O Orador: - Que Deus proteja Salazar, o Homem - o Homem, enquanto for de Sua vontade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que Deus acautele a sua alvíssima mensagem do humanismo e de portuguesismo e nos faça dignos dela. Digues dela, por ele, como preito de uma justiça que perduro em gratidão e admiração pelos tempos fora. Dignos dela, acima de tudo, pela Pátria, imitando-o no amor que sempre lhe votou e transmudando em pão, harmonia e felicidade os princípios de salvação e renovação com que, ao longo de quarenta anos, assegurou a unidade nacional e a ordem na rua e nos espíritos e orientou o País no rumo do seu destino histórico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que Deus traga, depressa e completamente restabelecido, à Assembleia Nacional o Presidente Mário do Figueiredo, espírito de eleição, homem de inteligência e de bem, para quem a constância no dever e a indefectibilidade nas grandes certezas foram irrecusável e intangível lema de toda a sua vida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Exemplo admirável, mas raro, nestes tempos conturbados, em que muitos, envolvidos no turbilhão das ideias ou das paixões, presos ao acessório e ao efémero e esquecidos do essencial e do permanente, se delapidam e perdem por não saberem ou quererem aceitar a autêntica tábua dos valores o podem, por isso, ser fonte de perturbação política e social e até de preocupação para os chefes, essas preclaras figuras do Presidente da República e do Presidente do Conselho, a quem devido é acatamento e respeito.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nos "mesmos caminhos", nos "mesmos sítios", Srs. Deputados, sempre se uniram, para a salvaguarda dos mais lídimos interesses nacionais, os dois prestigiosos e queridos Presidentes, que a nossa ternura o veneração e as nossas orações acompanham agora no seu dolorido encontro da Cruz Vermelha.

Esses, na verdade, foram, são e serão os nossos "caminhos" ... que outros não temos, nem queremos. Esses, na verdade, foram, são e serão os "sítios" da nossa presença, porque neles se corporiza, vive e sublima a Pátria.

E quando o Presidente Mário do Figueiredo regressar a esta Câmara, havemos de abraçá-lo, jubilosa e cordialmente, como o homem que é, foi e será do "mesmo caminho". ... do "mesmo sítio": numa palavra, havemos de saudá-lo e exaltá-lo ... como o homem da fidelidade.

Vozes: - Muito bem!

Não há dúvida de que as estruturas ministeriais vigentes, que tornam possíveis situações como esta, e muitas outras nada desejáveis, se mostram, de há muito, ultrapassadas; e, porque obsoletas e incapazes, do corresponderem às necessidades nacionais e à evolução da vida moderna, bem carecidas estão de uma profunda, embora gradual, modificação, que permita alcançar no seu conjunto os problemas do País, equacioná-los na sua dimensão metropolitana e ultramarina e resolvê-los através de departamentos e organismos preparados para actuarem em obediência a comandos únicos e a esquemas funcionais estabelecidos mais em atenção à natureza das matérias do que à dispersão dos territórios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Seja-me permitido recordar o que a este respeito disse em Outubro do 1964, aquando da campanha para a eleição dos Deputados da presente legislatura:

Não deixarei - afirmei então - de insistir na Assembleia Nacional pela adopção de providências destinadas ao crescimento económico coordenado da metrópole e das províncias ultramarinas, como base da melhoria do teor de vida das, populações e condição indispensável de elaboração e execução de planos realistas de promoção social e cultural, em que intervenham os departamentos estaduais que, pela natureza das funções, mais devam ligar-se aos vários problemas, de todo o espaço português.

Só desta forma se evitarão duplicações de energias e de gastos e se conseguirá que as questões, quando idênticas pelas suas implicações e pela sua índole, sejam enfrentadas à luz de critérios uniformes.

Ora, a integração perfeita do vasto mundo lusíada, uma vez que se respeite e estimule a autonomia administrativa das suas diversas parcelas, aconselhada pelas melhores tradições de sentido municipalista e por factores inelutáveis de ordem geográfica, está, compreensivelmente, dependente de uma análise global objectiva dos problemas, de uma estruturação mais moderna e racional dos departamentos, da unificação tendencial dos quadros do funcionalismo, da livre circulação tanto das pessoas como dos bens e mercadorias e da supressão de condicionamentos e entraves anacrónicos lesivos da expansão económica. Urge, além disso, elaborar para todo o País programas de acção que visem a difusão da língua pátria e da cultura e definir e aplicar uma política social e corporativa que, aqui e no ultramar, se baseie nos mesmos princípios e adopte, sempre que possível, esquemas semelhantes de protecção do trabalho e de cobertura dos riscos sociais.

Este pensamento de novo me acudiu agora ao ouvir, com gosto e proveito, o notável discurso do ilustre Deputado que, em boa hora, levado pelo seu ardente e esclarecido patriotismo, se decidiu a tratar da expansão da língua portuguesa nas províncias ultramarinas, e sobretudo na de Moçambique.

Não poderia eu deixar de intervir no debate cuja generalização tive a honra de requerer, pois, apaixonado por esta preocupante questão, a ela me referira já em 1967, quando tive a felicidade de percorrer, de norte a sul, aquela admirável terra portuguesa do Indico.