com produtos importados de países que sofrem ainda mais do que nós.
Manda a verdade dizer que lia inflação e inflação.
Apoiados.
Há inflação latente e até existo inflação recalcada.
Quando a quantidade da moeda, em sentido amplo, abrangendo notas, cheques, compensações e formas de liquidação, se junta por forma, que acresce demasiadamente a procura, nós temos realmente inflação.
Convém, nessa altura, reconhecer como se originou e desenvolveu às escâncaras e como se oculta.
Porque quando &e trabalha menos, se consome menos, se dispõe de produto menos qualificado, a verdadeira inflação agrava e estende.
Seria muito curioso analisar o que, na quantidade de meios monetárias, é determinado pelos saldos da balança de pagamentos, pela pressão das remessas e das entradas de capitais por colocação e empréstimo e o determinado pela escassez de. produtos e alargamento do poder comprador das classes mais numerosas ou mais felizes.
Devemos excluir da óptica da inflação a escassez, a especulação e as más produções e até as elevações de salário.
Claro que a inflação inquieta os povos, e ntenebrece o futuro, altera os cálculos e acarreta redistribuições do rendimento, apoquentando os débeis e os inactivos para melhorar ainda os que conservam posição de domínio nos mercados.
Apoiados.
Isto são problemas do dia após dia. de que toda a gente se dá conta, que tantos sentem na casa e na bolsa.
Repito: devemos reparar as desvalias quantiosas da moeda, não só das altas salariais - sempre crescentes -, mas também das alterações de preços e do crescimento económico natural.
Mas a política económica tem de bater-se tanto no terreno técnico como no terreno mais largo da generalidade dos preços.
A combinação óptima da política orçamental e monetária, não cobre o conjunto e não possui totalidade de soluções para manifestações tão díspares como complexas.
Apoiados.
Precisa de ser acompanhada, por uma política de economia, de abastecimento e de racionalização, por uma política nacional, de modo que os sobrelucros, os sobreencargos e os aumentos de procura global não venham agravai-as tendências originárias.
O capítulo mais expressivo da acção ministerial do Dr. Ulisses Cortês é o da moeda e do crédito.
Deliberadamente, elevou as taxas de juro, quebrando os degraus entre a praça de Lisboa e as grandes praças; atenuou a luta competitiva entre bancos: recomendou prudência, escolha e revisão no crédito: pôs o dispositivo das caixas ao serviço da produção, da construção e da previdência; empenhou-se em fazer passar a poupança do entesouramento e do à vista para o pré-aviso e a prazo, a fim de que ela prestasse maiores serviços à economia nacional.
Apoiados.
Interveio, pois oportuna e rigorosamente, e o seu conjunto de medidas abrange ainda a exportação, o investimento, a segurança bancária e os movimentos da bolsa, embora, como é praxe desta década, certas medidas venham sendo anunciadas para obterem jurídica consagração apenas passados meses.
As medidas são oportunas, procuram remediar de pronto, acodem a instantes reclamações públicas.
Eu não sou muito crítico da atitude clamorosa de vários banqueiros.
Foi a luta comercial e a propaganda que ensinaram o povo português a depositar, a trazer para a vida dos negócios milhões ociosos que dormiam no escuro e a acrescentar meios que agora podem ser postos ao serviço geral.
De resto, a banca contabilizou melhor, apetrechou-se de novo, racionalizou os seus serviços.
Se procedeu à vontade ou com exageração, isso são os contras da livre iniciativa.
Claro que o dirigismo tira elasticidade à estrutura e interrompe certos fluxos, atenua iniciativas, mas também põe termo a especulações.
E se acrescenta a responsabilidade das autoridades monetárias e do crédito, também não isenta credores e banqueiros.
Apoiados.
O dirigismo monetário nem sempre encontra companhia fiel no dirigismo do crédito.
Este surto novo da economia nacional, com as suas dificuldades, corresponde realmente a um capítulo novo, tendente a forçar o desenvolvimento e a fazer, por autoridade, mais do que era feito em liberdade semiplena.
Sr. Presidente: Passo agora à segunda parte da minha intervenção, abandonando o campo monetário para falar de finanças.
O equilíbrio foi de princípio entendido como rigoroso, tornou-se vasto e surpreende-se correlacionado ao campo do emprego, do trabalho e da riqueza nacional.
Apoiados.
Nós debutámos por um equilíbrio orçamental dilatado e poderoso que quebrasse os dentes aos detractores, assegurasse crédito ao Estado e promovesse a saúde da moeda.
Ora bem!
Na Revue de Science Financière, n.º 2, deste ano, um escritor, estudando a evolução do conceito de equilíbrio desde a tradição de Filipe, o Belo, até ao equilíbrio desequilibrado das guerras e até ao recente equilíbrio geral imperativo, encontrou onze formulações jurídico-financeiras de equilíbrio.
Nós praticamos o superequilíbrio de direito e de facto.
E, ùltimamente, o conceito estático ou grandemente estável vê despontar uma concepção de equilíbrio dinâmico que corresponde ao juízo de forças em presença e ao de que o orçamento se organiza, dispõe e executa para vencer depressões, ciclos e variáveis, permitindo, pela sua pronta acção recuperadora, garantir a estabilidade ascensional em plano mais vasto.
Nesse sentido, a disciplina deve reforçar-se de novo no sentido de domina r fundos, subsídios, autonomias e certas afectações que a ordem dos acontecimentos aconselha a moderar.
Apoiados.
Em tempos, o orçamento e a sua disciplina, quer sob a direcção imediata, como mediata, do Sr. Presidente do Conselho, adquiriu foros de regulador programado do viver nacional e do desenvolvimento da economia portuguesa.