Mundo, mesmo no campo da ciência criminal, e repetir com Koestler e Malraux: «Uma vida não vale nada. Mas nada vale uma vida ...», especialmente quando se vive com o coração, como o do povo português, a pulsar pela humanidade.

Este tem sido e será um dos maiores títulos da honra e glória de Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Gabriel Teixeira: - Sr. Presidente: De há bastante tempo, nas horas de ponta, em especial à tarde, a capacidade do metropolitano vem-se mostrando insuficiente.

Tem vindo a aumentar o número de passageiros, e agora aquela insuficiência é manifesta nos três períodos de maior intensidade de tráfego: de manhã, às horas de abrirem os estabelecimentos, à hora do almoço e à tarde, que é a pior.

Pode dizer-se que durante seis horas do dia o metropolitano não satisfaz o fim para que foi criado.

À tarde, então, a entrada para as carruagens só é possível para os bons jogadores de rugby.

As pessoas de idade, as senhoras, só por feliz interferência de algum atleta presente de bom coração conseguem entrar.

Esta situação tende a agravar-se, e, aparentemente, nem a empresa concessionária, nem as entidades oficiais a quem incumbe a fiscalização parece terem-se apercebido da situação ou procurado remediá-la.

Este é um dos aspectos de falta de consideração pelo público que dá àqueles factos a relevância que os torna merecedores de referência nesta Assembleia.

Mas eles legitimam ainda outra dúvida:

Anda em discussão o Plano Director da expansão da capital.

Atende-se nele à indispensável rede de eficientes transportes subterrâneos?

Se se não atende, será mais uma infra-estrutura deficientemente atendida, falta de que a população da capital sofrerá as consequências no futuro.

Termino estes reparos com a solicitação às autoridades competentes de que actuem com urgência, remediando os males presentes, e a tempo e horas acautelem, neste campo, mais graves males futuros.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Aníbal Correia: - Sr. Presidente: É sempre com muita admiração e respeito que cumprimento V. Ex.ª pela excepcional competência com que tem dirigido os trabalhos desta Câmara.

Saúdo igualmente os meus colegas, Srs. Deputados, A quem manifesto o propósito, que sempre tive, de colaborar em tudo quanto possa dignificar a nossa missão.

No dia 10 de Outubro último, com a presença da veneranda e prestigiosa figura do Chefe do Estado, Sr. Almirante Américo Tomás, de alguns ministros do nosso Governo e de muitas outras altas individualidades civis e religiosas, estreou-se no Cinema Monumental o primeiro filme missionário de longa metragem, intitulado Uma Vontade Maior.

Tal acontecimento pode ter passado despercebido para alguns daqueles que não assistiram à sua exibição, mas já o mesmo não acontece em relação a todos quantos têm a noção, mais ou menos exacta, revelada sumariamente naquele filme, do valor excepcional que representa a acção missionária no ultramar português e dos magníficos resultados obtidos com o esforço titânico desses grandes homens que tudo fazem em benefício dos outros e que nada querem para si próprios.

Ao director de produção deste filme, Rev.º P.e José Felício, para quem nada é impossível e que venceu dificuldades sem conta, devemos desde já uma palavra de elogio, a todos os títulos merecida, pela sua esclarecida inteligência, pelo seu labor sem igual, pela sua fé inabalável nos empreendimentos missionários, que tem levado a bom termo.

Quero referir-me à Congregação Missionária do Espírito Santo, que vive há 101 anos na nossa província de Angola a dilatar a fé e a fazer cristandade, a consolidar e a engrandecer Portugal, que é tradicionalmente nação missionária e fidelíssima à Igreja Católica, a que me honro de pertencer.

No passado ano de 1906 celebrou-se o centenário da chegada dos missionários do Espírito Santo a Angola, e no ano que decorre, de 1967, memorável para a nossa Igreja, em que s e comemorou o Cinquentenário das Aparições de Fátima, onde tivemos, por graça de Deus e honra nossa, a presença de Sua Santidade o Papa Paulo VI, comemorativo ainda do XIX Centenário da Morte de S. Pedro e S. Paulo, vai também celebrar-se o centenário da primeira fundação da mesma Congregação do Espírito Santo na metrópole portuguesa, cuja sessão de encerramento vai ter lugar na Sociedade de Geografia de Lisboa, no dia 16 do corrente mês de Dezembro.

Duas palavras da sua história centenária para dizer que a Congregação do Espírito Santo foi organizada em Paris, no ano de 1703, por um advogado de nome Glande Poullart des Places, que deixou a sua toga e os abastados meios de fortuna que possuía para abraçar a vocação sacerdotal.

Desde então, sofreu as maiores vicissitudes, chegando a estar à beira do abismo para o seu desaparecimento, mas a coragem indómita dos seus missionários deu-lhes o ânimo necessário para continuarem a sua obra, que é grandiosa e dignificante.

Nas primeiras décadas, após a sua instalação em Angola, os missionários do Espírito Santo lutaram denodadamente contra a adversidade da política, do clima e dos homens, com sacrifício das suas próprias vidas, muitos dos quais, em número de algumas centenas e na flor da idade, tombaram para sempre, uns ceifados pela doença, outros pela malvadez humana.

Mas a sua fé não tinha limites e a sua missão era a de fazer cristandade sem desfalecimentos.

Por isso, ali teimaram em continuar, embora sem ambiente de trabalho, para desbravar e iluminar as almas que viviam na ignorância e nas trevas, levando a palavra de Deus e da civilização ocidental a todas as gentes onde ela era tão necessária como indispensável ao seu progresso, sempre com vista à evangelização e ao desenvolvimento daquela província.

Para avaliar das dificuldades que foram obrigados a vencer quando em 14 de Março de 1866 desembarcaram no porto de Ambriz, bastará dizer que alguns anos antes não havia em Angola qualquer religioso missionário devido à extinção das ordens religiosas em Portugal e às dificuldades políticas em Itália.

Segundo uma publicação em 1966 do grande missionário P.e Henrique Alves, nesse período crítico da histó-