arranjo do seu lar, sobretudo na modificação da cozinha, que, no ambiente de Trás-os-Montes, representa o centro de convívio familiar.

Pudemos apreciar a melhoria alcançada pelo toque de pequenos nadas, pela certeza de obra saída das próprias mãos, dando conforto a um aposento da casa votado no abandono, esquecido e desprezado pela errada tendência de se concentrarem nos trabalhos braçais as exclusivas atenções do agregado familiar, segregando a habitação como um local onde se pernoita c onde se consomem algumas refeições.

Pois tal campanha, que gerou, nesta e naquela aldeia, uma sadia emulação, veio demonstrar que o arranjo dos lares se verificou sobremaneira em famílias com um certo desafogo financeiro para o meio. O que quer dizer que para além do problema económico, urge também resolver um problema de mentalização, abrir a senda para outro teor de vida, eliminar uma rotina depauperante.

O êxodo rural cada vez assume proporções mais alarmantes, tornando desertos os campos e reforçando o desencanto que sempre acompanhou a nossa vida aldeã.

As populações fogem de uma manifesta debilidade económica, da oscilação de urna produção pouco rentável, de uma carência de comercialização, de uma ínfima retribuição do trabalho, da falta de quadros assistenciais. Como fogem, possivelmente, de uma vida sem horizontes, e onde se encontram por preencher as condições mínimas de uma existência salutar, higienicamente válida e educacionalmente promissora.

E se é certo que o nosso camponês vem encontrar outras estruturas nos centros urbanos a que se destina, e que o deslumbram, também é certo que nunca o seu trabalho na lavoura lhe foi mostrado de uma forma aliciante, observado de outro prisma, apresentado numa evolução rápida para uma dignificação humana.

Assim, e para além da adopção de uma política agrária recuperadora, e que cada vez mais urge executar, para além de uma reestruturação agrícola, requer-se uma mentalização das nossas gentes rurais com vista a alcançarem uma vida mais sã e mais racional, uma actualização do nosso empresário agrícola, a criação de um campo apto a aceitar outras técnicas e outro sentido de existência.

Como dizíamos atrás, convém levar aos campesinos todos os benefícios das descobertas humanas, proporcionar-lhes uma vida estável, facilitar-lhes cada vez mais o contacto com o mundo, mus, a um tempo, mostrar-lhes uma existência renovada, com outro sortilégio; com outro encanto, tão normal, tão útil e tão compensadora como qualquer, mais até do que qualquer outra.

Sr. Presidente: Dentro deste propósito parece-nos desnecessário encarecer mais o que representam os serviços de Extensão Agrícola Familiar, como eles se encontram no caminho das realidades, na orientação certa e aconselhável.

Como desnecessário nos parece reafirmar os resultados atingidos, todas as boas vontades que fomentaram, e como eles se tornaram credores, por tudo, do nosso entusiasmo e agradecimento, particularmente sentidos numa região como a nossa.

Mas é também de lamentar que, atendendo aos objectivos conseguidos, às evidentes provas de eficiência demonstradas, a Extensão Agrícola Familiar não tenha ainda a expansão que merece, continue quase como uma experiência-piloto, limitando-se a demonstrar o que é já do nosso conhecimento.

E necessário dotá-la com mais generosidade, proporcionando-lhe meios técnicos e de existência que permitam dimensioná-la convenientemente, de forma a abranger

maiores áreas, beneficiar uma maior população rural, alargar os seus programas e os seus métodos, estabelecer um mais íntimo acordo com os serviços afins dos Ministérios das Corporações e da Educação Nacional. Preencher radicalmente a missão que se propôs com aquela intensidade e persistência que o atraso da situação aconselha e que as deficiências de ordem educacional e de preparação técnica recomendam.

O meu elogio e o meu apelo aqui ficaram, particularmente endereçados a S. Ex.ª o Secretário de Estado da Agricultura.

E com eles a força e a singeleza do meu testemunho. O que este evidencia de uma utilidade de que ninguém honestamente pode duvidar.

Vozes: -Muito bem. muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Santos da Cunha: - Sr. Presidente: Desejo tratar nesta Assembleia um problema para o qual me foi chamada a atenção por um grupo de interessados e que julguei digno de atenção, pois tenho para mim que os interesses particulares, quando legítimos, não podem ser postergados.

Trata-se da indústria de panificação e das deficientes condições económicas em que a mesma está trabalhando, o que a obriga assim a entrar, muitas vezes, pelo caminho da fraude para poder sobreviver.

O Ministério da Economia, julgo eu, conhece bem a situação e tem de a resolver com o espírito realista que deve caracterizar toda a administração esclarecida.

À determinação que levou a estas cinco uniões de industriais de panificação baseou-se em princípios de laboração de ordem higiénica, de progresso técnico de fabrico, de economia nos serviços de exploração, de distribuição do pão ao público consumidor.

Dos princípios de ordem higiénica e de progresso técnico de fabrico beneficiou, naturalmente, o consumidor, que viu o pão que lhe era distribuído ser apresentado com um aspecto melhor, resultante do mais moderno equipamento fabril e em condições de higiene de fabrico capazes de lhe assegurarem uma qualidade isenta de perigos para a sua própria saúde e, por isso, um consumo em que a confiança se alia a uma apresentação irrepreensível; dos princípios de ordem técnica deveriam, com certeza, beneficiar os próprios industriais agrupados, por um lado devido a um melhor aproveitamento do calor despendido na cozedura do pão e por outro devido a uma diminuição dos encargos administrativos e burocráticos na própria exploração.

Como é óbvio, a revolução estrutural a que correspondeu a união levou a um acréscimo de encargos fixos devidos, sobretudo devido a necessidade de se equipar a nova unidade industrial com máquinas e fornos de fabrico moderno e capazes de corresponder, em qualidade e quantidade, às exigências lícitas e justas dos clientes. Em boa