Divisão artificial, com grave prejuízo para a Europa livre, após o último conflito mundial, dos territórios centrais do continente, e isto sob os altos desígnios internacionalistas de alguns conselheiros destacados do antigo presidente dos Estados Unidos.

Esta divisão arbitrária fez derruir a barreira que durante séculos impediu a progressão do eslavismo para, ocidente: A organização do estatuto da O. N. U. sob os mesmos desígnios, com intervenção dominante de Leo Pasvolsky e de Alger Hiss, mais tarde identificado como espião soviético, a ainda do político marxista Molotov; A destruição, por descolonização forçada, de quase todos os laços que ligavam política e economicamente a Europa à Ásia e ao continente negro; A passagem da índia para a esfera de influência russo-americana e, como passo dominante para este fim, a tentativa de extinção do único farol da cristandade no Indostão -.a martirizada mas sempre portuguesa Goa; A transferência forçada dos interesses europeus para os colossos internacionalistas de Leste e do Oeste, das posições do Médio Oriente petrolífero, do Norte de África e de grande parte da região do cobre da África central; A ofensiva combinada do Leste e do Oeste internacionalista contra a África austral na corrida para o ouro sul-africano; A ocupação de todas as portas do Mediterrâneo, iniciada após o epílogo da falhada tentativa franco-britânica para o domínio do Suez, e consequente perda das posições defensivas do flanco sul da Europa.

É típico, no seguimento desta estratégia, a atitude do socialismo nórdico em relação à última crise grega.

Em tempos já recuados da história, Portugueses e Espanhóis dividiram também, de facto, o mundo desconhecido, mas com o assentimento de um insigne vigário de Cristo, em duas áreas imensas, mas tão-sòmente para se difundir pelo ignoto os primores da civilização cristã.

Assim nasceram inúmeras nações, criadas à, sua imagem e semelhança, e que serão certamente num futuro próximo prósperas imagens projectadas no Novo Mundo pelos povos desta pequena península do ocidente europeu.

A destruição deste sólido bloco peninsular, em que andam empenhados tanto e tantos "U Thants", não nos pode admirar, mas também não nos permite minimizar o esforço que será necessário despender para a defesa da Europa contra tão poderosos inimigos.

Teremos de andar empunhados nesta luta não se sabe por quanto tempo. Temos, porém, por graça de Deus, ao leme de tão grande empresa um dos maiores, se não o maior, da nossa gloriosa história.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E esses maiores deixaram sempre no Mundo luminoso rasto de missão. Ela será, nos tempos que correm, continuada com o mesmo brilho, testemunho do passado entregue pelo presente ao futuro.

Será sempre a juventude de cada geração a indomável fora criadora de cada nova arrancada, e essa juventude tem-se mostrado hoje lídima descendente das várias alas, brilhantes iluminuras dos capítulos de oito séculos de história.

Preservá-la de inquinações doentias, diabòlicamente introduzidas no seu seio pelos espíritos do mal vindos de vários quadrantes, eis o dever de todos, especialmente dos mais responsáveis pelos sectores onde se processam as infra-estruturas que a informam.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Reexportemos, assim, todos esses hippies e drogados vários para as regiões de origem, donde sopram os ventos catastróficos da história, e tenhamos confiança e fé na geração que agora começa a tomar as responsabilidades do poder, pois ela saberá, como as demais, ser, acima de tudo, portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Elísio Pimenta: - Sr. Presidente: É com sentido desgosto que me vejo obrigado a pedir a palavra.

Grato estou pela compreensão do V. Ex.ma concedendo-ma.

As paixões vão-se diluindo e a paz e a tranquilidade parecem regressar à Santa Casa da Misericórdia do Porto, essa admirável instituição que amo entranhadamente, porque a pude conhecer e servir. Pois que as paixões dos homens não voltem a perturbar a sua vida exemplar de mais de três séculos de exercício da caridade, serviço dos pobres o do doentes, dos órfãos e das viúvas, dos incapazes e dos desamparados, vivência de amor ao próximo, nem sempre, para seu mal, observada entre si pelos chamados a dirigi-la.

Assaltou-me muitas vezes, nestes últimos meses, a tentação de falar dos problemas da Misericórdia do Porto. Não sei quantas pessoas me solicitaram. Entendi, contudo, não o dever fazer, para evitar a acusação de intervir sem qualidade - e talvez a tivesse! - em julgamento que o Governo, no cumprimento de um dever legal, quisera chamar a si.

E nem o desejaria agora, que a decisão foi proferida, mesmo para salientar, com justiça, a independência do Governo, não pouco louvada, até por aqueles que ideologicamente não andam na linha do seu pensamento.

Aceito todas as responsabilidade das minhas palavras, mas rejeito, por não me pertencerem, as resultantes da circunstância de as ter de proferir, embora, repito, com sincero desgosto.

Procurarei ser objectivo, ser breve, ser compreendido por quem me escuta e, também, pelos que andam envolvidos na desavença, ao dizer que a grandeza e o prestígio de instituições como a Misericórdia do Porto e o seu Hospital Geral de Santo António mais ficarão a dever à observância do espírito cristão dos seus instituidores e protectores do que à invocação gratuita dos seus nomes e benemerências.

Para melhor esclarecimento das minhas considerações, permita-se-me um pouco de história, não a história da grandeza dos séculos passados, ouvida aqui contar há dias pelo ilustre Deputado Dr. Fernando de Matos, em trabalho de bela expressão literária, que, segundo afirmou, não passou de um reforço, com novos elementos, da conferência, feita em 1965 na Misericórdia do Porto a convite do provador de então, por coincidência a minha