dente lança que fere e decide. Assim, é preciso dar a quem a empunha, com todo o amparo material, indispensável exemplo e carinho moral.

Algo quereria dizer sobre a nossa agricultura, cuja anemia se vê traduzida na sua participação decadente no nosso produto bruto, como bem põe em relevo o douto relator do parecer. Reservo fazê-lo mais prolongadamente para outra oportunidade.

Sobre a matéria têm-se pronunciado vários oradores que me precederam. Quanto às vias convergentes a Lisboa, o que por vezes tenho abordado, se pronunciou, tão eloquentemente e com tão ilustrativos elementos, o Sr. Deputado Elmano Alves, que pareceria da minha parte impertinência acrescentar-lhes fosse o que fosse. Limito-me a aplaudi-lo vivamente, em particular no que respeita ao aproveitamento ferroviário da Ponte Salazar.

Quanto às entradas do distrito do Porto, volto a lembrar - hoje mais instantemente, que a nova ponte de Amarante se abriu ao trânsito - a necessidade de- construir os dez quilómetros que faltam da estrada chamada dos Padrões da Teixeira. Constitui a respectiva portela o mais fácil acesso de e para Trás-os-Montes e Douro.

Isto se reclama em companhia do Sr. Deputado Cunha Araújo, eu de cá, ele de lá, em nome da economia regional, do turismo, e até por piedade para com quem tem de aproveitar a arqueológica entrada pombalina.

As ravinas que a marginam já no seu activo contam com algumas vítimas. E quem por lá passa, pelo menos, se leva não muita, mas legítima pressa automobilística, não escapa a sustos.

Outro ponto que relembro é a necessidade de a Câmara de Gaia ser ajudada a organizar convenientemente os acessos do nó sul da Ponte da Arrábida, estabelecendo ligações para o seu centro habitacional. Tal objectivo não pode deixar de interessar, para além de Gaia, também a Câmara do Porto, os portos - não são estes, conjuntamente, do Douro e Leixões? -, os caminhos de ferro, o alívio da Ponte de D. Luís e, genericamente, a zona regional de influência da cidade invicta.

Quanto a caminhos de ferro, particularmente da linha do Douro, a que no ano passado tão prolongadamente me dediquei nesta Assembleia, com gosto verificamos que estão em curso nela melhoramentos apreciáveis, quer pelo que se refere à via, quer à exploração.

As ligações internacionais, através de automotoras rápidas, acham-se já restabelecidas razoavelmente.

Ainda bem, por muitas razões e, sobretudo, pelo turismo, a canalizar também através de uma das regiões mais atraentes do País.

Verifica-se, através das contas, que do seu progressivo rendimento vamos auferindo já proveitosas receitas, que bem nos ajudam às despesas militares.

Para que o seu progresso se processe mais distributivamente cumpre-nos ainda uma vez chamar a atenção das estâncias competentes para aquilo que podemos chamar pólos possíveis de atracção.

No Norte, aquém do Porto, a ria de Aveiro; além do criação de escolas agrícolas secundárias no Norte. Existindo quatro a sul do Mondego, a norte nenhuma!

Sem sugerir localização para a primeira, ela ficaria bem em ponto central do Entre Douro e Minho.

Seria ponto de convergência acessível para os filhos dos nossos lavradores, tão atrasados, se poderem converter nos técnicos agrícolas de que a reconversão reclamada do nosso agro tanto carece.

Acha, Sr. Deputado Nunes Barata, que eu peça de mais?

E, desta feita, Sr. Presidente, por aqui me fico. Que V. Ex.ª me perdoe de ,a propósito das contas públicas, tanto me ter atrevido a meditar alto sobre os assuntos da vida interna e de hipotéticas virtualidades desta Assembleia. Mas suponho, Sr. Presidente, não ter pisado o risco.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Assinadas pelo Sr. Deputado Nunes Barata, estão na Mesa duas propostas de resolução, que vou submeter à votação.

Vão ser lidas.

Foram lidas. São as seguintes:

Propostas de resolução

A Assembleia Nacional, tendo examinado os pareceres sobre as contas gerais do Estado respeitantes ao exercício de 1966, tanto da metrópole como das províncias ultramarinas, e concordando com as conclusões da Comissão das Contas Públicas, resolve dar a essas contas a sua aprovação.

Sala das Sessões da Assembleia Nacional, 8 de Março de 1968. - O Deputado, José Fernando Nunes Barata.

A Assembleia Nacional, depois de tomar conhecimento do parecer da Comissão das Contas Públicas, resolve dar a sua aprovação às contas da Junta do Crédito Público referentes ao ano de 1966.

Sala das Sessões da Assembleia Nacional, 8 de Março de 1968. - O Deputado, José Fernando Nunes Barata.

O Sr. Presidente: - Ponho em primeiro lugar à votação a proposta de resolução sobre as contas gerais do Estado (metrópole e ultramar) respeitantes ao exercício de 1966.

Submetida à votação, foi aprovada.