Quanto à evolução dos pregos no consumidor, mostram as estatísticas que no ano de 1967 houve um afrouxamento da sua subida, com excepção dos preços em Lisboa, cujo índice aumentou a taxa análoga à do ano anterior.

Indicamos a seguir as percentagens de crescimento dos preços no consumidor nos últimos anos e em várias cidades:

Esta tendência derivou dos melhores resultados do ano agrícola e da correcção de certas deficiências fie alguns circuitos de comercialização.

Mas, comparando o 1.º semestre de 1968 com o do ano .interior, os índices de preços do consumidor revelam em geral tendência ascendente, especialmente acentuada na habitação, cujo índice aumentou de 15 por cento na cidade do Porto e de 28,7 por cento em Lisboa. Importa, pois, defender, com firmeza, o poder de compra interno do escudo, tanto por determinantes económicas como por imperativos políticos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No ano corrente e devido às importações de carne e a outras circunstâncias, registou-se grande baixa nos preços de várias espécies pecuárias e, como consequência, transacções ruinosas para o produtor.

A lavoura sofreu grandes prejuízos e o consumidor, como é habitual, pouco aproveitou desses sacrifícios.

As importações exageradas e o esmagamento dos preços da produção interna criam no lavrador a descrença na política de fomento pecuário. Com tamanha insegurança de preços na produção o lavrador não pode trabalhar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para incrementar a produção pecuária, de forma a permitir a gradual redução das importações, a política de fomento tem de se traduzir em medidas úteis e que- estimulem aqueles a quem se dirigem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A defesa do lavrador exige que a actividade agrícola não termine na fase de recolha dos produtos, mas que o ciclo vá mais longe c se feche no consumo.

Os elementos motores do progresso agrícola também são as estruturas comerciais e industriais que permitam dar certeza a quem produz e defender o lavrador das especulações que o privam do lucro justo.

Sr. Presidente e Srs. Debutados: Como acima referi, a execução do Plano de Fomento necessita de muitos capitais; 87 por cento dos investimentos programados para a metrópole deverão ser financiados pelo Estado e pelas fontes privadas. Ora, sendo uma alta percentagem dos fundos públicos destinada às operações militares, terá de corresponder às poupanças particulares e às empresas privadas não financeiras um importante papel no financiamento do Plano.

Quanto ao mercado do dinheiro, a política de maior disciplina bancária c a revisão das taxas de juro, em boa hora iniciadas pelo Sr. Dr. Ulisses Cortês, permitiu vencer a estagnação do mercado de capitais e até obter êxitos assinaláveis, mas os investimentos estão a aumentar e as dificuldades em obter financiamentos a médio e longo prazos, nas quantidades necessárias, aconselham a prosseguir no esforço de revitalização do mercado financeiro e a pôr em execução as medidas complementares necessárias à normalização do mercado do dinheiro.

Publicar a anunciada regulamentação geral das operações de crédito s médio e a longo prazos é uma necessidade urgente. E dentro do problema geral do crédito a médio e longo prazos assume grande importância a criação de condições mais favoráveis de financiamento a determinados sectores, principalmente às actividades agrícolas e às empresas, industriais de pequena e média dimensão.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - À escala internacional, a insuficiência crescente do volume disponível do. financiamentos, para apoiar o desenvolvimento de vários países, faz com que as taxas de juro oferecidas no mercado internacional pejam altas o atraiam os capitais estrangeiros.

Em princípio de, 1967, os fundos em bancos norte-americanos pertencentes a residentes em Portugal excediam os 10 milhões de contos e não raro acontece aparecerem capitais portugueses a tomar títulos de empréstimos lançados no mercado externo por empresas portuguesas, e isso porque as taxas de juro dessas obrigações são mais remuneradoras do que as praticadas no mercado interno.

Por isso a nossa política de reajustamentos às realidades internacionais dos mercados do dinheiro terá de prosseguir, para que a poupança do País não fuja e possa dispor-se dela cá dentro para alimentar e enriquecer a economia nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em Portugal as poupanças privadas revelam .elevada propensão pela liquidez: em 30 de Junho do ano corrente estavam depositados nos bancos comerciais, por particulares e empresas privadas, cerca de 42 milhões de contos à ordem e 27 milhões de contos com pré-aviso ou a curto prazo. Isto além de um somatório elevado de poupanças nacionais que dormem em muitas casas o sono do entesouramento.

Transformar parte apreciável do potencial das poupanças existentes em financiamentos a médio e longo prazos, postos ao serviço das iniciativas responsáveis que os mereçam, pelo grau de retribuição, pela garantia de reembolso e de os saberem utilizar, seria de grande utilidade.

Tudo isto aponta para a necessidade de criar atractivos que encaminhem a poupança nacional para os investimentos necessários à aceleração do nosso desenvolvimento.

No conjunto do mercado de capitais, o mercado de títulos é um sector de grande importância.

A emissão de obrigações afrouxou este ano em relação a 1967; consideram os detentores da poupança que o rendimento líquido auferido pelas obrigações é escasso para os riscos inerentes à sua posse, nomeadamente no que se refere à liquidez e à desvalorização da moeda. Criar atractivos às obrigações será do mair interesse.

No mercado do dinheiro, o problema das diversas taxas de juro precisa de reajustamentos oportunos, a fim de