tânea -"cria no colono uma psicologia mais propícia ao sacrifício, ao trabalho, ao apego à terra". Mas também sempre se perguntou se no estádio de desenvolvimento de Angola ou de Moçambique seria possível uma colonização inteiramente livre, em escala exigida pelas necessidades de povoamento e, sobretudo, considerando o ritmo acelerado que urge imprimir-lhe.

Parece manterem actualidade as orientações propostas por Paiva Couceiro:

Apesar de não podermos esperar imigrantes com capital próprio e de caber, portanto, ao Governo toda a montagem inicial da instalação e o impulso dos primeiros passos, convirá, todavia, restringir os auxílios puramente gratuitos, deixando entregue ao esforço, à economia e ao trabalho dos indivíduos a conquista do direito de propriedade. Exercer-se-á amparo, sem dúvida, mas com calculada moderação, acompanhando, sim, mas só favorecendo o apoio indispensável, e abstendo-se pouco a pouco a tutela, à medida que do lado oposto as iniciativas avancem e frutifiquem em progressos.

Na multiplicidade das experiências de povoamento agrário dos nossos dias avultam, pelo montante dos investimentos públicos e pela população fixada, quatro colonatos: os da Cela e do Cunene, em Angola; os do Limpopo e do Revuè, em Moçambique.

Quando se fala destes colonatos invoca-se, normalmente, a questão dos seus elevados custos. Mas ainda aqui será honesto ter em conta o preço da experiência, o peso das infra-estruturas de interesse colectivo e as próprias vantagens políticas da localização e da permanência.

Segundo cálculos da Junta Provincial de Povoamento de Angola, ter-se-iam gasto na Cela, até finais de 1965, 800 000 contos.

Em 31 de Dezembro de 1965, segundo o relatório das actividades de 1966 da Junta Provincial de Povoamento de Angola, encontravam-se instaladas no colonato 2432 pessoas, das quais 2045 europeias, 375 autóctones e 12 estrangeiras. Os chefes de família europeus eram 413, os autóctones 73 e os estrangeiros 3.

O valor estimado da produção agrícola da Cela nesse mesmo ano foi de 32 000 contos (milho, arroz, café, tabaco, batata, feijão, hortaliças, frutas, soja e leite). Na fábrica de lacticínios da Cela, o leite entrado teve um valor de 11 800 contos e o valor final de laboração estimou-se em 15 800 contos.

Uma vila e quatro aldeias (Folgam, Matala, Castanheira de Pêra, Algés-a-Nova e Freixial) constituem o colonato do Cunene. A barragem da Matala serve não só este povoamento agro-pecuário, mas ainda de ponte, rodoviária e ferroviária, e a produção de energia para o colonato e as cidades de Sá da Bandeira e Moçâmedes. Sobre uma área irrigada de 2756 ha vivem 324 famílias, apoiadas numa cooperativa agrícola com cinco fábricas (preparação de tabaco, moagem, desidratação e farinha de luzerna, concentrados de tomate e embalagem). Este empreendimento, onde se investiram cerca de 25 000 contos é, assim, o primeiro passo de uma realização muito maior, cuja importância mesmo como presença política junto da fronteira convém realçar.

O aproveitamento do Cunene e as minas de Cassinga são já hoje os maiores pólos do Sul de Angola.

O colonato do Limpopo é integrado por uma vila e doze aldeias. Dotado de conveniente equipamento social, sobressai a escola agrícola na vila Trigo de Morais.

O equipamento industrial é constituído pelas seguintes unidades: moagem de cereais, lacticínios, salsicharia, descasque e polimento de arroz, desidratação e farinhação de forragens e concentrados de tomate.

Previa-se inicialmente instalar no Limpopo 3000 famílias, num total de 18 000 pessoas. O aumento das áreas de regadio concedidas e a entrega aos colonos, já instalados, de novas glebas, provocará uma redução em tais números.

Em 31 de Dezembro de 1966 encontravam-se instaladas 1558 famílias, das quais 1091 europeias, 464 autóctones e três timorenses. Até essa data abandonaram, por diversas causas, o colonato 252 famílias (o que elevaria o número para 1810), ou seja 13,9 por cento.

Os investimentos realizados no Limpopo com irrigação e colonização e os previstos para o III Plano constam do seguinte quadro:

Fonte: Parecer da Câmara Corporativa sobre o III Plano de Fomento (Ultramar).

Segundo o parecer da Câmara Corporativa relativo ao III Plano de Fomento (ultramar), o custo de instalação do casal de família no Limpopo foi de 367 contos, pertencendo 115 à irrigação e 252 à instalação propriamente dita.

Os reembolsos contratuais do Estado, na base de um sexto das produções, foram avaliados, até final de 1966, em 37 000 contos, prevendo-se para 1967 um montante de 11 000 contos.

A grande dificuldade do Limpopo reside hoje na falta de água. Daqui, ainda, o alastrar do salgamento dos terrenos. Tudo torna assim mais urgente a construção da barragem de Massingir, no rio dos Elefantes. O seu custo