O Sr. Deputado Luciano Machado Soares foi nomeado e tomou posse do cargo de governador civil do distrito autónomo de Ponta Delgada, em consequência do que perdeu o seu mandato.

Durante o interregno parlamentar morreram o Sr. Deputado Guerreiro Rua, deputado a esta IX Legislatura, o pai do Sr. Deputado Armando. Perdigão, o filho do Sr. Deputado Cazal Ribeiro, o irmão do Sr. Deputado Calheiros Lopes, o filho do Sr. Deputado Gabriel Teixeira e o antigo Deputado António Maria da Silva. Tenho a segurança de interpretar o sentimento da Assembleia mandando exarar na acta desta sessão um voto de profundo pesar. Desejo destacar o facto de o filho do Sr. Deputado Cazal Ribeiro ter falecido em desastre ocorrido no Norte de Angola, quando em operações, e exprimir a este Sr. Deputado o meu pesar, e sei que o de todos VV. Ex.ªs, pela morte deste heróico militar.

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Era tenente aviador este rapaz que morreu em defesa da Pátria. Ficará, portanto, expresso na acta um voto de tristeza pela sua morte. Quanto aos outros Srs. Deputados, exprimimos também o nosso mais vivo sentimento.

O Sr. Calheiros Lopes: - Sr. Presidente: Agradeço a V. Ex.ª e à Câmara as palavras de sentimento e amizade pela morte de meu irmão.

O Sr. Cazal Ribeiro: - Sr. Presidente: Quero agradecer, profunda e comovidamente, as palavras de V. Ex.ª, secundadas pela Câmara, em memória de meu filho, que morreu ao serviço da Pátria, facto que por si representa, até certo ponto, um lenitivo para o desgosto por mim sofrido.

O Sr. Gabriel Teixeira: - Sr. Presidente: Desejo agradecer a V. Ex.ª e à Assembleia o sentimento de pesar pela morte de meu filho.

O Sr. Armando Perdigão: - Sr. Presidente: Agradeço a V. Ex.ª as palavras de pesar pela morte de meu pai. Agradeço também aos Srs. Deputados por se terem solidarizado com V. Ex.ª na expressão do voto de pesar.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra antes da ordem do dia o Sr. Deputado Paulo Rodrigues, a quem convido a falar da tribuna.

O Sr. Paulo Rodrigues: - Sr. Presidente: Tomo a palavra, pela primeira vez, nesta legislatura.

A homenagem que ora presto a V. Ex.ª sempre em circunstâncias análogas aqui lha tributei com igual sinceridade; nunca com tanta emoção.

Quisera que V. Ex.ª sentisse nesta hora à sua volta mais profundo o nosso respeito, mais firme o nosso apreço, mais viva a nossa cordial devoção.

A Câmara entenderá que eu não saiba retomar o exercício das funções parlamentares que não seja para dar-lhe testemunho, que convém singelo e conciso, da figura de Salazar.

Não é possível, sequer, neste momento, enunciar em esquema a obra portentosa do homem - viva e presente, aliás, na memória de nós todos. Nem tentar homenagem que, de longe, seja a bastante.

Mas é oportuno marcar a atitude política da representação nacional, unindo-nos, em sentimento geral e profundo, às palavras tão dignas com que o Sr. Presidente abriu os trabalhos da Assembleia.

O meu testemunho é o de quem, ao longo dos últimos seis anos do seu governo, serviu o Presidente do Conselho em posição de haver dele maior conhecimento e, pois, da sua grandeza, imagem mais clara.

Servi em espírito de um único mérito ganhar: o de ser julgado fiel.

Que até diante de Deus, perante Quem todos somos servos inúteis, é pela fidelidade que seremos julgados.

Posso dar testemunho.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não creio que a muitos homens, no decurso dos séculos, tenha sido dado, em tal plenitude, fazer da vida serviço de um ideal.

Bonum certamen - combater o bom combate.

Penso que, se em duas palavras pudera buscar-se timbre para vida tão intensa e plena de dons, estas seriam.

Escreveu-as Salazar, à laia de divisa e rumo, em carta a um amigo, há mais de meio século, no dia 25 de Junho de 1915:

A victória será nossa (das nossas ideias). Quando? Sei lá, Deus do Céu!

Hoje, amanhã, daqui a um século ou dois, quando à Providência aprouver!

O dever é que é d'hoje, como d'ontem, como de sempre. E, cumprido elle, succeda o que succeder, cada um de nós tem já vencido. Bonum certamen.

Do dever, cujo cumprimento inteiro é a sua própria vida, ele mesmo havia de dar ascética visão nesse ano já distante de 1928:

É a ascensão dolorosa de um calvário. No cimo podem morrer os homens, mas redimem-se as pátrias.

Durante quarenta anos, neste espírito, sempre igual a si mesmo, se manteve e serviu, no simples exercício de um dever de consciência «friamente, serenamente cumprido».

Foi na singeleza e na verdade desta atitude e no sentido de missão que ela envolve que se firmou a força do seu magistério e comando.

E, sem desvios nem cedências, se percorreram os caminhos sonhados da redenção nacional: a restauração financeira; o fomento económico; a paz social e a liberdade religiosa; a definição doutrinária da Revolução; a estrutura constitucional e a institucionalização do Regime; a batalha diplomática e a independência e dignidade da política externa portuguesa; a restauração dos rumos da história; a defesa do ultramar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Da grandeza da obra que se prolonga na imensa estrada de quarenta anos da vida nacional não é possível, aqui, enumerar sequer os marcos do caminho.

Nem me proponho fazê-lo, mas, apenas, erguer perante vós breve meditação do espírito que a vivifica: da luz e verbo que conduziram a acção, a mantêm actual, a projectam no futuro.

Quando o chamamento à vida política bateu à porta daquele homem, sempre tão interessado no pensamento