pela tendenciosa especulação, desorganizadora dos orçamentos de cada um a qual prometeu-o, será fiscalizada assídua e atentamente, com vista à sua pronta punição.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apoiando os revelados propósitos, desde já adivinhamos as dificuldades na luta a empreender, pois isto de especular é actividade difícil de controlar nos diversos aspectos que reveste. Lícita ou ilícita. conforme o seu exercício vise um lucro legítimo ou um lucro exagerado, só neste caso será crime que legislação especial regula e pune, mas que se não vê muito perseguido, nem nos níveis em que o deveria ser mais, sem alentar na qualidade do agente nem na natureza do negócio, certo como é ser o facto em si que interessa à sua qualificação. isto é, o abuso da boa-fé ou de um estado de necessidade em que se encontra o que compra em relação ao que vende. Assim entendido, deveria ser criminalmente responsável todo aquele que, pela sua actuação no meio social em que exerce a sua actividade, contribua para um agravamento do custo do essencial à vida dos domais, atendendo-se a que, hoje essencial à vida não é apenas a alimentação, o vestuário e a habitação, mas tudo o mais que permite alcançar aqueles bens, como a saúde, os transportes, os seguros e tantas, tantas outras coisas que alguns vendem e a maioria paga, como, por exemplo os telefones, sobre que especialmente queríamos falar e já quase íamos esquecendo, entretidas a especular sobre a "especulação" que o Governo está encarando de modo que a todos melhor chegue o pouco que ganham.

Pois era. Sr. Presidente, sobre o telefone que eu queria realmente falar, esse objecto tão essencial à vida de todos os dias e a pesar demasiado nos parcos orçamentos de cada um; a encarecer e a servir pior estranhamente, tanto mais quanto mais se dilatam as redes e as instalações, quando não no aumento das taxas, em que já se fala, na incontrolável escrituração das chamadas a contagem dos períodos, que temos de aceitar como certa, embora o não esteja, e somos sempre obrigados a pagar como no-lo impõe o poder coercivo do serviço explorador. Estado ou companhia que, por força do "crês ou morres", vai embolsando o que devemos e o que não devemos, às vezes restituído a cabo de longos e penosos trabalhos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Um dos muitíssimos que têm por hábito orçamentar as suas receitas e despesas, até controlar as chamadas interurbanas do seu telefone o os respectivos tempos para confinado no que tenho, poder parecer rico sobrando-me, poderia trazer em reforço dos que todos os dias se queixam um testemunho documentado das razões que me decidiram a- aflorar este problema do custo exagerado do uso desse "género" de primeira necessidade que é o telefone. Embora no reconhecimento da sua utilidade, não quero mais correr os riscos de dar lugar aos entendimentos suspeitosos da, isenção na defesa de interesses que, por serem do todos, não podem deixar de o ser igualmente meus, não vá alguém acusar-me de estar pleiteando em causa própria, como já, me sucedeu ao querer ser mais persuasivo prestando um depoimento que julgava qualificado e que por pouco me ia desqualificando.

Mas o que sobretudo importa, agora que tanto se fala, e com razão, do desenfreado aumento do custo de vida, é deixar aqui sublinhado, com vista ao Governo, um reparo que, embora de formulação difícil, tem indiscutível fundamento, pois "não há, fumo sem fogo" e a verdade é que muitos "limitam" de indignação quando se queixam dos inesperados montantes dos recibos que lhes apresentam para cobrança, não raro com chamadas escrituradas relativamente a períodos de encerramento das suas casas!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Parecerá muito mal que eu, que também seu público, me confesse um desses a quem isso já sucedeu?...

Daqui a necessidade de se aquietarem os espíritos na legítima desconfiança quanto à utilização de um serviço de que tanto depende a vida quodiana do comum das pessoas e é de manifesto interesse público, tão essencial se mostra, não pode deixar de ser, simultaneamente, bem reputado e eficiente, de modo a acreditar-se no conceito de quem paga. Boa reputação, no sentido de procurar-se não serem possíveis, pelo menos tão generalizadamente, as dúvidas quanto aos montantes que somos obrigados a pagar, sem possibilidades de contestação. Eficiência, no sentido de utilidade compatível com a natureza e o custo de um serviço que não pode ser considerado luxo e requer mais pronta satisfação dos que a ele recorrem, cada dia mais lento neste aspecto, nitidamente pior desde o começo deste ano, a fazer supor estarmos defronte de algum "processo" cujos resultados já experimentámos com reflexos perniciosos nos transportes colectivos e é sempre inequívoco prelúdio das desejadas subidas dos custos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Numa época em que não faltam por aí cérebros privilegiados quase electrónicos, orientadores das actividades empresariais, não seria difícil creio-o conseguir-se algum disposto a trabalhar pro bono publico, estudando o modo de sermos insuspeitadamente servidos, sem possibilidades, ou com diminutas possibilidades de ficarmos desconfiados de que estamos sempre pagando mais do que devemos. E se cá os não tivermos, talvez a firma estrangeira concessionária dessa bem legível lista dos telefones aceite o encargo...

Donde seria conveniente conhecermos, todos o mais pormenorizadamente possível qual o modo por que se processa a contagem das chamadas telefónicas nas instalações particulares e se a ser mecanicamente feita, os aparelhos usados para o fim se mostram dotados de uma eficiência e fidelidade insuspeitáveis de modo a não autorizarem o pensar-se que como aparelhos que são e naturalmente susceptíveis é frequente a sua avaria ou se é mesmo permanente com os consequentes danos para o assinante, a quem não cumpre remediar o mal mas é quem mais injustamente o sofre. Pois não há dúvidas de que, a serem possíveis tais avarias e em número a justificar-se o generalizados reparo que se verifica, exige o interesse público e o direito ao bom nome dos exploradores que se providencie e as coisas satisfatoriamente se expliquem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O que é preciso é que o telefone deixe de ser tão caro, especialmente mais caro do que é legítimo esperar, pagando-se chamadas mesmo quando dele nos não servimos. E se regresso ao costume, abandonado, de entregar juntamente com o recibo pago, e sem que seja