Já se estimaram as potencialidades hidroeléctricas de Angola em 185 000 milhões de kilowatts-hora, sendo 75 000 milhões economicamente aproveitáveis. A bacia do Cuanza asseguraria 45 por cento desta produção (34 000 milhões de kilowatts-hora), pertencendo ao Médio Cuanza - numa pequena extensão de 200 km - cerca de 24 000 milhões:

Aproveitamentos no Médio Cuanza

Fonte: Bettencourt Moreno, Aproveitamentos Hidráulicos em Angola e Moçambique.

Quanto ao Cuvo (ou Queve), os recursos hidráulicos considerados permitem estimar a produção energética média anual em mais de 17 000 milhões de kilowatts-hora. "As cachoeiras da Binga oferecem perspectivas económicas pouco comuns dentro do panorama das realizações provinciais, pela complementaridade do conjunto das obras hidroagrícolas, extensivas de momento a uma área de 25 000 ha, com a primeira fase de construção de uma central hidroeléctrica de 30 MVA, a fio de água."

O planeamento conjunto do desenvolvimento económico de uma vasta região de 65 000 km2, a partir do rio Cuvo, tem a seu favor um clima, propício, a ausência de problemas sanitários, a existência. de boas comunicações, a relativa proximidade de Luanda e do Lobito e a aptidão para explorações agrícolas à base de cana-de-açúcar, palmar, algodão, fruteiras, arroz, gado . . .

Aproveitamento no rio Queve

Fonte: Sousa Soares, Esquema Geral de Aproveitamento Hidráulico do Queve.

Na bacia hidrográfica, do Catumbela estão previstos 23 aproveitamentos - uns de regularização, outros a fio de água -, avaliando-se a energia garantida em 7500 kWh anuais.

Finalmente, a importância do Cunene resulta não só dos aproveitamentos hidroagrícola e hidroeléctrico efectuados, mas, principalmente, das potencialidades já reconhecidas a aproveitar e do seu interesse perante a República da África do Sul, a propósito do Sudoeste Africano.

Segundo o "Esquema de Aproveitamento Hidráulico da Bacia do Cunene", estudado, nos 150 000 ha a regar e nos 350 000 ha destinados a abeberamento do gado, poder-se-iam fixar entre 120 000 a 130 000 pessoas. A extensão da rega à zona de Caculuvar poderia aumentar este número de mais 50 000 pessoas, embora com uma redução no rendimento económico médio. Esta população agrícola arrastaria consigo o desenvolvimento dos sectores secundário e terciário. Daí o calcular-se que o esquema, quando completo c em plena exploração, permitiria a fixação de cerca de 500 000 habitantes, vivendo num bom clima de altitude.

Fonte: Revista Fomento, número dedicado ao "Esquema de Aproveitamento Hidráulico da Bacia do Cunene".