disciplina, e que movimentos subversivos aproveitam para a obra de demolição das estruturas sociais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

O Orador: - O Governo tem dedicado a maior atenção a estas preocupantes questões, para as quais em parte nenhuma se encontraram ainda soluções definitivas. Importa, porém, evitar rodear de clima emocional os problemas da administração escolar. Permito-me fazer aqui um apelo a todas as pessoas conscientes para que auxiliem, e não dificultem, a acção governamental. Gritos de desespero, reclamações entre si contraditórias, precipitado entusiasmo por figurinos estrangeiros, pura condenação de soluções que as vezes não serão as melhores, mas são as possíveis, exigência imediata do óptimo quando ainda se não alcançou o bom, especulação filosófica e crítica onde se precisa de senso das realidades - tudo isso pode ser muito bem intencionado, mas desorienta a opinião e a massa dos jovens, sem contribuir para resultados práticos úteis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

O Orador: - No ensino primário, no secundário, no ensino médio, no ensino superior ... em todo o campo escolar, as dificuldades surgem a cada passo, e mal se arruma um caso logo outro ou outros se levantam. E necessário actuar com serenidade e calma em todos os escalões das hierarquias escolares, dentro de um construtivo espírito de colaboração. Nunca se tornou mais necessário nestas matérias agir tão lentamente e ao mesmo tempo com tanta ponderação. As palavras dos responsáveis pela educação pública tem de ser reflectidas, e no meio das tendências reinantes para a perplexidade ou a confusão e até para a anarquia hão-de traduzir orientação segura o manter firme o espírito da autoridade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A juventude e os educadores podem estar certos de que o Governo continua atentíssimo a todos os seus problemas. Compreende-se a impaciência dos jovens - mas não será pedir de mais, em troca, compreensão para os governantes, que, não sendo taumaturgos, não podem de um dia para o outro mudar a face da Terra, nem sequer eliminar todos os males e inventar todos os remédios.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Da generosidade da gente nova é lícito esperar que, não se deixando iludir por interessados agitadores e especuladores, colabore num esforço comum orientado para seu bem.

E, para mim, porém, convicção assente de que as escolas que o Estado mantém, devendo, sobretudo nos graus superiores, gozar de largas possibilidades de pesquisa e de crítica, não podem estar desintegradas da Nação, não podem ignorar as ideais colectivos, não podem ser usadas como instrumentos de demolição da ordem social - embora o devam ser da sua reforma pela educação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Tenho procurado conduzir a política interna nestes dois meses dentro das linhas definidas na declaração subsequente u posse do novo Governo, que tão favorável eco encontrou no País inteiro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Fez-se um esforço no sentido de permitir mais larga expressão das opiniões, uma informação mais ampla, mais íntima participação do comum das pessoas na vida pública. Tem-se pretendido criar um clima político sem ódios, sem retaliações, que permita um convívio normal entre os que professam opiniões diferentes. Procura-se chamar a colaborar com o Governo todos os bons cidadãos deste país.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Alguma coisa de positivo o Governo conseguiu já nestes domínios.

Claro que alguns se alarmam julgando que se está a ir longe de mais, enquanto outros consideram tímidas as realizações e pedem melhores provas da sinceridade dos propósitos formulados.

Talvez se espere mesmo que neste momento sejam anunciadas providências concretas correspondentes a certa linha de orientação. Algumas estão efectivamente a ser estudadas e conto apresentar à Assembleia Nacional, nesta sessão legislativa, propostas de lei que lhe permitirão pronunciar-se sobre rumos a seguir.

Nesta matéria, porém, o Governo reserva-se o direito de proceder com a necessária prudência, pois não só o ambiente internacional está longe de se encontrar desanuviado, como tem de se evitar que os interesses contrários aos de Portugal se insiram perigosamente na frente interna.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Continuam a agitar-se grupos que não desistem da acção subversiva, quer preparando golpes de força, quer desenvolvendo intensa propaganda, sobretudo entre a juventude, contra a Pátria, contra as forças armadas, contra a defesa do ultramar, contra a autoridade.

Nas emissões quotidianamente dirigidas para Portugal a partir dos quartéis-generais da subversão internacional define-se o programa a seguir: partir das reivindicações mais simples e aproveitar todos os anseios de liberdade para fazer progredir o movimento destinado a implantar o socialismo totalitário.

E indispensável que nos acautelemos desta manobra, todos os que não queremos ver Portugal presa do comunismo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Ela reveste-se muitas vezes de aspectos insidiosos, que iludem a boa fé ou favorecem o comodismo dos chefes das famílias ou das empresas, dos dirigentes das associações ou dos órgãos da opinião ... Um clima de liberdade exige responsabilidade. Cessou o tempo em que os dirigentes podiam endossar ao Governo e aos órgãos de segurança os cuidados da definição dos princípios e da defesa das posições. O Governo e os órgãos de segurança continuam vigilantes, mas não podem, nem devem, suprir a autodefesa, dispensar os cidadãos de cumprir os seus deveres.

Vozes: - Muito bem!