tanques na Checoslováquia e aã Roménia e fazer ressurgir para uso interno a M. V. D., herdeira da Cheka e da G. P. U

Esta posição quanto ao passado e ao presente, penso que devemos projectá-la, no futuro, acompanhando de braços abertos, o Chefe do Governo em sua confiança nas virtualidades do povo português, confiança no seu firme sentimento do coesão e unidade, na sua consciência da intangibilidade do ultramar. E, no anseio disciplinado de todos, corro se fôssemos um só, lutarmos a seu lado para vencer a distância que em muitos sectores possa separar-nos de um progresso que todos desejamos e a seu lado também afirmar uma sólida esperança na geração que nos sucederá temperada pela visão larga dos horizontes ultramarinos, caldeada no clima duro do solo africano, no sangue e na vigília, sacudida mas também experimentada pelo vendaval que sopra no mundo de hoje. Em hora também difícil Salazar deu-nos um conselho que surge hoje com alta oportunidade: «dar as mãos e aguentar». E aceitemo-lo hoje, como então.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

O Sr. Presidente: - Vai iniciar-se a discussão na generalidade da pi oposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1969.

Tem a palavra o Sr. Deputado Virgílio Cruz.

O Sr. Virgílio Cruz: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Ao abrir os debates desta sessão legislativa, começo por referir, nesta câmara política, que durante o interregno parlamentar se voltou uma página da nossa história.

Na paz e na constitucionalidade, as instituições criadas pelo Regime funcionaram com eficácia.

O colapso que atingiu o Presidente Salazar amargurou o País, mas ião arrastou consigo uma crise, nem interrompeu a normalidade da vida nacional. E amargurou o País porque ela, foi nas últimas quatro décadas o eminente estadista que cumpriu de forma insuperável a nobre missão de bem servir a Pátria. É convicção geral que a história o consagrará como benemérito dia Pátria e como grande soldado da integridade nacional.

Nesta hora pesada de responsabilidades, o Chefe do Estado, serenamente, ouviu, ponderou e decidiu. Com a maior dignidade e tristeza, fez ao País a soleníssima comunicação, em que disse, emocionado, as palavras breves mas necessárias.

S. Exa., com superior visão dos interesses nacionais, confiou a chefia do Governo ao homem pluridimensional que é o Prof. Doutor Marcelo Caetano, português insigne, que, pela sua competência e virtudes excepcionais, desde há muito se ire pôs à consideração geral e é admirado e respeitado dentro e fora de fronteiras.

Ao egrégio Chefe do Estado manisfesto desta tribuna a, nossa respeitosa homenagem e gratidão por mais este alto serviço prestado ao País.

O novo Chefe do Governo troca a cátedra pelo poder, não o faz por ambição, mas resignadamente, como um dever que se cumpre e um sacrifício que se aceita para servir a sua pátria e ajudar os Portugueses a prosseguir no caminho da dignidade, da paz e da justiça social.

Ajudar o Presidente Marcelo Caetano nos trabalhos ciclópicos a enfrentar, apoiá-lo com a lealdade e a plena colaboração de todos, é o nosso dever.

A Nação soube compreender a gravidade do momento e assumir a compostura que esta hora exigia. Na metrópole e no ultramar, Portugal inteiro cerrou fileiras e deu à curiosidade ansiosa do Mundo uma grande lição de maturidade política e de portuguesismo.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: E, entrando na apreciação da Lei de Meios para 1969, salientarei que as suas coordenadas se integram, com segurança, nas grandes realidades da vida portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Embora estejam no Governo novas personalidades, a Lei de Meios para 1969 mantém-se fiel à linha de rumo prosseguida nas últimas décadas e oferece a garantia da continuidade de uma política que tem produzido excelentes frutos; respeita a boa tradição, enriquecendo-a e dinamizando-a com elementos novos.

O profundo e notável relatório que acompanha a proposta revela o saber do Sr. Dr. Dias Rosas, mostra uma lúcida orientação, que clareia os caminhos a percorrer e permite que prossigamos neles, com serena confiança no futuro.

Ao Sr. Ministro das Finanças e aos seus directos colaboradores dirijo, por isso, desta tribuna, uma palavra de merecida homenagem.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: No período que atravessamos, a nossa política monetária, e financeira assume grande relevância e terá de ser persistentemente coordenada com a política económica de expansão.

A Lei de Meios é conjugada com os objectivos globais e sectoriais do Plano de Fomento e constitui instrumento de administração financeira adequado à execução deste.

Em termos genéricos serão necessários 123 milhões de contos para financiar durante os seis anos a parte do continente e ilhas adjacentes do III Plano de Fomento, numa média de 20,5 milhões de contos por ano, que devem provir do Estudo, do investimento privado e do fontes externas.

Várias reacções podem advir do movimento de tão elevadas somas no nosso mercado, tanto na evolução dos preços como no mercado do dinheiro. Elas precisam de ser acompanhadas com muita atenção por parte do Governo e, se necessário, atenuadas por medidas apropriadas para atingir os grandes objectivos do Plano de Fomento, dentro de um quadro de relativa estabilidade de preços no consumidor e de normalização do mercado do dinheiro.

Quanto aos preços, assiste-se, nos tempos que correm e em vários países, a tensões inflacionistas de amplitude variável. As moedas são objecto de erosão contínua e o nível de preços evolu i sistematicamente no sentido da alta.

Em Lisboa o índice de preços por grosso aumentou em 1967 a ritmo praticamente igual ao do ano anterior, mantendo-se assim a tendência desenhada a partir de 1964. Nos últimos anos, o referido índice subiu de 3,3 por cento em 1965, 4 por cento em 1966 e 3,9 por cento em 1967.