimosamente conscientes da sua missão, até no exílio continuaram a formar missionários para os nossos territórios ultramarinos.

E um século é passado na história da Congregação do Espírito Santo em Portugal. Um século que dará à história - quando for feita - volumes de páginas de ouro de evangelização e de portuguesismo.

Um século no decorrer do qual centos de missionários deram o melhor da sua vida à causa da civilização,