a Espanha, Grécia e Itália permitiam a seguinte comparação:

De resto, não é tarefa fácil contabilizar as divisas provenientes da emigração. Em 1957, o B. I. T. calculava que apenas 50 por cento de tais divisas eram assinalados nos circuitos oficiais. Na Itália, o respectivo Ministério do Trabalho avaliava-os num montante superior em dois terços ao efectivamente contabilizado em 1962-1963.

Também entre nós já se tem posto o problema de saber em que medida rendimentos imputados ao turismo não serão de facto remessas de emigrantes.

Dos Relatórios do Banco de Portugal resulta que os rendimentos das transferências privadas (constituídas fundamentalmente por remessas de emigrantes) e do turismo, na balança de pagamentos da metrópole com o estrangeiro, tiveram nos últimos três anos a seguinte evolução (em milhares de contos):

As remessas dos emigrantes duplicaram de 1964 para 1966. Os rendimentos imputados ao turismo mais do que duplicaram entre 1965 e 1966. Neste entretempo, o saldo negativo da balança comercial subiu de 7 870 000 contos em 1964 para 11 850 000 contos em 1966.

Será vantajosa para o equilíbrio conjuntural interno a emigração portuguesa?

É certo que se os nossos emigrantes saem do mundo do subemprego, a sua partida poderá ter consequências deflacionistas na medida em que diminuem os consumidores. Mas nem sempre as coisas se terão passado com tanta simplicidade. Desde logo, a partida de população válida, que se aplicava a determinadas actividades, terá afectado o mercado do trabalho e a produtividade. Há, em suma, um problema de substituição de braços, a que nem a recuperação de outros trabalhadores nem o progresso técnico conseguiram fazer face.

Acontece que o trabalhador do sector secundário - indústrias transformadoras, construção civil e obras públicas - passou a ocupar posição de relevo na emigração portuguesa, pondo fim à quase dominância dos agricultores e rurais:

Por outro lado, enquanto em 1960 só 47,15 por cento dos nossos trabalhadores do sector secundário se dirigiram para a Europa, tal destino absorveu em 1965 e em 1966, respectivamente, 93,59 por cento e 86,16 por cento desse total.

Ainda no plano conjuntural, a emigração - tal como o turismo e os pagamentos por conta dos mobilizados - terá incrementado a procura, originando uma pressão altista tanto mais sensível quanto sucede não se terem criado condições que permitam ao sector agrícola responder às maiores exigências do consumo. Ter-se-á passado um pouco do que aconteceu na Grécia, onde de 1959 a 163 emigraram 310 000 pessoas, acusando o êxodo rural unia saída anual média de 30 000 camponeses. Só unia subida em flecha das importações evitou maior alta de preços (cf. O. C. D. E.. Problemas et polotique de main-d' acurre en Gréce, 1965).

O predomínio dos emigrantes de sexo masculino é relevante, embora a emigração legal se verifique um avanço na emigração feminina:

Ora a grande percentagem dos homens emigrados pertence aos grupos etários entre os 15 e os 44 anos - 76.7 por cento em 1964, 76,3 por cento em 1969 e 69,3 por cento em 1966, segundo a Junta da Emigração. Não podemos minimizar as consequências desta saída de população em idade viril sobre a taxa da natalidade e consequente rejuvenescimento demográfico.

Em trabalho há tempos publicado, e com os condicionalismos aí referidos, chocou-se às seguintes estimativas quanto à composição percentual da população da metrópole por grandes grupos do idades (ef.. Maria Gertrudes Salvado "Perspectivam da evolução da população do continente e ilhas adjacentes", in Rerixla do Centro do Estados Demográficos 1n.º 10):

Grupos de idades

Com todas as limitações que cálculos desta natureza comportam, a verdade é que a emigração só traduzirá, entre nós, num envelhecimento da população.

Será necessário recordar, como diz Sauvy, que o dinamismo económico de um país é, em grande parte, função da juventude da sua população.

A análise regional da saída dos emigrantes revela que, não obstante a generalidade do fenómeno em todo o território metropolitano, algumas regiões têm sido mais afectadas do que outras.