Trabalhador indiferenciado analfabeto no operário especializado, a nível mais alto ou mais baixo, para que na ilha ou nos países para onde emigre deixe de ser considerado como o animal de carga que substitui os cidadãos locais nos trabalhos que as máquinas ou os animais devem fazer. Isto é duro talvez mas tem de ser dito.

Sr. Presidente, suponho ter demonstrado as premissas que pus nas minhas palavras desta minha, intervenção.

Sr. o desenvolvimento acelerado pode salvar um futuro da ilha e da sua gente.

Sr. Presidente: Uma palavra final quanto à emigração no plano nacional, até para tirar o cunho estritamente regional, esta minha intervenção.

A emigração portuguesa, e sobretudo a emigração em "bola de neve", ou seja a chamada dos familiares e amigos pelos que se no estrangeiro, não pode ser totalmente travada na sua corrida, até porque, disse alguém, "partir um termómetro não corresponde a fazer desaparecer a febre". Estancar próximo da fonte o caudal, eis a solução do problema.

Não será possível, polo menos em relação à Europa, o a nossa emigração, atingirmos adentro do País um valor para a mão - de - obra semelhante ao que outros podem oferecer ao nosso emigrante. Mas principalmente em relação no sector primário, o desenvolvimento regional acelerado e a estruturação integral de uma agricultura, modernizada, poderão criar um nível de vida suficiente paro que, aliado ao amor à terra da nossa gente, bate para que se emigre menos.

Uma política de emigração de largo alcance tem de orientar - se no duplo sentido de fixar o homem português ao solo nacional pelo desenvolvimento regional acelerado e de estrutura, na medida do possível os grupos de gente portuguesa espalhados pelo Mundo, assisti-los, acompanha - los o marcar junto deles a, permanente presença, de Portugal, por tal modo que sejam a continuação da Pátria para além das suas fronteiras físicas.

A estruturação das recentes "colónias" n grupos portugueses de além - fronteiras obriga- a uma colaboração dirigida, coordenada e em volume suficiente, de sacerdotes com templos portugueses, professores primários com suas escolas, assistentes sociais, pequenas comunidades religiosas especializadas em apostolado social, organizações desportivas, recreativas e culturais, bolsas de estudo para os filhos de emigrantes virem estudar a Portugal. E até os liceus ou colégios - liceus que vi advogar há tempos no Comércio do Porto, um liceu português em França, réplica do liceu francês do Lisboa, e o liceu português da Venezuela, em Caracas, onde já temos escolas primária.

Lembremo - nos que as grandes e antigas "colónias" portuguesas do Brasil e dos Estados Unidos fizeram espontaneamente os seus centros? recreativos e culturais, a sua imprensa, os seus hospitais e até os seus movimentos regionalistas.

E ainda quanto este último aspecto, que em 1960 havia, pelo menos, quatro instituições madeirenses só em Nova Bedford, nos Estados Unidos (Associação Beneficiante Operária Madeirense. Associação Protectora União Madeirense de Massachuscltts, Dia. Madeirense e Club Sport Madeirense).

Recordo também, a propósito desta política de emigração, o conceito de "nação peregrina" de que nos fala Adriano Moreira ao apelar pela "redefinição" das novas fronteiras da Pátria, as da cultura e da língua, e a célebre frase, de Fernando Pessoa: "minha pátria é a língua portuguesa".

E termino, Sr. Presidente, citando estes formosos períodos de António Quadros no seu livro O Espirito da Cultura Portuguesa:

Quando Fernando Pessoa identifica a pátria com a língua, e não a língua com a pátria, está proclamando a sua fidelidade essencial no espírito, e não às manifestações mais terrenas e contingentes que são as nações e as sociedades, listas são verdadeiras e necessárias, é certo, mas pouco ou nada seriam se não se vinculassem aparente, ou ocultamente, a formas superiores de actividade espiritual, em estado de suspensão ou de movimento nas línguas.

A estes acrescentaria eu em certa medida o emigrante e os seus filhos e netos que não voltem, se conseguirmos que não se desenraíze totalmente, se tanto quanto podermos construir com eles focos de lasitanidade espalhados pelo Mundo, prolongando a Pátria ao longo dos tempos.

Tudo está em que a presença dessa pátria se afirme junto deles ao longo dos tempos também.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Duarte de Oliveira: - Sr. Presidente: É esta sessão legislativa, no que se refere ao círculo de Viseu, marcada pelos agradecimentos ao Governo da Nação.

Já três vezes, durante ela, se levantaram as vozes de distintos Colegas em atitude de gratidão.

Viseu, agora por meu intermédio, mais uma vez vem trazer ao Governo, na pessoa do dois ilustres membros, sentimentos de regozijo e de agradecimento por duas obras, uma delas em execução e outra em vias disso, que são dois importantes factores para o progresso do distrito que represento.

Refiro-me ao pavilhão gimnodesportivo da cidade e à estação central de camionagem.

É da sabedoria das nações que uma mente sã deve ter como suporte um corpo são. Já os Gregos, na sua educação ginasial, davam lugar de relevo à prática da ginástica dos jogos. Hoje esta realidade é, preocupação de todos os que têm à sua responsabilidade a instrução e a educação da juventude.

Viseu, com dois liceus, uma escola técnica e uma escola normal e com uma prática de atletismo de relevo nacional, estava a precisar de um recinto coberto, de um pavilhão onde na sua juventude pudesse, todo o ano completar, em profundidade, a sua educação.