que a inspira e determina, mas tão longe do seu exercício activo, dramática contradição começava para ele.

Na vigília que dizem ter sido a noite que precedeu a aceitação, impôs-se ao homem de fé o dever de consciência de fazer, pelo seu país, o sacrifício de tudo.

Com força de ânimo inspirada de muito alto, um príncipe da inteligência viria da velha Universidade de Coimbra para f aze, a bem de Portugal, tudo quanto «inteligentemente fosse possível»; para (como muitos anos mais tarde, ao receber o grau de doutor por Oxford, havia de reconhecer) «(aproveitar em benefício geral conhecimentos o formação que a escola deu e a vida não pôde desmentir».

Sabendo, desde o princípio, muito bem o que quer e para onde vai; sabendo que é uma mentalidade nova que há-de fazer ressurgir Portugal, Salazar define os fundamentos doutrinários do Regime, as grandes certezas que se não discutem: Deus e a virtude; a Pátria e a sua história; a autoridade e o seu prestígio; a família e a sua moral; a glória, do trabalho e o seu dever.

Ao abrigo lestas certezas e na linha de rumo que marcam se fez, verdadeiramente, uma revolução na paz. Se fez e perdura, porque construída sobre o fundamento irremovível dos princípios.

Como escreveu o Presidente, no prefácio ao livro de António Ferio, «nunca se pôde negar quê o Estado, no que tem de dinâmico, representasse uma doutrina em acção.

«Simplesmente aos que detinham o Poder, fizeram acreditar que na D deviam tê-la, os mesmos doutrinários que sobre a fraqueza de uma autoridade sem norte pretendem estabelecer o seu poderio e operar a realização do seu pensamento de destruição e de morte».

Contra a força que lhe vinha de ter uma doutrina e segui-la, nunca puderam nada nem a agitação dos seus adversários, nem as guerras que rasgaram o Mundo, nem os vente s soprados pelo demónio da subversão ou pela cupidez dos interesses.

Ergueu a cidadela da sua obra imensa nas pedras bem talhadas dos grandes princípios e deu-lhe, como alicerce primeiro, a própria vida. Quero dizer que o carácter, a pessoa, são espelho da obra feita.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Penso que ainda se impõe, àqueles a quem foi dedo conhecê-lo de perto, guardarmos muitas coisas, por muito tempo, no silêncio da alma.

Alas os traços dominantes da sua personalidade é bem recordá-los na hora que passa.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A sua doação inteira ao País; o serviço da fé em espírito sobrenatural; a preocupação da justiça, devida a todos, e a vontade constante de rendê-la aos mais fracos.

Os voos de águia daquela inteligência, a agudeza de critério, a prontidão da memória.

A elevação e permanência da doutrina; a firmeza inquebrantável da vontade; a unidade, viva do pensamento e da acção.

O desprendimento das glórias do mundo, esquecendo-se sempre de si para buscar, em humaníssimo conceito, «a harmonia da autoridade com o bem dos cidadãos».

Vozes: - Muito bem!

franquear as muralhas da solidão em que trabalhou.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Servindo o bem comum, na defesa e exercício da autoridade, soube dar-lhe, no dizer de Charles Maurras, a mais humana das imagens.

Na doação integral da sua vida ele tem sido, conforme anota Gustave Thibon, «o homem político servidor da Pátria, restituindo à função política a sua pureza original».

O homem que, para servir a Pátria, nunca cedeu perante nada, «obrigado, a viver em cada dia pela inteligência e pelo coração muitos anos do futuro», mas construindo sobre a segurança da certeza, seria sempre, como escreve Serge Groussard, um homem «em serena paz consigo mesmo».

A vida de Salazar, toda ela, é a presença certa na hora incerta da vida da Pátria. E como dele disse, com rara eloquência e sentimento, José Manuel da Costa, «estar certo na vida e na acção será, sem dúvida, a maior potencialidade do homem e a mais dura imposição que dos outros homens e de Deus se, recebe».

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando o primeiro assalto do terrorismo nos obrigou a «andar rapidamente e em força, a fim de defender Angola e a integridade da Nação», a voz de comando de Salazar foi a decisão oportuna que, natural t; indiscutível, se gerara no espírito castrense com que só doara à Pátria o sempre vivera a missão de defendê-la.

Iam passados, então, mais de trinta anos desde que, no Quartel-General do Governo Militar de Lisboa, Salazar fizera o elogio das virtudes militares. Falara de valor, lealdade e patriotismo. Dissera que «a força que é força e não violência é de si mesma leal, quer dizer, verdadeira, clara e sincera».

Acrescentara que «a lealdade é a verdade do sentimento: é impossível ser desleal sem mentir à consciência, sem ludibriar a confiança alheia». E terminara exortando: «Temos de olhar com calma mas com firmeza para a desorientação do momento, e pôr na defesa do interesse de toda a colectividade pelo menos a energia e decisão com que outros pretendem im por-nos o interesse do seu grupo, do seu partido, da sua classe, ou simplesmente os triunfos da sua ideologia desvairada.»

Vozes: - Muito bem!