não sei mesmo como teria sido possível atender aos mais justos direitos do homem, que é o de receber educação e ensino.
Permitindo-se aos professores eventuais com dois anos de serviço efectivo o acesso HO estágio sem exame de admissão e com serviço eventual remunerado, poderíamos caminhar para uma solução que em nada desprestigiaria os serviços, pois que a esses professores não falta a preparação científica que aos restantes é reconhecida. Diz qualquer maneira, parece-me que enquanto vigorar o sistema de dois anos de estágio gratuito passivo de um exame de admissão, que do modo algum se justifica, não será possível resolver-se o deficit de professores que se vem verificando, com tendência para aumentar. Mas, para além de todas as hipóteses mais ou menos válidas, o estabelecimento de bases económicas que permitam um nível de vida compatível com a função tem de ser conseguido, pois que sem isso nada resultará com vista à criação de um bom elenco docente, sabedor e inter essado, dado que sem estímulos a função, nos dias que vão correndo, não interessa. O professor tem de sentir-se amparado, estimulado, compreendido e sabendo que a sua vida profissional não termina ali dentro daquelas salas de aula em frente da mesma espécie de alunos, por mais estudioso e interessado que seja; a abertura de uma carreira de acesso ao ensino universitário terá também de ser considerada.
Vou terminar, sabendo que pouco terei contribuído para o esclarecimento dos pontos em que se desdobra este aviso prévio, pois que outros aspectos haveria a tratar. Não vou sequer enunciá-los, fazendo votos, porém, paro, que sejam frutíferos os trabalhos que «silenciosamente, quase subterraneamente», no dizer do Prof. Galvão Teles, se estão a processar no Gabinete de Estudos e Planeamento da Acção Educativa para que, quando venham a receber a luz da ribalta, possam merecer o aplauso unânime da Nação.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Pais Ribeiro: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: De novo nesta Assembleia se levanta o já tão debatido, mas sempre premente, problema do ensino e educação da juventude. Na realidade, as coordenadas que o definem revestem-se de tal magnitude que suscitam não só todas as boas vontades, como obrigam todas as consciências e exigem todas as contribuições, quando esclarecidas e objectivas.
Comportando variadíssimos aspectos, que se entrelaçam e, uns aos outros, se. sobrepõem em disputa de prioridade, diversas terão de ser as soluções indispensáveis, susceptíveis de equacionar e levar a bom termo tão momentoso assunto.
Congregando a juventude as nossas mais sublimes aspirações e condensando em si os anseios de todos nós na perspectiva, do futuro, é credora de todos os esforços e até de todos os sacrifícios que, porventura, nos possa impor ou ordenar.
No labirinto em que no dia de hoje se debatem os espíritos na apreciação de valores existe, frequentemente, um erro de perspectiva. A compartimentação e a incoordenação das actividades tornam distintos e díspares problemas e situações afins e convergentes, que prejudicam ao roubar-lhes a possibilidade de serem apreciadas em conjunto. Esta confusão de valores minimiza determinados problemas em proveito de outros, quando aqueles, efectivamente, apresentam características que deviam guindá-los ao primeiro plano. Assim, problemas de ordem social e educativos, problemas referentes ao homem nos mais diversos momentos da sua existência, tais como problemas de prevenção e higiene, de educação e trabalho, de tempos livres e de habitação, da adolescência e da velhice, da preparação e da adaptação às novas condições de vida, são preteridos em face dos de ordem económica e de muitos outros que actualmente dominam as relações humanas.
Em presença da cada vez mais rápida- evolução que nas últimas décadas se processa, surge-nos, como necessária, uma revisão >e uma readaptação dos problemas fund amentais, em vista a uma apreciação, tanto quanto possível, baseada na confrontação e na síntese.
Se ao Estado incumbe o papel, nobre papel, de ministrar a instrução nos múltiplos e variados sectores em que via se subdivide, sobre os seus ombros impende a- obrigatoriedade da vigilância da (saúda dos jovens escolares durante o período do tempo em que sobre eles se debruça.
Prepare-se a juventude para a vida, prepare-se, porém, para uma vida sã e fecunda.
No intuito de consciencializar a juventude para o futuro é evidente e manifesta-se imprescindível a actuação em equipa dos educadores e dos serviços sociais nesta hora em que, mais do que nunca, a integração e a aglutinação de temas se apresentam totalmente indispensáveis.
Muitos dos assuntos que se nos afiguravam afastados e desligados revelaram-se afins e em conformidade harmoniosa de ideais e finalidades. Desta forma, a biologia, a psicologia, a medicina, a higiene, o trabalho social e a educação convergem repercussão e aquela, eficiência que temos o direito de exigir-lhe.
A medicina escolar, apoiada, presentemente, nestas directrizes, deverá intensificar a colaboração das equipas médico-sociais e pedagógica em ambiente que lhes proporcione coesão, interesse e unidade, embora a cada uma caiba a sua função específica.
Diminui-se normalmente a acção do médico escolar, que, pelo seu carácter descontínuo, se afigura pouco eficaz.
Uma observação objectiva, porém, apreciará o alto significado e a validade da sua actuação, quando- está se manifeste atenta e cuidada. Não só a natureza das suas funções, como os objectivos que a norteiam, fornecem ao médico escolar uma situação privilegiada para o desempenho óptimo das múltiplas facetas do seu labor.
Efectivamente, não se limita apenas o papel do médico escolar á problemas de natureza- profiláctica e de despistagem, pois também lhe cabe a dupla missão de adaptar a criança ao meio escolar e, inversamente, de adaptar