diurnos e nocturnos. De entre estes últimos, salienta-se o curso liceal nocturno de adultos que n Associação dos Antigos Estudantes du Coimbra mantém gratuitamente em Lourenço Marques com o apoio do Governo e que é frequentado por um número considerável de africanos. Segundo me disso o próprio presidente, cerca de 90 por cento actualmente.

Iniciativas desta natureza, assim como as bolsas que entidades particulares concedem com auxilio dos estudantes de fracos recursos económicos, devem ser incentivadas, para, que se possa dar aos mais aptos, indistintamente, de entro todas as camadas sociais, a possibilidade de atingirem os mais altos níveis educacionais.

Lembro o que disse em 1963, nesta Câmara, e também a propósito do ensino da língua portuguesa na província de Moçambique.

É, ainda excessivamente grande o número de nativos que desconhecem a língua portuguesa. Sendo esta o instrumento e a base de uma cultura ocidental acèrrimamente e defendida pelos portugueses em África, parece-me que se deve dar toda a atenção ao magno problema do ensino da língua pátria.

É, certo que em Moçambique alguma coisa se está fazendo neste sentido, não só por um aumento considerável de escolas, mas também por meio de cursos destinados a adultos. Porém, num momento em que se acabam de instituir no ultramar as escolas superiores, haverá que preparar conveniente e solidamente as camadas primárias e secundárias que hão-de constituir a base indispensável para o bom cumprimento da missão a que a Universidade se destina. Com efeito, só com uma instrução mais profunda e extensa, que abranja todas as camadas populacionais, teremos elementos validamente escolhidos que poderão assegurar o alto nível cultural em que as escolas superiores aí deverão funcionar.

As Universidades serão, sem dúvida, as formadoras das elites de pensamento e de acção que hão-de contribuir, não só para o progresso material de todo o território nacional, mas também para a promoção cultural e social que há-de unir cada vez mais no mundo a comunidade portuguesa.

Cinco anos passados, pôde já a Universidade de Lourenço Marques contribuir com os seus primeiros técnicos para o progresso de Moçambique, estando a preparar muitos outros, pois que a província bem deles carece. De entre estes, ressaltam os professores de ensino liceal e médio.

A formação do professores qualificados a nível secundário e médio é o maior contributo que a Universidade poderá dar à causa da educação em Moçambique.

Seria de desejar que a Universidade pudesse também assegurar os estudos linguísticos necessários para um português fundamental, tão útil à defesa da língua, e encetar o estudo e o ensino científico das línguas nativas da província, o que contribuiria para melhor compreendermos as culturas africanas.

Sr. Presidente: Pretendi mostrar à Câmara como tem evoluído o problema da difusão do idioma nacional era Moçambique. Tomos de reconhecer que, apesar das dificuldades do momento, que não podemos esquecer, o esforço que ultimamente se tem realizado, neste campo, é digno de apreço. Seria injustiça, que não quero cometer, não prestar homenagem a todos quantos em serviço oficial, particular ou voluntário, têm dado o seu contributo à causa da expansão e do ensino da língua portuguesa na província de Moçambique.

Todavia, reconheço que estamos ainda longe de atingir a meta que desejaríamos.

A taxa de escolarização de 49 por cento que se pretende atingir no III Plano de Fomento é ainda modesta, como modestos são os recursos financeiros de que a província dispõe, no seu orçamento, para tão vasta obra de educação.

O ano passado, na minha intervenção, aquando do aviso prévio sobre o ensino liceal a cargo do Estado, fiz o voto de que no orçamento da província de Moçambique se compense mais, largamente o sector da educação. Volto a renová-lo e a pedir, tal como já fiz também, que se dê à educação o lugar prioritário que verdadeiramente merece.

Esperemos que a província encontre no desenvolvimento dos seus recursos naturais os meios suficientes para poder aumentar e acelerar a obra educativa das suas populações, em todos os níveis de ensino.

Seria de desejar também que fosse criado um fundo escolar para o ensino primário, aproveitando-se a comparticipação dos municípios, que já para este ensino concorrem.

Sr. Presidente: A língua portuguesa é, sem dúvida, o instrumento fundamental e necessário para o progresso e união dos variados povos de Moçambique, mas é também, e sobretudo, o meio indelével da continuidade da cultura ocidental e portuguesa.

Saibamos nós compreender a grandeza do seu valor moral, espiritual e nacional, tal como os nossos antepassados o entenderam.

A citação de João de Barros, tão oportunamente aqui dita, é digna da ser repetida e meditada:

As armas e padrões portugueses postos em África e na Ásia e em tantas outras ilhas fora da repartição das três partes da terra, materiais são e pode-os o tempo gastar; mas não gastará doutrina, costumes, linguagem, que os portugueses nesta terra deixaram.

Tenho dito.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

A oradora foi muito cumprimentada.

O Sr. Pinto Bull: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: As minhas primeiras palavras são para prestar sincera homenagem ao homem que de há quarenta anos a esta parte vinha conduzindo com inexcedível perícia esta grande nau, apesar do vendaval que vem assolando algumas parcelas do mundo lusíada, procurando a todo o custo desmantelar esta sólida unidade que liga os portugueses de todos os quadrantes.

Desejo ainda manifestar a minha grande satisfação por a Providência nos ter proporcionado a sorte de vermos acentuarem-se as melhoras do Sr. Presidente Salazar, depois das duas crises de que foi vítima a partir de 7 de Setembro último.

São decorridos quatro meses e foram outros tantos meses de constante vigília em todo o mundo português e de consagrada e sentida romagem a Casa de Saúde da Cruz Vermelha, onde as lágrimas de mistura com as mais lindas flores do espaço português têm evidenciado quanto era c é ainda estimado o Sr. Prof. Oliveira Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Estive na Guiné depois da doença do ilustre Chefe e comoveu-me ver que em todas as camadas sociais se vinha vivendo a doença de S. Ex.ª, e a cons-