Exaltar os valores que enobrecem essas diversificadas regiões de Portugal parece-me ser tarefa que não pode deixar de preocupar os das gerações do presente.

Pelo que concerne aos concelhos de Arganil, Gois e Pampilhosa da Serra, concelhos serranos por excelência, o proposto monumento terá a mais ampla das justificações, tantos e tão importantes valores devem ser homenageados.

Depois, esse monumento, que se deve erguer no mais alto dos mentes da serra adusta, virado a nascente, sóbrio, de linhas vigorosas e escalado com a grandeza da homenagem que tem de representar, também ficará a indicar aos vindouros o portentoso e feliz encontro de um Presidente do Conselho de Ministros de Portugal com as gentes da serra, numa viagem memorável e inesquecível que se cumpriu por forte imperativo do coração.

E creio bem, Sr. Presidente, que esse monumento, que o bom povo da serra, erguerá com devoção igual àquela com que, abnegadamente, vai revitalizando sem desfalecimentos as povoações serranas, acabará por simbolizar as grandes virtudes das gentes rurais deste país, seja qual for a região da sua origem, por via das quais se vai incentivando gradativamente o progresso e o engrandecimento de toda a terra portuguesa, dentro de um espírito de colaboração a todos os títulos notável.

A passagem do Sr. Prof. Marcelo Caetano pelas terras beiroas dos citados concelhos revigorou sentimentos e reacendeu esperanças latentes nos povos serranos, mercê dos quais só cimentaram os laços já fortes da cooperação desinteressada desses povos nas ingentes tarefas da sua adequada promoção social e económica.

Por isso, essa viagem atingiu a mais alta expressão de uma apoteose permanente em que à afabilidade e à compreensão de um governante correspondeu todo o bom povo de uma região com o tributo espontâneo da mais expressiva veneração.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Calheiros Lopes: - Sr. Presidente: É com a maior sinceridade que cumpro o grato dever de apresentar a V. Ex.ª e aos meus ilustres colegas as minhas mais expressivas saudações.

Sr. Presidente: Viveu o País extensos dias de cruciante ansiedade, soube, porém, vivê-los com calma e uma noção da sua própria responsabilidade, em cuja origem está, sem duvida alguma, a obra de transformação levada a efeito pelo notável português que em mais de quarenta anos orientou a vida nacional

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como bem disse o venerando Chefe do Estado na sua comunicação ao País do dia 26 de Setembro, todos os portugueses, nesse momento histórico, patentearam ao Mundo uma maturidade e um civismo consoladoramente notáveis.

Com a nomeação do novo Presidente do Conselho de Ministros, Sr. Prof. Doutor Marcelo José das Neves Alves Caetano, que teve do País uma aceitação franca e aberta, correspondente ao seu elevado prestígio, o Chefe do Estado atendeu verdadeiramente aos superiores interesses da Nação.

O Doutor Marcelo Caetano, catedrático prestigioso, distinto homem de Direito, grande figura universitária, antigo Ministro que se afirmou invulgar estadista e deu ao Presidente Salazar uma colaboração inestimável, possuindo um especial conhecimento das tarefas governamentais, tem a confiança do País.

Dificilmente se extinguira o eco, repercutido nas várias parcelas de Portugal no Mundo, do discurso em que, no salão nobre da Assembleia Nacional, após a sua posse, o novo Presidente do Conselho de Ministros referiu os pontos fundamentais da linha a seguir nesta nova fase da vida nacional. Tudo quanto seja necessário para que se mantenha a independência nacional, a integridade do território e a ordem que permita o trabalho e facilite a aceleração do progresso material e moral, compreendendo os cuidados devidos à juventude, a quem as gerações mais velhas têm de ajudar a preparar-se para vencer as árduas dificuldades de um futuro cheio de interrogações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - De acordo com a fórmula lapidar de Salazar, recordada com oportunidade pelo Doutor Marcelo Caetano - «todos não somos de mais para continuar Portugal».

E assim, acompanhamos o Sr. Presidente do Conselho do Ministros na grande fé que o anima no exercício das suas altas e árduas funções e faremos tudo quanto esteja ao nosso alcance para ajudar a enfrentar os trabalhos necessários à realização de uma sociedade em que caibam todos os portugueses de boa vontade. Porque da colaboração de todos eles necessita quem governa, para que o Portugal de hoje, fiel ao Portugal do passado, se afirme no futuro como uma Nação digna, independente e progressiva e possa marcar o seu lugar no Mundo de amanhã.

Vozes: -Muito bem!

O Orador:,- Sr. Presidente: Se me é lícito citar as minhas próprias palavras, recordarei como em Março de 1966 terei vindo a esta Assembleia, uma vez mais, fazer-me eco de difícil situação novamente criada à agricultura do Ribatejo pelas prolongadas inundações então recentemente sofridas pela região que tenho a honra de representar. Perderam-se totalmente sementeiras já feitas; em muitas explorações agrícolas nem foi possível fazerem-se de novo, porque não era já tempo de lançar à terra qualquer semente.

Ter-me-ia repetido, ao referir, tal como em ocasiões anteriores, a interrupção, durante vários dias, das comunicações entre diversas povoações ribatejanas, sendo muitas as localidades que se viram praticamente isoladas. Do Santarém para as terras da outra margem do Tejo só se passava de barco, e para alcançar desde Lisboa a capital ribatejana era-se obrigado a fazer um largo desvio que prolongava o percurso em muitos quilómetros. Uma outra zona de estrada, na altura da várzea de Samora, de considerável trânsito, esteve também inundada e sem dar passagem durante dias consecutivos.

Isto acontece quando no ano anterior, devido às condições pluviométricas tão incertas no nosso país, se haviam verificado cinco meses de prolongada seca, em que chegou a faltar a água para as regas (como voltou a acontecer agora no Verão de 1968), seguidos de um longo período de cinco meses de chuva quase contínua.

Mais uma vez, nessa ocasião pus em evidência que se não era possível evitar que as águas, por vezes quase diluvianas, caíssem sobre as terras, destruindo tudo, a mesma, impossibilidade não existia quanto ao seu escoamento. Não sendo aqui o lugar para desenvolver os aspectos técnicos desse problema, não mo furtei, todavia,