Se fizermos uma análise da variação regional dos consumos das farinhas espoadas de trigo, verificaremos que, contrariamente ao que tem sido preconizado em todos os regimes cerealíferos desde há 41 anos, é nas regiões tradicionalmente produtoras de milho e centeio que se têm registado aumentos muito importantes.

Para não piorar a situação do consumidor considerado economicamente mais débil - o das zonas rurais hoje em vias de abandono quase total -, recorre-se à bonificação da farinha espoada de trigo (2.ª qualidade).

Estes e outros artificialismos suportados pelo Fundo de Abastecimento, que se destinava a auxiliar a lavoura, desencadearam novos problemas, com prejuízo manifesto para a economia nacional, além da indisciplina e irredutibilidade de posições já tomadas, a que urge pôr termo para moralizar e disciplinar uma actividade económica de tão grande importância para a vida da Nação.

Os cereais para a alimentação humana são laborados por duas indústrias de moagem: A indústria de moagem de farinhas espoadas de trigo; A indústria de moagem de ramas de trigo, milho e centeio e de farinhas espoadas de milho e centeio, designada por Comissão Reguladora de Moagens de Rama(C. R. M. R.). A indústria de moagem de farinhas espoadas de trigo dispõe de cerca de 70 unidades fabris, das quais cerca de 50 tem o seu equipamento actualizado ou em vias de actualização.

Estas actividades industriais estão agremiadas na Federação Nacional dos Industriais de Moagem, vulgarmente designada por F. N. I. M.

A sua capacidade anual de laboração, considerando uma média diária de oito horas de trabalho, cifra-se em 366 000 t. Se, porém, considerarmos o regime de laboração contínua, a sua capacidade teórica anual seria de cerca de l 100 000 t.

Como era de esperar, mais de 60 por cento desta capacidade de laboração distribuem-se por unidades localizadas nos distritos do Porto, Lisboa e Setúbal.

Na prática, as referidas 70 unidades laboram anualmente cerca de 500 000 t de cereais no fabrico de farinhas espoadas de trigo e respectiva incorporação de milho e centeio nas farinhas de 2.ª categoria. Destas 500 000 t cerca de 12 por cento são absorvidos no fabrico de bolachas e massas, destinando-se o restante ao consumo público, no fabrico de farinhas para panificação. A indústria de moagem de ramas dispersa-se por cerca de 38 000 unidades, inscritas no organismo de coordenação económica a que já fiz referência (C. R. M. R.).

As instalações de moagem de ramas para consumo público representam cerca de 13 por cento do total; as instalações do tipo artesanal, 42 por cento, e as instalações destinadas a uso próprio, 45 por cento.

A capacidade técnica de laboração anual, em 24 horas de trabalho diário, é estimada da seguinte maneira, segundo elementos reportados a 1964:

Toneladas

Moagens tipo artesanal 2 708 784

Moagens de uso próprio l 612 224

A laborarão anual destas unidades está calculada em cerca de 670 000 t de farinhas panificáveis, donde se pode concluir que a capacidade de laboração é superior em cerca de dez vezes às necessidades de produção de farinhas em rama (trigo, milho e centeio) destinadas à alimentação humana. (Vide quadro II):

Circuito económico do ciclo cereais-farinhas-pão

Anual