mais significativamente poderá traduzir a alegria de toda a população que vibrará apoteòticamente, mostrando todo o seu patriotismo, no momento histórico em que o nosso ilustre Presidente pisar as terras de Cabo Verde, onde há mais de quinhentos anos vivemos para glória e honra de Portugal.
O Sr. Veiga de Macedo: - Muito bem!
O Orador: - Os portugueses da minha terra, de todas as classes sociais, comungando do mesmo fervor patriótico, aguardam com ansiedade a hora alta de poderem testemunhar, pessoalmente, ao supremo magistrado da Nação todo o calor da sua alegria, o seu reconhecimento por tão honrosa visita, a sua inquebrantável fé nos destinos de Portugal e a sua firme determinação de prosseguir na grandiosa obra iniciada pelos nossos antepassados.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Não seria fácil aqui descrever a grandiosidade da satisfação que reina em todas as ilhas do arquipélago, que, dentro de dias, terão a honra suprema de receber a veneranda figura do almirante Américo Tomás, que nesta viagem de tão alto significado patriótico e de tão ampla projecção política irá cativar as populações das diferentes ilhas, que, por sua expressa vontade, visitará uma a uma, com a sua irradiante simpatia, a sua já tradicional bondade e o prestígio da sua augusta pessoa, e levar uma palavra de estímulo a todos os que labutam tenazmente por um futuro melhor da comunidade portuguesa.
Irá o Sr. Presidente da República, mais uma vez, contactar com a gente de Cabo Verde, que de há longos anos conhece, esse bom povo da minha terra, laborioso, dócil, inteligente, ordeiro, sofredor até ao estoicismo, amando como poucos o seu torrão natal, e jamais ultrapassado, por ninguém, no que se refere ao orgulho da sua nacionalidade e que em todos os tempos sempre soube ocupar, condignamente, o seu lugar na sociedade portuguesa, consciente dos seus direitos e ainda muito mais dos seus deveres.
É em Cabo Verde, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que irá S. Ex.ª encontrar o mais alto índice da concretização da convivência fraterna das diversas etnias, num exemplo que, pára profunda meditação, ousamos apresentar à humanidade como obra a todos os títulos grandiosa e que, até hoje, sómente nós, os Portugueses, conseguimos realizar. É em Cabo Verde que tão ilustre visitante também irá encontrar, mais vincadamente, os valores morais que melhor traduzem a manifesta influência da cultura lusíada nos trópicos.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Ao finalizar estas minhas descoloridas palavras, falhas de eloquência, que traduzem o meu pensamento e o do meu colega de círculo e às quais procurei dar todo o meu entusiasmo, faço votos por que a viagem de S. Ex.ª o Presidente Américo Tomás à Guiné e a Cabo Verde seja coroada de todo o êxito, e por que ela contribua para estreitar ainda mais os laços que sempre uniram todos os portugueses, estejam eles onde estiverem, convencido de que esta jornada será uma viril afirmação do nosso modo de estar no Mundo, o único que nos garante o entendimento entre todos os portugueses das mais diversas latitudes, sem distinção de credos ou de raças.
É este o segredo da vitória dos nossos princípios, a essência da nossa política e a razão da nossa própria existência como Nação independente.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Neto de Miranda: - Sr. Presidente: Pessoa amiga acaba de me enviar um recorte da imprensa de Luanda que transcreve o discurso que o Sr. Governador-Geral de Angola proferiu na cidade de Benguela, quando muito recentemente visitou aquele distrito.
Em várias ocasiões tomos tido oportunidade de ouvir ou ler a sua palavra sempre cheia de sinceridade. Mas aquelas palavras que dirigiu a toda a população de Angola têm necessariamente um eco nacional, e daí me parecer muito oportuno vir deste lugar dar a conhecê-las e a apoiá-las para que todos nós nos não percamos no esquecimento das coisas fugazes e as tenhamos bem presentes, para melhor compreendermos o esforço que a Nação exige de todos e a que todos correspondem, uns com o seu sangue moço, outros com a sua responsabilidade política, outros com o seu trabalho, outros com uma palavra de senso.
Os momentos que atravessamos nas três frentes que exigem uma permanente preocupação de luta cerrada perante as múltiplas actividades subversivas, sejam elas no campo militar, no civil ou no social, não podem ser esquecidos, antes devemos frequentemente avivá-los, para lhes medirmos melhor a sua intensidade e avaliarmos melhor da oposição a fazer-lhes.
Foi precisamente isso que o Sr. Governador-Geral de Angola fez com a autoridade da sua responsável governação e a total oferta da realidade aos olhos- daqueles de nós que, porventura, andamos menos atentos aos factores que perturbam ou enfraquecem a união de todos ou mais esquecidos andamos do que devemos à Nação, ao esforço que ela faz, ao respeito dos mortos e ao respeito por nós próprios.
O tema que aquele governante tomou como base da verdade que iria proferir considerou-o como o mais importante de toda a problemática de Angola, e basta recolhermo-nos uns momentos sobre as palavras de quem alertou e não teme para concluirmos que, afinal, o esforço que se nos pede não é grande e que, ao contrário, muito será o que podemos oferecer ou mesmo pagar, pois que tudo tem o seu preço.
Talvez devesse tirar as minhas conclusões ao terminar esta intervenção, mas achei preferível oferecer intacto o pensamento do Sr. Governador-Geral de Angola ao juízo desta Assembleia, para que melhor se aperceba de que em toda a terra portuguesa se luta pelos ideais que formaram a Nação e pela riqueza de um património que valeu a pena construir, desventrando a terra e os mares para o legarmos aos nossos filhos.
Começa o Sr. Governador por afirmar que a situação geral da província é de franca prosperidade, entusiasma e apaixona, mas que merece reflexão cuidadosa e prudente no que respeita ao clima geral de tranquilidade e segurança. Terá de haver sacrifícios de toda a ordem, pois que «não poderão faltar meios para fortalecer a segurança. Para comprar as armas ou as munições. Para ampliar os quadros das forças militares, militarizadas ou de defesa civil. Para impulsionar rapidamente a obtenção dos meios destinados à construção de estradas, de aeró-