mas discutíveis, do modernismo e das novas técnicas, mas o caso profundo fica por resolver nos seus aspectos fundamentais.

Andam tristes os nossos pedagogos, e o reitor francês Capei lê já disse que um «pedagogo triste é um triste pedagogo !».

A Igreja precisa do sacerdotes, a escola precisa de professores e sem uns nem outros pode ser inglório o esforço dos soldados na linha de batalha e pode ser & paz uma derrota moral no que depois da guerra há-de vir a ser a Nação na sua vida de espírito, valor da cultura e expoente da civilização que com tão largo sacrifício defendeu.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Sempre os sacerdotes foram notáveis educadores; pois a nova Universidade Católica muito bem poderá vir a criar uma Faculdade de Pedagogia, que o Estado seria interessado em ajudar e patrocinar sem quebra das respectivas independências e com proveito para ambos.

Por outro lado, nunca será de mais encarecer a espantosa acção desenvolvida no meio cultural português pela Fundação Calouste Gulbenkian, onde homens como Azeredo Perdigão, Francisco Leite Pinto e Ferrer Correia têm exactíssima noção do valor do saber, e do saber ensinar a saber. Foi mesmo um deles que há pouco disse que «saber é poder».

Pois bem, a Fundação é independente do Estado e soberana nas suas decisões, mas não lhe parecerá mal que nestas ponderosas circunstâncias a Assembelia Nacional lhe solicite um cuidado e um esforço ainda maiores, conducentes à concessão de bolsas de estudo e a outras quaisquer medidas de acção no sentido de ajudar a preencher esta grave lacuna que é a falta de professores bastantes para tão densas e sempre crescentes massas escolares. Se a Divina Providência deu a Portugal um Calouste Gulbenkian, seja providencial a acção dos seus ínclitos dirigentes em problema de tamanha grandeza nacional e de tanta beleza na vida do espírito.

E o Estado, cruza os braços? Parece que é o que tem feito, a avaliar pelos resultados, mas não será bem assim, e aí temos três liceus normais, que, para serem perfeitos, só lhes falta serem menos herméticos e mais abertos à vida contemporânea e ao alargamento da sua específica função de formação de professores. E aí temos também a metodologia e a didática do ensino técnico profissional, que faz o que pode com o material humano que lá lhe chega, mas às vexes sacode, numa exigência excessiva, que em certas matérias não faz sentido nem tem razão de ser.

Tenho ouvido aí falar, e até já aqui nesta Assembleia, na criação de um instituto de pedagogias ou coisa que o valha. Confesso que não realizo muit o bem o que isso seja ou pudesse vir a ser, e nem é por caturrice, mas sim porque ainda, estou lembrado do fracasso das existentes escolas normais superiores que, com outro nome, pretendiam precisamente ser, e não eram, institutos de pedagogia ... Um instituto de pedagogia, um só, para tão grandes precisões territoriais, onde? Um instituto de pedagogia sem pedagogos, para quê? Um instituto de pedagogia sem uma exacta concepção das ciências da educação, então como?

A meu ver, temos de abrir caminhos novos, certos, audaciosos, corajosos e circunstanciais, para não perdermos o rumo nem nos enganarmos conscientemente, pois um erro agora cometido seria acrescentar uma catástrofe a uma situação já de si bem dramática.

O que temos todos é de nos rejuvenescer, ter audácias, correr ao sabor dos tempos, não nos convencermos de que um país velho nunca poderá voltar a ser um país novo, temos de filosofar ao mesmo tempo que vivemos e não depois, temos de pôr a par do produto bruto nacional, que tanto nos preocupa, a altura do espírito, a liquidez da cultura, a sobrevivência nacional pela instrução e pela educação.

Penso, por exemplo, no Brasil, onde as ciências educativas vivem do amor e da paixão daqueles muitos que as cultivam. E penso aqui na vizinha Espanha, onde o ministro lbañez Martin - hoje embaixador em Lisboa - deu um tal impulso à causa do ensino e da investigação que ainda hoje são obra sua, ou continuidade dela, as grandes aquisições culturais da Espanha nova. E não precisou para tanto de vir aos sectores universitários!

E penso num Veiga de Macedo que, vindo de outros campos de actividade, teve, no Ministério da Educação Nacional, a maior audácia e a melhor eficiência que este Ministério já teve desde que se intitula Ministério da Educação Nacional.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Pois essa chama de entusiasmo e desenvoltura ele a transportou para o Ministério das Corporações, e lá ficou como sucessor do mesmo nível a marca do seu trabalho e do seu dinamismo.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - É disto que nós precisamos, Sr. Presidente, de sair do casulo, de desmitificar instituições, de desentorpecer organismos, quadros e pessoal, de estudar soluções novas, ambiciosas, eficazes e oportunas» de abrir a bolsa e ter coragem para comprar «saber», em vez de queijo suíço ou espargos enlatados, e ter tanta consciência de que tão bem gasta é a fazenda aplicada ao pão do espírito como aquela que anualmente se utiliza para adquirir o pão da boca.

Vozes: -Muito bem!

de provar, antes e acima de tudo, que possuíam o saber requerido, dispunham de virtude necessária à essência da profissão e estavam dispostos a adquirir, como alunos-mestres guiados, orientados, conduzidos e pagos, aquela habilidade profissional que só vem com a observação, a experiência e os estágios junto de quem tem, em conjunção, amor do ensino, sen-