A variabilidade dos movimentos migratórios e o predomínio do ciumento chinês constituem as notas mais relevantes na panorâmica demográfica de Macau.

Eis a população apurada em 1960:

A densidade de Timor subiu de 29,6 habitantes por quilómetro quadrado em 1950 para 34,6 em 1960.

Segundo um arrolamento administrativo efectuado em 1965, a população atingiu 555 000 habitantes.

Se o crescimento se processar à taxa média anual de 1,7 por cento, Timor disporá em 1973 de 652 000 habitantes.

Continua a afigurar-se indispensável uma presença de população metropolitana, moral e tecnicamente qualificada, que apoie a promoção sócio-cultural a que as patrióticas gentes de Timor têm direito.

Sr. Presidente: Ao lado desta população, espalhada pelo território da Portugal, outros portugueses, em territórios estrangeiros, continuam a Nação.

Seja-me permitida uma ligeira evocação.

Desde o século XV que os Portugueses estão presentes nos variados cantos do Mundo.

Só nos últimos cem anos cerca de dois milhões e meio de portugueses deixaram a terra de origem para se fixarem no estrangeiro.

Se tal processo tem para nós elevado valor espiritual, deve também revestir-se de sentido político e utilidade económica.

Quantos serão hoje os portugueses em terra estrangeira?

Eis uma questão a que já em 1880 a Sociedade de Geografia de Lisboa, por intermédio de Luciano Cordeiro, tentava dar resposta. E a curiosidade, filha da fidelidade à raiz comum, tem-te mantido (cf., por todos, o trabalho do Prof. Doutor José Júlio Gonçalves Portugueses ao Mundo.)

Com o grau de relativa fragilidade, própria de um cômputo desta natureza, atrevo-me a reproduzir algumas estimativas, onde se incluem a emigração permanente e temporária.

As fontes de emissão têm sido não só o continente, as ilhas adjacentes, Cabo Verde e o Estado da índia, mas ainda a Guiné, Angola. Moçambique e Macau.

Na verdade, população da Guiné faz agricultura no Senegal e fixa-se em Dacar; população de Angola labuta em territórios vizinhos, estimando-se que só no antigo Gongo Belga existam 80000 naturais desta província portuguesa; população originária de Moçambique vive no antigo Tanganhica. (30 000 a 50 000 macondes) e anima actividades de outros territórios, devendo atingir na Rodésia cerca de 200 000 e na África do Sul. entre radicados e temporários. mais de 300 000: finalmente, população de Macau vive em Hong-Kong (cerca de 4 000).

Quanto às principais comunidades portuguesas no estrangeiro, oriundas da metrópole, terão a seguinte expressão quantitativa: Brasil, entre (500 000 a l 000 000 de portugueses; Estados Unidos da América, cerca de meio milhão de portugueses e luso-descendentes: França, 300 000 portugueses: Venezuela, 80 000; Canadá, 50 000; África do Sul, 50 000: Argentina, 45 000; Espanha, 27 000; Alemanha, 22 000 Guiana inglesa,. 9 000; Marrocos, 6000; Uruguai, 5 000; Antilhas Holandesas, 3 000; Bermudas, 3 000 . . .

Cabo Verde tem dado o seu contributo populacional não só a outras terras de África (em Dacar existirão 15 000 a 20000 cabo-verdianos), mas da América (já em 1910 se dava conta nos Estados Unidos de 2000 oriundos da Brava) e da Europa.

Finalmente, naturais do Estado Português da índia são; só na ex-Índia Inglesa, mais de 100 000 e na África oriental cerca de 30 000.

Ao evocar estes portugueses espalhados pelo Mundo e ao recordar as largas extensões da nossa África a desenvolver, talvez fosse lícito formular um desejo: não poderiam muitos destes emigrados dar o contributo da sua capacidade pessoal ou da sua força financeira ao fomento do ultramar? Estou crente de que a Pátria, que um dia os viu partir, de novo, jubilosamente, os acolheria, enriquecendo-se com o valor da sua experiência e enobrecendo-se com a sua fidelidade às origens.

Sr. Presidente: No decénio de 1957-1966 o saldo do movimento de passageiros, em navios nacionais, entre as províncias ultramarinas e a metrópole somou 103 115.

Pode assim dizer-se que saíram anualmente, em média, para o ultramar cerca de 10 000 metropolitanos.

Tais números, quando comparados com os da emigração portuguesa, são irrisórios:

(e) Entre os passaportes levantados nos anos de 1963, 1964, 1965 3 1966 contavam-se, respectivamente 1 600, 12 326, 26 304 e 28 632 legalizações de situações irregulares requeridas por nacionais que, tendo vindo a Portugal para esse efeito, daqui voltaram a sair como emigrados nas condições habituais. Tais números deverão, portanto ser deduzidas à emigração clandestina. Se, por exemplo 120 239 emigrantes legais de 1966 incluem as legalizações (28 632), reduz-se sensivelmente o número dos que emigraram pela primeira vez.

(d) Anuário Demográfico de 1966.

Há quatro ou cinco anos dizia-se que por cada metropolitano que saía para o ultramar três dirigiam-se para o estrangeiro. Em 1966 a situação foi bem mais grave: de cada quinze portugueses que deixaram a metrópole apenas um embarcou para o ultramar!

A transferência de populações dos territórios do emissão para os de recepção enquadra-se num esforço mais vasto: o do melhor ordenamento económico-social das províncias ultramarinas.

Convirá, de facto, acentuar que tal ordenamento resultará ainda da fixação das populações nativas e muito particularmente da sua tão desejável promoção sócio-cultural.

Deste modo, o povoamento do ultramar e o desenvolvimento económico são dois processos que, reciprocamente, se necessitam e se condicionam.

Vozes: - Muito bem!