só a pode avaliar quem assistiu, como nós, à fuga cias famílias para outras regiões, às dificuldades de conseguir técnicos que ali se fixassem e a todos os complexos problemas que a sua falta levantou.

Instituir uma obra de rega com a vastidão do regadio do Caia, pôr esperanças grandes no empreendimento, esperar que ele venha a ser rentável a curto prazo e negar os meios de ensino corrente e elementar era, na verdade, coisa sem nexo, que só servia para provar a falta de planificação que em muitos empreendimentos nos tem caracterizado.

Pelo que li num trabalho recente de Eurico Gama, datam de há cem anos as diligências do Município de Eivas, para a criação de um liceu, já nessa altura considerado de premente necessidade. Uma reforma publicada em 1860, alterando o Decreto de 17 de Novembro de 1836, que criou os liceus no País, foi aproveitada pela edilidade local para, no decorrer da visita de S. M. o Rei D. Pedro V, implorar do monarca «a graça de um liceu de 2.ª ordem».

Com paciência evangélica, a população foi renovando, através dos tempos, a velha aspiração que agora foi atendida e a todos deixou felizes e contentes.

Esperemos agora que outros instantes problemas ligados ao desenvolvimento daquela região venham por igual a ser solucionados. Entre eles, desejo destacar, pelo alto interesse que tem para o distrito de Portalegre, a reforma urgente da linha de caminho de ferro do Leste. Já aqui tive ocasião de apontar, com suficientes pormenores, o estado em que esse traçado ferroviário se encontra e a necessidade que há de o pôr em condições de servir eficazmente a ligação à fronteira e a economia de tão vasta área do território nacional.

Na altura em que a C. P. está estudando beneficiar parte dos seus traçados ferroviários, lembrar esta linha do Leste, charme de novo para ela a atenção do Governo e da empresa, é tarefa que se impõe a quantos conhecem o deficientíssimo estado em que a mesma se encontra.

Aqui deixo, pois, mais uma vez, o meu apelo, que é no final o das populações que essa linha férrea serve.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

consequências do seu protelamento perante o futuro.

Joaquim Vieira Natividade, depois de ter feito o curso dos liceus, em três anos, matriculou-se no Instituto Superior de Agronomia, onde tirou, com as mais altas classificações, os cursos de engenheiro agrónomo e engenheiro silvicultor, respectivamente em 1922 e 1927.

Ingressou nos serviços do antigo Ministério da Agricultura como professor contratado da Escola Agrícola Feminina Vieira Natividade, em Março de 1925. Porém, em Julho de 1927 solicita a rescisão do contrato.

Linhares de Lima, quando Ministro da Agricultura, encarrega Vieira Natividade (1930) de elaborar o plano da «campanha da fruta» e de definir as bases em que deveria ser criada a Junta Nacional de Exportação de Frutas (Decreto n.º 20 020, de Julho de 1931).

E, porém, na investigação que este jovem técnico firma seus créditos e se impõe pelo rigor e profundidade que imprime aos seus estudos.

Trabalhou em Genética e Citologia das espécies arbóreas na John Innes Horticultural Institution, em Inglaterra, onde permaneceu de 1932 a 1937.

Foi conderado com o grande-oficialato da Ordem de drático do Instituto Superior de Agronomia, onde, incompreensivelmente, nunca ensinou.

Dirigiu a Estação de Experimentação Florestal do Sobreiro durante vinte anos.

Foi investigador da Estação Agronómica Nacional desde 1937.

Chefiou a delegação portuguesa nas reuniões da Sous-Commission des Questions Forestières Meditérranéennes da F. A. O. (Argélia, e Marrocos), em 1950, onde apresentou o plano para b fomento e defesa da subericultura mediterrânea, que foi adoptado como plano de trabalhos da referida Subcomissão no sector da subericultura. Desta reunião saiu o Groupe de Travail Permanent du Liège, do qual foi eleito presidente.

Presidiu às reuniões deste Grupo de Trabalho em Lisboa (1951), Grécia (1954), Espanha (1955), França (1957) e novamente Espanha (1958).

Procedeu em 1951 ao estudo dos povoamentos de sobro nas províncias do Sul e do Sudoeste de Espanha.

Foi eleito membro da American Association for the Advancement of Science em 1939 e faz parte da American Society for Horticultural Science.

A Academia, das Ciências de Lisboa elegeu-o seu sócio correspondente da classe de Ciências em Fevereiro de 1952 e sócio efectivo da mesma classe em Maio de 1955.

E poderia continuar a desfilar perante VV. Ex.ªs os numerosos e invejáveis títulos que são testemunho do prestígio alcançado e documentam a admiração e respeito pela obra que edificou ao longo de quarenta anos de incessante labor.

O seu valor e competência eram reconhecidos em todos os sectores da actividade nacional.

Foi condecorado com o grande oficialato da Ordem de Mérito Agrícola em 1951.

Em 1960 é eleito sócio honorário da Associação Central da Agricultura Portuguesa e em sessão comemorativa do centenário desta Associação foi-lhe conferida a medalha de ouro por serviços prestados à agricultura nacional.

A consagração da obra, e sua projecção além-fronteiras tem a sua expressão mais elevada em 1967, aquando das comemorações do cinquentenário da Escola Nacional Superior Agronómica de Tolosa. No âmbito das comemorações do cinquentenário da sua criação, quis a Universidade de Tolosa prestar homenagem a três grandes figuras da ciência europeia. Foram distinguidos os professores Lesnodorski, da Universidade de Varsóvia, Pi-