Curvemo-nos respeitosamente sobre a memória de todos aqueles que desde então vêm pagando com a sua vida o preço dos ideais que defendemos para glória e imutabilidade da Lusitanidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os sete anos decorridos não têm sido fáceis para a defesa dos nossos territórios, e só uma esforçada acção militar, com os despachos materiais e humanos que lhe impõe, conseguiu detectar perfeitamente o grau da intensidade terrorista que sofremos e as medidas que se lhe deviam opor.

A Nação tem plena consciência disso e não se tem furtado a contribuir para o esforço militar que nos é exigido, e não se furtará a prestá-lo até que a ordem esteja firmemente estabelecida, pois que o serviço que em terras africanas prestamos ao Mundo, combatendo ideias, influências e acções comunistas, há-de ter o reconhecimento daqueles que amam verdadeiramente a paz e não a conspurcam com palavras de aliciamento e propaganda camufladas por desígnios de guerra e absorção totalitária da inteligência e da dignidade humanas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Portugal continua serena e honestamente a construir o seu futuro, a cumprir com o programa que, desde a sua restauração e dignificação - movimento de Maio de 1926 -, o Sr. Presidente do Conselho imprimiu à administração pública e à unidade política nacional. Saibamos nós colher na sua perseverança e na sua inabalável fé o fruto da sua magnífica acção, da sua intensa firmeza de ânimo e da sua inesgotável oferta de justiça.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E é certamente por isso que em cada parcela dos nossos territórios procurámos vencer obstáculos, criar riquezas, fortalecendo os meios de combate nas frentes económicas, sociais e militares.

Resta uma análise, ainda que fugidia, para nos mostrar o imenso trabalho a executar em complemento daquele, não menos intenso e mais difícil, que temos vindo desenvolvendo.

Quando em 1966, nesta mesma sala, tive ocasião de referir esta mesma data, preocupei-me com mostrar, ao contrário do que se ouvia ou mesmo os menos avisados pensavam, que não se deveu ao terrorismo o surto económico e o progresso social ou educacional que Angola atravessa desde então. O que se observa é que há mais intensidade na vontade em realizar cada um a missão que lhe compete, seja ele elemento governativo, seja entidade privada, pois que a máquina posta em acção para o aproveitamento de todos os recursos tem de ser continuamente alimentada na sua finalidade de criar riqueza material ou social. Desde então para cá aumentam as possibilidades económicas da província, como também aumentam as preocupações para que nada se perca do que está realizado e tudo se ganhe para futuro.

Todos os elementos activos da população, seja qual for o sector em que prevaleça o seu entusiasmo no labor de cada dia, mantém a mesma fé de defender todo o património que a Nação vem acumulando ao longo dos anos. Mas também há aqueles, alguns deles, que descrêem dos valores da sua própria existência ou vontade e que acabam por se tornar elementos menos activos ante o dinamismo da palavra de ordem de Salazar - para Angola imediatamente e em força -, para se amolecerem na tíbia dúvida da sua capacidade. Desses, alguns deles aguardam oportunidade, mas outros sentem-se um pouco desamparados na ignorância do valor da sua capacidade.

Para aqueles, uma atenção cuidada, pois que servem os seus próprios interesses e não os da colectividade. Para estes, o amparo do conselho, da doutrinação e apoio, se necessário, da força para combater a subversão de que estão sendo alvo.

Em todas as frentes e por todas as formas temos de combater e de dar o indispensável contributo às forças armadas para que possam realizar integralmente a sua missão. Só assim podemos mostrar-lhes a nossa gratidão e temos a consciência de que aqueles que tombaram esperam ainda de nós que os ajudemos a ganhar a luta em que andaram empenhados.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sem esta coesão, sem esta consciência, de interajuda, seja no sector militar, seja no político, governativo, social e económico que a todos e a cada um compete, torna-se mais difícil estabilizar a paz nos espíritos e garantir a segurança da Fazenda.

Impõe-se à consciência de cada um de nós uma responsabilidade - a de sermos efectivos elementos combatentes, seja a nossa presença necessária na linha da frente ou na retaguarda, criando ou fortalecendo as estruturas económicas e políticas da Nação.

A constituição da retaguarda, não é de mais repeti-lo, que faça deste modo a cobertura da frente onde a nossa mocidade se dá tão nobre e gloriosamente em defesa do solo pátrio, é necessidade imperiosa que a todos respeita e a cada um compete exercer com redobrado esforço. Essa retaguarda não pode ser isolada da frente, antes tem de se interligar mercê de todos os elementos civis e militares para que constitua uma ponta de lança permanentemente dirigida contra o inimigo. É que a actividade de todos os dias onde colaboram todos os elementos da Nação só se completa se a nossa atenção for permanente, cuidada a análise das situações, conhecida ou esclarecida toda a manifestação interna ou externa que atinja a nossa segurança, disciplinada ou intransigente a defesa da nossa unidade como arma de combate aos tíbios, aos indiferentes, aos egoístas e aos que lançam nos espíritos dos mais fracos as incertezas da nossa força e da nossa determinação de um Portugal coeso e tradicionalmente responsável da sua missão histórica.

É das dificuldades que se nos opõem e do esforço para a sua eliminação que se formam os verdadeiros laços de uma unidade, pois é perante o perigo que pretende ferir os nossos sentimentos, privar-nos dos nossos haveres, ou destruir a nossa vida, que se consciencializam os valores humanos em prol da defesa comum. E esta só pode existir se soubermos protegê-la.

Que todos saibamos, pois, estar resolutamente unidos para combater abertamente o inimigo que nós hostiliza com armas, com a sua descrença, com a sua desconfiança» com o seu labor mal executado, com a sua negação e com a sua subversão.

Sr. Presidente:

Ao evocar o dia 4 de Fevereiro de 1961, que eu vivi com responsável emoção, desejo prestar as minhas homenagens, que estou certo são também as desta Câmara, às forças armadas que desde então vêm lutando pela defesa da integridade nacional.

Vozes: - Muito bem!