reclamação dos melhoramentos de que urgentemente necessitamos, e de que eu, de plano vou enunciar hoje apenas três.

Em primeiro lugar, a mudança da via férrea. O traçado ainda existente do caminho de ferro foi, em tempos, não o esquecemos, excelente motivo de comodidade e nota pitoresca no aglomerado urbano. Quando o mar dele distava mais de um quilómetro, era agradável ao viandante ou turista apear-se e encontrar logo ali ao lado, o hotel, o café ou o estabelecimento que demandava, porque toda ou quase toda a vida da população se desenvolvia para além, entre n caminho de ferro e o mar. Mas hoje, com o crescimento do aglomerado, não é assim. A via férrea corta a vila em duas partes, dificultam a circulação entre elas. Sobre isso, ocasiona riscos e perdas de tempo, e de estética perdeu tudo o que fazia o enlevo dos estantes e passantes. Em suma, a presente localização é um estorvo para a rotina diária dos moradoras e um entrave para o fomento geral da vila. Espera-se, portanto, que a via férrea seja transferida para a, parte nascente da localidade, onde de há muito estão reservados os terrenos para o efeito. Por mim, opinaria que o seu futuro percurso fosse subterrâneo. Mas, subterrâneo nu não, o que interessa é que a mudança se faça com urgência, para a população poder comunicar livremente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O segundo ponto que devo referir é a, falta de boas vias de acesso. Apesar de ser uma estância de turismo de l.ª classe e a sala de estar de toda a vasta região que vai do Porto a Aveiro, a verdade é que de há muito constitui um suplício chagar ou sair de Espinho. As estradas que a servem são estreitas e sinuosas e não possuem as condições de segurança c comodidade que é lícito esperar para uma (ia a dizer cidade, como realmente merecia ser designada, mas cinjo-me ao título oficial), para uma vila daquela categoria. No entanto, o movimento faz-se cada vez mais intenso, já porque Espinho exerce um fascínio especialíssimo sobre as populações dos seus vastos arredores, já porque o seu comércio e indústria aumentam, já porque é ponto de escala quase obrigatório para quantos circulam entre Aveiro e Porto.

A permanência das actuais dificuldades rodoviárias representa um grave impedimento, não só para a grei local, mas também para o meio milhão de pessoas que habitam na mencionada orla marítima. Tão desajustado espartilho traz amargurados os povos e sufoca o aproveitamento das muitas potencialidades que o concelho contém e se faz mister ver aproveitadas para bem do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Em terceiro lugar, o aspecto turístico. Poucas zonas haverá com as virtualidades turísticas do meu concelho. Desfrutando de uma longa planura e de uma maravilhosa lagoa, outrora pertenças da, honra de Paramos, Espinho, que é todo ele um mimo da Natureza, podia e devia ser a mais completa estação de recreio e turismo do País. E não seriam precisos quantiosos investimentos ou despe"as. O desassoreamento e regularização das margens da barrinha permitiriam a prática da pesca e dos desportos náuticos. E na planície que se estende por uns quatro quilómetros ao sul da vila e onde hoje apenas funciona o aeroclube e existem um aquartelamento militar e uma carreira de tiro, caberiam perfeitamente uma praia satélite da de Espinho, um hipódromo e um parque de campismo. Quase tudo está por aproveitar, e, no entanto, poucas terras terão ao seu dispor tantas possibilidades naturais e humanas. Ora, para que este admirável potencial possa emergir da inércia de séculos, basta um impulso, aliás módico, do Estado, já que, no respeitante às edilidades, o seu apego terraulês, o seu dinamismo e os seus porfiados esforços defrontam sempre com a clássica escassez de meios financeiros. Muitas vezes penso e vejo no caso de Espinho um paradigma das inúmeras dádivas e riquezas que a Providencia nos pôs ao alcance dos olhos e das mãos, e nós não íamos logo, não sei por que misteriosa inibição, recolher e utilizar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que também desta vez não se recuse a Espinho o auxílio do Estado nos três sectores que descrevi e recapitulo: mudança da via férrea, criação de novas estruturas rodoviárias e fomento turístico. Que não se recuse e não se demore, porque, assim como no dar quem dá logo dá duas vozes, também em matéria de melhoramentos locais quem satisfaz de pronto as aspirações justas satisfaz duas vezes, de uma a necessidade do requerente e de outra a justiça da causa. Ora, esta, a justiça da causa, suponho tê-la demonstrado suficientemente; a outra, F. necessidade do requerente, basta passar por lá e experimentá-la.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Centro industrial de projecção internacional, estância balnear de primeira ordem, praça comercial de uma vasta zona do País, sala de estar permanente de uma população de meio milhão de habitantes, Espinho reclama e espera dos Poderes Públicos o mais franco a decidido apoio, para poder aproveitar todos os seus recursos e vir a ser, para o País, uma das fontes mais vivas de riqueza e cultura e o seu mais vistoso e útil cartaz de propaganda.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Fernando de Matos: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: O venerando Chefe do Estado tem-se deslocado ao Porto com frequência que assume carácter de periodicidade, a que temos de atribuir o correspondente significado.

Quem tem atentado na actividade pública do Chefe do Estado não pode deixar de se impressionar com a solicitude e o interesse com que S. Ex.ª vem acompanhando a vida nacional nos seus múltiplos aspectos.

O Sr. Almirante Américo Tomás já percorreu quase todo o País, inaugurando ou visitando obras públicas, empreendimentos económicos, realizações de fomento industrial e agrícola, instalações hospitalares, culturais, científicas, etc.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora, se muitas vexes vai ao Porto, é porque muitas iniciativas lá têm sido levadas a cabo com importância suficiente para justificar a sua honrosa presença. E delas posso dar testemunho, por as ter acompanhado durante largos anos em que pertenci à respectiva edilidade.

Apraz-me consignar que S. Ex.ª é sempre recebido e saudado não só com manifestações de estima e apreço pela sua despretensiosa comunicabilidade e pela afectuosidade do seu trato, como também com sentimentos de