Evolução da população activa.

Para as diferenças verificadas nos sectores primário e secundário contribuiu decisivamente o distrito de Ponta Delgada com a libertação de 3417 activos do sector primário e com a criação de 1160 empregos na indústria. Para a diferença verificada no sector dos serviços a responsabilidade coube fundamentalmente ao distrito de Angra, o único que registou aumento da população activa daquele sector (com a criação de 3116 empregos), aumento ligeiramente atenuado pelas reduções verificadas nos outros dois distritos açorianos.

No que há de mais saliente, verifica-se uma forte expansão do sector terciário no distrito de Angra e uma mais franca expansão do sector secundário no distrito de Ponta Delgada relativamente aos outros dois.

Evolução da população activa de 1950 a 1960 (Variação percentual)

A repartição da população activa pêlos três sectores evoluiu favoravelmente entre os anos de 1950 e 1960, porquanto se verificou algum descongestionamento da mão-de-obra no sector primário, acompanhado da criação de alguns empregos na indústria e nos serviços.

Repartição da população activa pêlos três sectores da actividade económica

(Em percentagem da população activa total)

O distrito de Angra do Heroísmo é o que apresenta mais equilibrada repartição da população activa em 1960, tal como já acontecia em 1950.

Do que fica dito pode afirmar-se que a emigração exerceu forte influência no sentido de melhorar a repartição da população activa, tendo sido em grande parte responsável pela rarefacção verificada na população agrícola, o que veio aumentar, ligeiramente, embora, a produtividade deste sector. Em contrapartida, apresenta um aspecto negativo, qual seja o de ter contribuído para o envelhecimento, não muito acentuado, embora, da população.

Em resumo, Sr. Presidente, e como fecho desta breve análise ao fenómeno emigratório açoriano, que ocorreu no período compreendido entre os dois últimos censos populacionais, alinharei as seguintes conclusões:

A emigração, dados os elevados saldos fisiológicos do arquipélago, constituiu o principal factor impeditivo do crescimento da população residente para além dos limites comportáveis pelo actual estádio de desenvolvimento da economia açoriana.

Contribuindo para a rarefacção da população activa do sector primário, conduziu a um melhor nível de vida daquele sector da população, não só pela natural elevação dos salários e pelo aumento do número de dias de trabalho, mas também devido às remessas dos emigrantes normalmente dirigidas às classes rurais. Isto fez-se sentir, sobretudo, no distrito de Ponta Delgada e, dentro deste, na ilha de S. Miguel, onde a densidade demográfica é elevadíssima (225 habitantes por quilómetro quadrado) e se verificam os mais baixos níveis de vida do arquipélago.

Devido, pois, em grande parte, à emigração, o problema social do arquipélago era em 1960 menos premente que dez anos antes - melhores rendimentos da população rural e menor grau de desemprego.

Sr. Presidente: De 1960 para cá a emigração açoriana prosseguiu a bom ritmo. Até fins de 1966 saíram 28 179 emigrantes, praticamente tantos quantos haviam saído no decénio 1951-1960. Destes, 26994 (95,3 por cento) seguiram destino para o continente norte-americano: 12 925 foram para os Estados Unidos e 14 069 para o Canadá. As Bermudas receberam 646 emigrantes, todos do distrito de Ponta Delgada. A corrente emigratória para a América do Sul, que no início do decénio 1951-1960 tivera alguma expressão, ficou reduzida a 482 emigrantes no sexénio agora em análise. A emigração para a Europa foi praticamente inexistente.

Acentuou-se, assim, a preponderância da corrente emigratória para a América do Norte.

Até 1965 o fluxo emigratório manteve ritmo sensivelmente constante, para em 1966 se assistir a um forte surto, que se elevou a 10 805 emigrantes, para o que contribuiu de forma decisiva o espectacular aumento da emigração para o Estados Unidos, que passou de 784 emigrantes em 1965 para 6760 em 1966.

Para o total de emigrantes, no período que vimos a considerar, contribuiu o distrito de Ponta Delgada com 20637 (73,4 por cento), o de Angra do Heroísmo com 4556 (16,1 por cento) e o da Horta com 2986 (10,5 por cento). Nota-se, assim, relativamente ao período de 1951-1960, uma maior preponderância do distrito de Ponta Delgada.