O Orador: - É preciso que os indivíduos que não querem ver o seu país comunizado definam as suas atitudes e se disponham a lutar por elas corajosamente, em todos os campos onde a vida social decorre.

Vozes: - Muito bem!

Aplausos.

O Orador: - As liberdades não podem ser via do aniquilamento da liberdade. De contrário ficaríamos sujeitos à ousadia de uma minoria activista que domine a maioria inerte - e a história recente aí está a mostrar-nos os exemplos trágicos dos Kerenskis ou dos Mazariks.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O Governo tem tido nestes dois meses provas reiteradas do apoio da grande massa da população portuguesa. É indubitável que o País deseja continuidade da ordem, da paz social, da moeda estável, do progresso económico seguro, da defesa do ultramar. Mas é patente igualmente que todos desejam mais rapidez nas decisões, mais vivo ritmo no desenvolvimento económico e cultural, mais directo ataque às questões fundamentais de que depende o bem-estar geral.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Aplausos.

O Orador: - Procuramos e procuraremos corresponder a este duplo anseio. Pelo que respeita às reformas necessárias, nem sempre elas poderão ser feitas com a urgência que tantos desejariam. Eu próprio sofreio a cada passo a minha impaciência. Mas se as pessoas fizessem ideia do que custa, em preparação, em estudo, em remoção de obstáculos, em decisão, e geralmente também .em dinheiro, tocar num problema qualquer! Como tudo parece fácil quando se conversa entre amigos - e como tudo surge eriçado de espinhos quando há que fazer uma reforma que não seja mera ilusão demagógica e pretenda, pelo contrário, ser séria, profunda e útil!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por mim farei o possível, honestamente, por cumprir os deveres do cargo que o Chefe do Estado me confiou, e em cujo exercício, uma vez que o aceitei, me comprometi a colocar todas as minhas faculdades e todas as minhas energias.

Conto, para levar a cabo tão árdua missão, com a colaboração da Assembleia Nacional e da Câmara Corporativa, através das quais podem exprimir-se os legítimos anseios da Nação, anseios que o Governo está sempre desejoso de conhecer para lhes corresponder dentro das possibilidades de que dispuser.

Confio, enfim, no povo português, na esperança de que saberá reconhecer o esforço que o Governo não deixará de realizar tenazmente, guiado pela recta intenção de bem o servir.

Prolongados aplausos.

O Sr. Presidente: - Suspendo a sessão por uns momentos para acompanhar S. Ex.ª o Presidente do Conselho.

Eram 16 horas e 45 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão.

Eram 16 horas e 50 minutos.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.

A próxima sessão plenária será no dia 5 de Dezembro. Até lá deverão trabalhar as Comissões de Finanças e de Economia e continuará a trabalhar naturalmente, como me foi amavelmente prometido por S. Ex.ª o Presidente, a Câmara Corporativa, por maneira a nessa altura já termos, além dos elementos que anteontem foram distribuídos, o parecer daquela Câmara. A ordem do dia será o início da discussão na generalidade da proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1969.

Está encerrada a sessão.

Eram 16 horas e 50 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Albano Carlos Pereira Dias de Magalhães.

António Calheiros Lopes.

António Magro Borges de Araújo.

João Duarte de Oliveira.

Luís Folhadela Carneiro de Oliveira.

D. Maria Ester Guerne Garcia de Lemos.

Rogério Noel Peres Claro.

Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

Srs. Deputados que faltaram à sessão.

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.

Augusto Duarte Henriques Simões.

Augusto Salazar Leite.

Aulácio Rodrigues de Almeida.

D. Custódia Lopes.

Henrique Ernesto Serra dos Santos Tenreiro.

Hirondino da Paixão Fernandes.

Horácio Brás da Silva.

José Dias de Araújo Correia.

José Pinheiro da Silva.

José dos Santos Bessa.

José Soares da Fonseca.

Manuel Henriques Nazaré.

Manuel Lopes de Almeida.

Mário Amaro Salgueiro dos Santos Galo.

Paulo Cancella de Abreu.