daquele Instituto, terminado na primeira quinzena do próximo mês de Março.

Trata-se de um inquérito cujo objectivo, como muitos sabem -e muitos nem sequer de tal se dão conta-, é a colheita de informações que venham a permitir ao Governo promover, em bases seguras, a estruturação e o fomento da economia nacional - o que é muito bom - e também estabelecer um esquema de ponderação que torne possível a revisão do índice de preços no consumidor. Com o que, neste último caso, muito se contribuirá para, entre o mais, confrontação ou cotejo «preços-remunerações salariais e outras», que amplamente e por sua vez contribuirá para a extirpação de desfasamentos entre esses tópicos de oposição: o que se ganha e o que se gasta.

Por outro lado, anseio também por que, após o termo do inquérito, tudo se faça no sentido de serem obtidas e dadas a lume todas as linhas fundamentais e secundárias do referido esquema de ponderação, para que os índices revelem uma entrada decisiva p elas áreas das realidades de que tem estado afastadas, principalmente pelo que de obsoleto, impreciso ou indefinido há na «realidade» em que assentou a ideia inicial do índice vigente e se foi modificando ao longo dos tempos, até que se reconheceu, felizmente (e não muito cedo ...), que chegara a hora de se entrar em caminho novo consubstanciado nos resultados do inquérito já quase terminado.

Como quer que seja, e para que as coisas se processem com o mínimo de novo desfasamento entre a realidade «custo de vida» e a realidade «remuneração paga a quem trabalha», bom será que tudo esteja a postos para as considerações e concretizações finais a que têm direito aqueles que não vêem subir o que ganham, mas que vêem subir tudo, directa ou indirectamente, o que precisam de pagar para seu sustento e da família.

Naturalmente, como os salários e outras remunerações têm sido aumentados - várias vezes significativamente - e esses aumentos representam bastante de adequação aos preços de venda reais (que não os meramente postos nos índices da estatística oficial) no consumidor, tudo nos pode levar a crer fundamentalmente em que o aumento mais do que proporcional (e real) do custo de vida advirá intensamente do aumento das contribuições e dos impostos incidentes nos custos de produção. E todos eles incidem, desde que suportados pelas empresas, ainda que não se sabe bem a que fontes lógicas vão beber os nossos legisladores que retiram do custo dos exercícios, por exemplo, a contribuição industrial, como que a inculcarem que tal ónus não se integra no custo do produto e no respectivo preço de venda. De mais a mais, sabendo-se que as contribuições e os impostos pagos ou a pagar pélas empresas de vária índole aumentaram multiplicativamente

várias vezes, a partir da entrada em vigor do estabelecido na actual legislação tributária.

Sr. Presidente, prezados Colegas: No magistral «parecer» emitido pela distinta Comissão das Contas Públicas desta Assembleia Nacional surgem, com relevância adequada às circunstâncias, números e considerações acerca do nosso comércio externo. Ora, porque muitos inadvertidos julgam que estamos a percorrer caminhos deficitários, sim, mas não perigosos, nesse comércio, bom é que nos apercebamos de que tais caminhos têm sido grande mal nosso, só resistindo a nossa balança de pagamentos aos males da nossa balança de comércio porque tem havido os benefícios de outras fontes de que não devemos esperar eternamente ajuda decisiva.

E desejo, então, em abono das considerações que fiz até aqui, alinhar alguns números ligados à nossa vida comercial com o estrangeiro - refiro-me à vida comercial do todo do espaço português -, números que me permito, para facilidade de recurso, buscar num boletim recentemente emitido pelo operoso Gabinete de Estudos Económicos, Financeiros e Estatísticos do Banco Nacional Ultramarino, em trabalho da autoria do Sr. Dr. Freitas Mota.

Ora, se tomarmos o quinquénio 1961-1965, teremos que o deficit de todo o espaço português (metrópole e ultramar-) no seu comércio com o estrangeiro atinge a soma acabrunhante posta no seguinte quadro:

Comércio especial com o estrangeiro

Se a estes totais de saldos juntarmos os de 1966 e dos meses de Janeiro a Novembro de 1967 e só os referentes à metrópole, teremos o seguinte impressionante quadro:

Saldos da balança comercial do espaço português com o estrangeiro

Milhares de contos

Isto é: um saldo negativo total de mais de 66 milhões de contos - sendo que a metrópole, no período de Janeiro de 1961 a Novembro de 1967, apresentou, só à sua parte, um saldo negativo de mais de 62 milhões de contos. Ora, mesmo considerando que muito do importado constitui apetrechamento e remuniciamento para efeitos industriais,