O Orador: - Certo é que não tenho, nem as qualidades oratórias, nem o poder de persuasão do Dr. Urgel Horta, mas tenho, sim - e sem falsa modéstia o afirmo -, a mesma recta intenção, a mesma persistência e, talvez, a mesma teimosia daquele ilustre homem público. Queira Deus que um dia, como ele também, tenha a sorte ou felicidade de ver premiado o fruto desta arreigada insistência, ou seja, a solução justa e inadiável do arrastado e cansadíssimo problema das comunicações nos Açores e para os Açores.

Sr. Presidente: Desde a primeira sessão desta Legislatura que tenho levantado a minha voz nesta Câmara a solicitar ao Governo um olhar de misericórdia para o mais grave e importante de todos os nossos problemas. É certo que nem tudo foi em vão, pois durante um pequeno e fugaz período as nossas comunicações, principalmente as marítimas, melhoraram sensivelmente, embora o problema em si estivesse muito longe de estar resolvido. Todavia, passado esse pequeno período, voltou tudo ninguém serve, a não ser à própria Companhia ..., pois de outra maneira não se compreende. Só este ano eles já foram alterados não sabemos quanta vezes, e, já age rã, gostaria de saber se para o próximo ano já há horários feitos ... Julgo não ser necessário encarecer o enorme transtorno e prejuízo que tudo isto causa a quem tem de utilizar os serviços da Insulana. E como exemplo bem elucidativo de todo este estado de coisas direi apenas que a ilha Graciosa, situada no grupo central, esteve dezassete dias sem barco - nem tão-pouco um Cedros se dignou lá ir! -, e que ocasiões há em que os passageiros que daquela ilha se dirigem à Terceira, que dista apenas 40 milhas, os obrigam a passar por S. Jorge, Pico e Faial, fazendo mais do dobro do percurso, e levando, às vezes, quase dois dias, o que usualmente se processa numas simples quatro horas! Daqui eu apelo para a Junta Nacional da Marinha. Mercante e, sobretudo, para o seu muito ilustre presidente, e nosso distinto colega nesta Assembleia, para que o assunto mereça a atenção que o caso, na verdade, requer.

As comunicações marítimas com os Açores - nunca nos cansamos de o dizer - têm de. ser devidamente estudadas e estruturadas, tendo sempre em mente que a Empresa Insulana tem o monopólio dessas carreiras e que, por cor sequência, tem de ir ao encontro das necessidades imperiosas e inadiáveis das populações que tem por obrigação, e dever, seguir.

Vozes: - Muito bem!

tamanho, ou pouco maiores que o Carvalho Araújo, mais velozes, a chegar e a partir em datas certas e que ofereçam comodidade, rapidez e eficiência; e nas carreiras interilhas, um navio como o Ponta Delgada, a servir, semanalmente, todas as ilhas.

Quanto a barcos de carga, principalmente quanto ao transporte de gado, há que rever o problema por completo e com urgência, uma vez que, como já aqui tive ocasião de acentuar, essa espécie de carga se processa como há cem anos. Nem mais um passo avançámos nesse sentido, o que é, lamentavelmente, triste e sintomático ...

No que concerne á comunicações aéreas, tenho a dizer, Sr. Presidente, que as palavras deste mesmo lugar pronunciadas, e por mais de uma vez. não foram completamente em vão. O novo Governo, da presidência desse ilustre e grande homem público que é o Prof. Marcelo Caetano, pouco tempo após a sua posse, fez publicar uma portaria criando uma comissão para estudar as comunicações aéreas dos Açores com o continente, interilhas e Açores e estrangeiro. Tal medida só é motivo para nós do maior regozijo e merece-nos o mais vivo aplauso. Tenho conhecimento de que essa comissão já se encontra em pleno funcionamento, o que não quer dizer que eu, como legítimo representante das populações a quem o assunto tão directamente interessa, não volte aqui a reafirmar o que já tive ocasião de dizer, neste mesmo lugar, e que é, em última análise, a maneira de pensar e sentir das populações em causa.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Antes de mais, há que concluir as infra-estruturas aeronáuticas do arquipélago. O rápido acabamento do Aeroporto da Nordela, em S. Miguel, e seu completo apetrechamento impõem-se sem demoras e sem delongas. Ele é uma posição chave nessas infra-estruturas, pois serve a maior ilha açoriana e, por ali, como é óbvio, tem de se processar uma maior intensidade de tráfego. A sua construção tem demorado muito mais do que era de esperar. É tempo de o concluir e, sobretudo, de o apetrechar. A laboriosa e ordeira população micaelense assim o merece e o interesse dos Açores assim o exige. A construção de pistas nas ilhas Graciosa, S. Jorge e Pico é outra necessidade urgentíssima, e são as únicas que falta programar, uma vez que Flores e Horta estão em vias de conclusão. E, pelo menos, uma carreira semanal dos Boeing 707 à ida e vinda de Nova Iorque pelo Aeroporto das Lajes. Na verdade, Sr. Presidente, não se compreende que um aeroporto dos maiores do Mundo, como é o das Lajes, e dos mais bem apetrechados, em que tudo está