daquele pressuposto do respeito geral que os Romanos tão bem exprimiam pelo conceito de ancloritas.

É que, mesmo na adesão a um conjunto doutrinário surge muitas vezes o drama da incapacidade de servir ou de mandar servindo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Já o velho Cícero, sempre mestre deu uma subtil lição a esse respeito quando, ao ouvir uma proposta de Domício para das um posto elevado a um militar pouco entusiasmado pelos feitos da guerra, mas elogiado pela sua bondade e honestidade lhe respondem: "Por que não o preteres para educador dos teus filhos?"

E eis um primeiro apontamento que deixo à consideração de todos.

Uma segunda observação reporta-se aos momentos históricos da Guerra Civil da Espanha e da conjuntura internacional contra a nossa soberania em África.

Quem poderá garantir a Portugal a ao Mundo que, se a lúcida e firme política de Salazar, não estaria realizada a profecia de Lenine quanto à implantação da segunda república soviética na Península Ibérica?

Que nos esperaria após a dominação bolchevista em Espanha, que só uma retaguarda segura das forças nacionalistas do general Franco pôde conjurar?

Em que caudais de sangue se saldariam as lutas fratricidas sob uma inevitável investida vermelha do género da de Calles em Largo Cabellero?

Vozes: - Muito Bem!

O Orador: - Posteriormente, em 1961, ninguém poderia considerar indiscutivelmente viável, eficaz e economicamente possível, a nossa resistência ao assalto às províncias africanas se Salazar não tivesse criado e fortalecido as estruturas materiais e psicológicas para obter o consciente e clamoroso apoio da quase totalidade portugueses à sua indomável decisão de defender o sagrado património nacional.

Aquilo que se afigura actualmente como natural quase fácil e indiscutível, sabemos bem que o não foi no momento crucial que precedeu a proclamação em que Salazar conclamou os portugueses à defesa de Angola "rapidamente e em força".

Se assim não fora, em que convulsões de mortandade, vilipêndios e ultrajes estariam enlutados e vexados os portugueses e portuguesas das províncias ultramarinas?

Meditemos em tudo isto, Srs. Deputados.

Recolhemo-nos nos recônditos das nossas consciências, libertos de paixões e preconceitos, e depois respondamos às várias perguntas que deixei formuladas.

Obtidas as respostas, concluamos corajosamente que só com Salazar e o regime que ele e os seus ilustres colaboradores instituíram era possível responder ao apelo não apenas metafórica, mas ônticamente efectivo, das gerações de heróis de santos, de mártires, navegadores, comerciantes, missionários e especialmente, das vinte camadas de mortos desde os cavaleiros de D. Afonso Henriques que servem de alicerce à nossa geração e que exigem que a honra e os interesses da Pátria sejam salvaguardados em mártires e em glória.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Salazar, porém, foi mais completo, pois nos legou também a herança constituída pela opulenta riqueza do seu pensamento.

Sempre me reduziu a harmoniosa beleza dos grandes literários, artísticos filosóficos ou políticos ao serviço de ideias límpidas e levadas.

Como as grandes e eternas arquitecturas a grandiosa obra mental de Salazar pode ser admirada por todas as pessoas, seja qual for a sua preparação, a sua cultura e a sua sensibilidade.

Com efeito, desde os escrínios da mais subtil dialéctica às mais profundas cogitações político-filosóficas às mais cristalinas sínteses às directas e límpidas interpretações e penetrações da vida nacional. Salazar fornece manancial amplíssimo para o interesse a simples curiosidade, a meditação e o reconhecimento dos grandes pensadores, dos exigentes políticos dos apetrechados sociólogos do simples povo, pois em todos os planos da penetrabilidade da inteligência do sentimento e da sensatez se manifesta sábio, lúcido e prudente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por tudo isso os portugueses não manifestaram a ingratidão Afemenses aos expatriarem justo Aristides pelo democrático processo da concha fatal.

Por tudo isso o venerando e providencial Chefe do Estado Almirante Américo Tomás, o proclamou "benemérito da Pátria", e não se cansa de o homenagear nos mais sentidos comovedores encomiásticos e significativos termos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por tudo isso, o Prof. Marcelo Caetano, com as suas responsabilidades de Chefe do Governo, de professor universitário de renome mundial e de intelectual de grande envergadura, não teve hesitação em declarar um génio.

E tenho pensado que foi para pôr em saliência sublime a personalidade ímpar de Salazar que o Prof. Marcelo Caetano fez a referência adicional aos homens comuns, entre eles deliberadamente se incluiu - ele que está muitíssimo longe de o ser.

Homenagem própria de um árcade, maior não podia ser prestada. Com ela, longe de se diminuir só se aguentou.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente. Srs Deputados: Eu creio na interpretação transcendentalista da História.

E creio também que Portugal tem uma missão universalista a cumprir e que, pela limitação numérica do seu povo e exiguidade dos seus meios materiais o cumprimento dessa missão só tem possível porque a Providência lhe tem concedido, para conduzir o seu magnífico povo, governantes e estadistas sábios e probos, em número e qualidade tais que fazem o assombro dos maus qualificados estudiosos do fenómeno lusíada.

É uma correlação que se induz da nossa história, no seu desenvolvimento, nas suas vicissitudes e no dramatismo da sua grandeza.

Ora as grandes tarefas nacionais mantêm-se em plena operação, com a mesma agudeza, quer interna, quer internacionalmente.

Portanto, a obrigação de todos é facilitar o encargo ingente dos grandes responsáveis, que são os chefes do Estado e do Governo, com a certeza de que serão manti