Em qualquer caso, a fuga promovida pelo urbanismo mais ou menos empolado e atractivo de cidades ou regiões onde preponderam a indústria e outras actividades económicas e de recreio - fuga, pois a partir das regiões mais abandonadas pêlos Poderes Públicos e pela iniciativa privada.

Sr. Presidente prezado Colegas: A primeira realidade? que temos de aceitar - e bom que tenhamos sempre a coragem de aceitar as realidades, pois é um estado de espírito conforme com as mesmas realidades que podemos (e devemos) encarar as situações que só nos deparem em qualquer tempo e em quaisquer forma, intensidade e extensão - essa primeira realidade que temos do aceitar com fortaleza de ânimo é a de considerarmos que estamos, na metrópole, mimo situação de país em via de desenvolvimento económico (e não o mais desenvolvido dos cinco países nessas condições no âmbito da O. C. D. E., valha a verdade), a que ao mesmo tempo, temos de aceitar a realidade de considerarmos que qualquer das províncias portuguesas do ultramar está na zona economicamente tida como subdesenvolvida.

Dadas como pertinentes estas premissas, é, pois. nesse estado de espírito que temos observar problemas ou procurar soluções adequadas - já que, se é mau sermos pessimistas nos trabalhos com que nos lançamos, não menos mau será, que nos apresentemos, pura o simplesmente, optimistas no campo da luta. Porque é certamente campo de luta aquele em que; nos vemos - e desde há muito que nele nos vemos. Aliás, nunca dele nos afastámos, no conceito de que sempre estivemos fora dos campos caracterizados pelo desenvolvimento económico.

Falei na condição do enviado de desenvolvimento económico da metrópole e de subdesenvolvimento económico das províncias ultramarinas. E naturalmente, a prova da asserção surge - e, infelizmente, em tons agudos.

ealmente "O. G. D. E. fez publicar L'Obxorcateur de O. C. D. E. - número referente a Outubro do ano findo - o seguinte:

Programa de Assistência Técnica- da O. G. D. E. a favor de Espanha,Grécia, Jugoslávia, Portugal e Turquia:

Comunidade de 21 países (mais um associado, a Jugoslávia), entre os quais se contam os mais desenvolvidos do Mundo, a O. C. D. E. compreende também certos membros em via do desenvolvimento. Estes deixaram já, em parte, a zona indesejável do subdesenvolvimento, mas acusam ainda um atraso considerável relativamente aos demais membros da Organização. Convencionou-se dizer deles que estão em situação de desenvolvimento intermédio - e são esses membros: Espanha, Grécia, Jugoslávia, Portugal e Turquia.

Estos cinco países têm de comum a sua situação geográfica, pois pertencem à orla norte da bacia

Mediterrânea, e todos apresentam lambem as características de um desenvolvimento (económico atrasado, como:

Um produto nacional bruto por pessoa inferior a 700 dólares (dos Estados Unidos da América) ;

Uma percentagem de população activa primária superior a 3õ por cento;

Uma taxa do emigração elevada (ainda que esteja a baixar de há pouco para cá em consequência de dificuldades económicas da Europa desenvolvida) ;

Uma balança comercial deficitária, em que (salvo para Espanha) as exportações do produtos manufacturados são de fraca monta;

Um consumo líquido de electricidade inferior a 800kw por pessoa por ano.

É a este países que se dedica o programa de assistência técnica da O. C. D. E.

Portanto, não pode haver dúvidas quanto a que Portugal metropolitano (única parte do espaço nacional que está integrada na O. C. D. E.) se caracteriza por uma posição de "em via de desenvolvimento económico", ao lado da Espanha, da Grécia, da Jugoslávia e da Turquia. Aliás, um exame a vários quadros que a Organização tem publicado, na subordinação ao critério apontado, dá-nos prova evidente do caso.

Por outro lado, não podemos ter dúvidas quanto ao estado de subdesenvolvimento das nossas províncias ultramarinas - ainda que tanto tenhamos feito por elas -, desde que saibamos que no seio da O. C. D. E. existe o chamado Comité do Ajuda ao Desenvolvimento (C. A. D.) - Comité de que Portugal, na sua condição metropolitana, faz parte -, e que foi criado em 1960 para agrupar os países que, de qualquer modo, só comprometem a ajudar os países ou territórios economicamente subdesenvolvidos, sendo que Portugal metropolitano destina a sua ajuda em especial às províncias ultramarinas portuguesas, automaticamente consideradas, assim, terras na condição de subdesenvolvimento económico. Também em 1967 a O. C. D. E. mandou publicar um volume de muito interesso, com o título de Efforte et Politiqusc d'Aido au Directoppemont,em que, através de quadros bem elucidativos, se prova quanto acabo de dizer.

gente que cresce e pretende trabalhar nessa terra, mas que dela tem de sair, quer para outras terras da sua pátria, quer mesmo para o estrangeiro.