aqueles que teimam em dizer mal de tudo e de todos, ainda que sem razão para o fazerem.

Mas não devemos ignorar que os inimigos políticos da Nação, designadamente os internacionais, que não reconhecem fronteiras, nem querem Deus nem família, e que procuram destruir ou aniquilar tudo quanto se oponha h sua ideologia maléfica, não podem nem devem ser recebidos nas nossas casas com o mesmo à-vontade e a mesma confiança como recebemos aqueles que são nossos amigos e em quem podemos confiar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tem-se verificado que esses mesmos políticos sempre que se cruzam ou falam connosco, na rua ou noutro local, mesmo nas simples relações da sociedade ou cortesia, se manifestam em atitudes hostis, que por acções ou omissões, quer pela palavra escrita ou falada, procurando criar ambiente favorável aos seus falsos e perigosos desígnios e até aliciar, quando possível.

Todos sabemos que o pensamento e convicções ideológicas dos estudantes universitários, cujas idades regulam entre os 17 e os 26 anos, s3o os mais susceptíveis de ser transformados ou adaptados por aqueles mais atrevidos o desembaraçados, por vezes treinados para o efeito, que com eles convivem todos os dias. que os acompanham, convencem e conduzem até atingirem os fins que pretendem, quase sempre com argumentos derrotistas, com palavras vãs de solidariedade académica, que não sentem, e da defesa dos seus legítimos direitos, que nem sequer haviam sido ameaçados.

Isto verifica-se em todas as Universidades do Mundo, onde uma dezena ou centena de estudantes consegue arrastar consigo muitos milhares de outros, que os seguem na convicção errada de que defendem uma causa que nem sequer chegam a saber ao certo se é justa ou injusta.

Só mais tarde, reconhecem o logro em que caíram, e muitos deles não recuam tão somente pelo facto de a sua pouca idade lhes ditar que é vergonha tomarem outra atitude, ainda que mais digna.

Até mesmo na idade adulta, depois de licenciados, chegam a manifestar o seu arrependimento, mas alegam que já não têm coragem para tomar outro caminho que não seja aquele, sob pena de serem abandonados pêlos seus amigos.

E se há casos desta natureza que acontecem pela convivência fora das aulas, em relação aos estudantes, que nem sempre vivem em ambiente familiar aceitável ou normal, por maioria de razão e com muito mais facilidade meia dúzia de rapazes que vivam nas residências universitárias portadores de ideias subversivas e contrárias à existência da Nação e da família poderão contaminar, convencer e conduzir muitos outros companheiros da mesma e n té de outras residências pelo mesmo caminho tortuoso que têm trilhado, talvez influenciados pelo mau ambiente familiar em que têm vivido ou por outros factores que os levam, por vezes, a sua própria destruição.

Os acontecimentos mundiais e, de modo especial, os que se têm passado em Roma nas últimas semanas são como que um aviso que nos obriga a alertar todos quantos têm responsabilidades no destino de Portugal independente e até os que exercem funções de chefia em qualquer organismo do Estado.

Assim, e enquanto não houver possibilidade de alojar todos os estudantes nas condições já referidas ou em moldes que só o futuro poderá aconselhar, entendo que a sua admissão nas residências e nos colégios universitários deverá fazer-se mediante um critério de exigências que possam garantir a completa eficiência do seu bom funcionamento e do fim altamente benéfico para que foram criados. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Elmano Alves: - Sr. Presidente e benévolos Srs. Deputados: Entrámos na agonia da sessão legislativa. No auge do cansaço parlamentar são estes, segundo a praxe, os últimos minutos em que o Deputado, prestes a despir as suas imunidades e a reingressar no convívio dos povos, aproveita ainda para redimir algum pecado de omissão oratória na defesa dos interesses locais.

Não desejaria, por isso, abusar da vossa benevolência fazendo-me eco de um assunto que, em boa verdade, devia aguardar pela reabertura da Assembleia, não fora o receio de ver deixados para a penúltima hora compromissos nacionais cuja satisfação depende de decisões a firmar quanto antes.

Porque tenho a ousadia de ser escutado, trago a preocupação de ser breve.

Esta manhã, ao abrir os jornais da capital, tive a grata surpresa de ver evocada no Diário de Noticias uma efeméride que não podia ficar esquecida dos Portugueses e bradaria aos céus se não encontrasse merecido eco nesta Assembleia.

Com efeito, passa hoje mais um aniversário sobre aquele domingo de 8 de Março de 1500, em que o rei D. Manuel I, com toda a Corte, foi à ermida do Restelo, em Belém, para assistir à partida da expedição de Pedro Alvares Cabral, mandado a fazer o descobrimento oficial - ou, se preferirmos dizer, a tomar a posse - das terras de Santa Cruz.

Pela pena do jornalista insigne que é Oscar Paco, setubalense dos mais ilustres . . .

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e homem de letras que dir-se-ia mergulhar a sua pena inspirada na veia de um Fernão Mendes Pinto -outra glória do meu distrito, que em Almada veio a coligir a sua Peregrinação-, revive a- efeméride em todo o seu transcendente significado.

O Sr. Peres Claro: - Muito bem!

O Orador: - Rezam as crónicas que nessa manhã, distante no tempo, mas tão presente como grata à comunidade lusíada que formamos com o Brasil, foi celebrada missa de pontifical, em que pregou D. Diogo Ortiz, bispo de Ceuta, mais tarde bispo de Viseu.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, enquanto decorria a cerimónia, teve sempre o monarca junto a si Pedro Alvares Cabral. Acabada a missa, o bispo benzeu uma bandeira das armas reais, que o soberano deu por sua mão ao capituo-moi1.

Deitando-lhe o bispo a bênção, levou-o D. Manuel a embarcar, falando sempre com ele até à praia.

Qual teria sido o tema dessa última conferência do monarca- com o seu capitão-mor não rezam as crónicas, mas esclarece-nos por certo o curso dos acontecimentos posteriores.

Lisboa, sobretudo desde o regresso do Gama, da índia, no ano anterior, pululava de agentes fias outras potências europeias concorrentes na descoberta ou interessadas no