É certo que internamente, se geraram entretanto opiniões e tendências diversas, baseadas todas elas na liberalização que parecia radicar-se nos espíritos, por esse mundo além, e a personalidade inconfundível do Presidente Salazar sofreu algumas contestações, sempre, aliás, prontamente desmentidas pelos próprios acontecimentos, previstos, genialmente, pelo então Chefe do Governo, que venceu sempre todas as crises internas - se crises se lhe- podem chamar - com o mesmo estoicismo com que venceu; agora, a própria morte!

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E assim se mantiveram fiéis à, Mãe-Pátria esses vastos territórios -ensopados pelo suor do génio colonizador das nossas gentes de outrora e conservados com o sacrifício daqueles que, nos nossos dias, o souberam defender, tingindo com o seu sangue tudo quanto as forças do mal pretenderam destruir. Entre os escombros ficaram os mortos, e desses escombros ressurgiu uma nova vida, imposta por aqueles que intransigentemente ali decidiram ficar.

Vozes: - Mito bem!

O Orador: - Não pretendo, neste momento, evocar o que tem sido esta moderna epopeia escrita pelas nossas forças armada;, nem falar do generoso sacrifício da nossa juventude, que, tão longe, defende, e tantas vezes morre, pela continuidade da Pátria. Mas em tudo esteve presente a mão, a inteligência e a obstinada vontade do Presidente Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Não quero tão-pouco alongar-me em considerações que já fortim aqui lapidarmente referidas pelo ilustre Deputado Doutor Paulo Rodrigues, devotado e honrado colaborador dos últimos seis anos de governo do Doutor Salazar, t que com ele viveu, intensamente, os últimos tempos da sua extraordinária actividade política, toda ela entregue a bem servir a Pátria, que foi seu berço.

A história está ainda por fazer, mas o Presidente Salazar de há muito que entrou nela por direito próprio. Senão, os que viverem o saberão reconhecer. Muitos, e no número dos quais, me incluo orgulhosamente, não tem sobre isso a menor dúvida!

Mas a pessoa de Salazar estará perdida para a política, e haverá apenas que recordá-lo e seguir quem quiser continuar a sua obra, ajustando-a, defendendo-a, prosseguindo-a, da forma mais útil e construtiva.

Ajustando-a no momento político que inevitavelmente se está seguindo ao seu desaparecimento da vida pública; defendendo-a daqueles que apenas aguardavam a sua substituição para a destruírem, fazendo cair Portugal donde- precisamente o ergueu o seu génio político; continuando-a, finalmente, come o impõe o nosso desejo de sobrevivermos como nação livre, orgulhosa de um passado, consciente do presente e confiante no futuro.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas a hesitação a que me referi no início destas descoloridas- palavras, que já vão longas, e que resistiu ao desejo freneticamente apregoado do se contestar, de se fazerem aberturas, de se liberalizar o do arejar, começou a vacilar perante alguns ataques injustos, insinuações inconvenientes, cavilosamente enunciadas, quer vindas do Nordeste Transmontano, quer glosadas por certos elementos sedentos de uma liberdade usada muitas vezes apenas para fins de destruição de uma unidade indispensável. Somos um país em guerra, embora a muitos convenha ignorá-lo para maior facilidade nos seus manejos e nas suas ambições!

O Sr. Virgílio Cruz: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Virgílio Cruz: - Na intervenção do V. Ex.ª é referido o Nordeste Transmontano. Como sou transmontano, gostaria que, para esclarecimento, V. Ex.ª precisasse melhor essa alusão.

O Orador: - Falo no Nordeste Transmontano porque alguém dessa região fez afirmações claras que não achei bem. O que digo suponho que é o bastante, não valendo por isso a pena dizer de quem se trata.

Reforçou-se em mim a opinião dos que querem, sem discussão, que prevaleça o bom senso em qualquer eventual renovação dos quadros, mas renovação ordenada, sensata e objectiva; quanto mais não seja, por um sentimento de autodefesa, denominador comum do todos os portugueses conscientes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E foi assim que no meu espírito se robusteceu a ideia do pronunciar algumas palavras a propósito de uma frase dita e glosada há dias, aquando de um banquete realizado em Lisboa, em homenagem a uma, ilustre autoridade administrativa, de um dos mais belos e progressivos distritos desta terra que a todos se impõe defender.

«Política do alvorecer!», disse-se embora com dificuldade se perceba exactamente o sentido do termo!

O alvorecer sucedo à noite, e para além das trevas um que vivem aqueles que não querem ver, não percebo a que quiseram referir-se os oradores que usaram a expressão como leit-motiv dos seus discursos.

Será que até há dois meses atrás se viveu na escuridão? Será que só depois de 27 de Setembro passado se vislumbrou a claridade que é a continuação da própria Pátria? Será que os quarenta imos de uma política