«não como cidadãos do Afundo, em preparação, mas como jovens portugueses que mais tarde já não serão jovens, mas continuarão a ser portugueses».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Já em 1962 o Diário da Manhã, com justificado alvoroço, inculcava incisivamente que se mantivessem vigilantes os cuidados requeridos pela formação do homem português, isto é, das gerações que hão-de assegurar, para além do presente, a vida e a alma da comunidade portuguesa. Para a formação de homens, dentro das exigências morais do homem português, são precisos educadores. E continuava: «Educadores, não burocratas. Mestres, não simples agentes de ensino. Formadores de homens, não fabricantes de diplomados. Formadores de portugueses, não forjadores de internacionalistas sem raízes na terra, nem fidelidade à alma da Nação.»

Depois, em 1965, na prossecução de nobre e louvável campanha de civismo, continuava a clamar: «Pois será possível salvar-se nina juventude entregando-a em disciplinas de formação política nas mãos de professores marxistas, dando-lhes como livros escolares manuais marxistas, orientando-os segundo uma linha de pensamento materialista e anti nacional? É preciso esclarecer e não deixar que se confluída, é preciso formar inteligências e evitai- que se pervertam, é preciso conquistar almas e não deixá-las cair no intelectualismo árido e frio.» E rematava com a avisada e oportuníssima advertência de que «é necessário doutrinar, pois que só uma inteligente acção doutrinária pode conduzir a cumes de devoção e portuguesismo as novas gerações».

Palavras certas a traduzirem pensamentos certos que exactamente por o serem, não podem ser minimizados, nem devem ser sepultados no fundo vazio da indiferença e antes constituir ideias-forças integradoras e inspiradoras de um plano de orientação, comando e acção a ser cumprido sem intermitências. Tem sucedido assim? E sucede assim?

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Depois destes nossos desluzidos e descosidos apontamentos, e chegado o momento de lhes pôr ponto final, cremos poder pensar que VV. Ex.ªs Sr. Presidente e Srs. Deputados, bem calcularam serem eles apenas ditados pelo recto propósito de um coração de pai e de português que também não é nunca foi, nem será, insensível ao primado da política e que compreende, legitima e até reputa imperiosa a sua audiência sempre que o vocábulo que lhe dá o nome se escreve com um P grande.

Acrescentaremos apenas. Sr. Presidente, à luz da nossa infância, da nossa adolescência e da nossa juventude, a esfumarem-se já nas lonjuras de um passado que cada vez mais se afasta, termos bem presente e bem vivo no íntimo da alma tudo quanto tantos dos nossos queridos e respeitáveis professores para nós representaram em doação de saber, em isenção de espírito, em pureza de doutrina, em exemplo de conduta moral, em espelho de virtudes!

Conscientes do que eles foram para nós, instruindo-nos o formando-nos, desbravadores da nossa mentalidade, polarizadores do nosso espírito, lapidadores do nosso carácter e verdadeiros luzeiros ajudando-nos a percorrer melhor os caminhos áridos da vida ao confiarem-nos a sua mensagem orientadora, indicativa dos princípios da sobriedade, da seriedade e da verdade, deles arrecadamos e para todo o sempre guardaremos, enquanto a Deus aprouver manter-nos intacto o fio da vida, uma recordação que não se; apaga, uma saudade que o tempo não dilui, uma gratidão que jamais só desvanecerá.

Pois adentro da «oficina sagrada» da escola, toda entregue à cruzada bendita da educação, ontem, como hoje, quem há para aí que mereça mais apreço, veneração e «recto do que o que nela é verdadeiramente mestre, mestre autentico, porque bom semeador, apóstolo, amigo e guia?! Quem?

Sr. Presidente: Queremos que os nossos filhos continuem a ser educados sob o lema da trilogia de Deus, Pátria e Família, para que, cônscios das certezas e verdades eternas, ao calor dos altos ideais da lusitanidade, imbuídos dos mais puros valores morais e espirituais, sejam, no futuro, tal como são hoje, os nossos jovens que, no ultramar, fazem à Pátria a oferta total do seu esforço, da sua abnegação, do seu amor, tendo tantos deles selado já, por forma heróica, com ela o seu sacrifício supremo através do sangue generosamente derramado; queremos e confiamos, Sr. Presidente, em que os nossos jovens hão-de manter profundamente gravada na sua alma como norma de orientação consciente e lema de nobre conduta inflexível, a conhecida divisa nunca por de mais exaltada: honra, dever, serviço e sacrifício.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para tanto, também pensamos, desejamos e emitimos ardentemente o voto já expresso pelo Prof. Eng.º Leite Pinto na sua brilhante conferência «Da Instrução Pública à Educação», pronunciada dentro da orientação geral de «Celebrar o passado e construir o futuro»: mais gente educada e mais bem educada. «Mais e melhor: mais até serem todos; melhor até serem um por Portugal.»

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

O debate continuará amanhã, à hora regimental, sobre a mesma ordem do dia.

Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 45 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alberto Pacheco Jorge.

António Calheiros Lopes.

Armando Cândido de Medeiros.

Artur Alves Moreira.

Augusto César Cerqueira Gomes.

Filomeno da Silva Cartaxo.

Francisco José Cortes Simões.

Francisco José Roseta Fino.

Gonçalo Castel-Branco da Costa de Sousa Macedo Mesquitela.

Joaquim José Nunes de Oliveira.

José Fernando Nunes Barata.

José Gonçalves de Araújo Novo.

José Guilherme Rato de Melo e Castro.

José de Mira Nunes Mexia.

Júlio Alberto da Costa Evangelista.

Manuel Henriques Nazaré.

Manuel José de Almeida Braamcamp Sobral.

D. Maria de Lurdes Filomena Figueiredo de Albuquerque.

Sebastião Alves.