P.° Manuel Laranjeira, utilizadas durante anos Das escolas rudimentares de Timor, por força de portaria provincial.

Todas estas obras, Sr. Presidente e Sr s. Deputados, foram preparadas e levadas a termo em anos de muito estudo, investigação, sacrifício e privações, ao Indo dos ministérios sagrados e mediante uma modesta côngrua. E ainda hoje os missionários de Timor - por eles avalio os mais - se entregam a labores que não são precisamente o Dominus vobiscum ou o catecismo, mas afectam a educação e promoção social de milhares de rapazes e raparigas timorenses. Esta Assembleia teve já entre os seus membros, na VII Legislatura, um filho de Timor, o Rev.° P.º Martinho da Costa Lopes, educado, desde as primeiras letras até ao curso Teológico, inteiramente pelas missões. Além de mais de uma dezena de sacerdotes nativos de Timor, as missões têm a consolação de haverem formado para a vida muitos dos actuais funcionários dos vários serviços públicos daquela província.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, não obstante toda esta galeria de testemunhas da sua dedicação, do seu sacrifício e da sua competência, poderão, porventura, também eles, os missionários, um dia, repetir o doloroso desabafo de Lacordaire face à ciência do século XIX:

A ciência - dizia o grande orador -, apenas tombada das nossas mãos para as vossas, insurgiu-se contra nós, e nos acusou a nós que havíamos lutado quinze séculos por ela, nós que a havíamos acolhido novamente quando escapada do alfange ensanguentado de Maomé II, ela se lançou, completamente perdida, nas vestes dos nossos papas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para encerrar o debate o Sr. Deputado Manuel Nazaré.

O Sr. Manuel Nazaré: - Sr. Presidente: Cabe-me uma palavra a encerrar o debate sobre a matéria do aviso prévio que tive a honra de trazer a esta Assembleia.

Quando outros motivos a não tornassem imperativa, bastaria a obrigação em que fui constituído de testemunhar o meu sincero apreço pelas esclarecidas e autorizadas vozes que ouvi reclamarem um Portugal mais português. Mas tenho de reconhecer que o apoio que me foi concedido ultrapassou as minhas melhores previsões.

Não me envaideço com o facto. Mas orgulho-me dele, por ter conseguido mobilizar tantas e tão boas vontades para a cruzada que estava presente no espírito de todos. Outro não foi o meu propósito.

Cabe agora aos especialistas programar a difusão maciça da língua portuguesa, e a todos os que a falam a tarefa de, em maior ou menor medida, mas com igual entusiasmo, ajudar a ser mais portugueses os que em breve passarão a fala-la.

Não me proponho, naturalmente, apreciar em particular todos os contributos trazidos pêlos Srs. Deputados intervenientes. Todos eles constituíram preciosa ajuda e foram para mim excelentes ensinamentos. Mas, ainda assim, penso que não poderemos permitir-nos a tranquilidade de quem já atingiu o plano das soluções, concretas. É preciso não nos deixarmos adormecer, negligenciando as medidas eficazes e prontas.

Desejo apenas realçar um ponto: não se deve confundir a difusão da língua, com a difusão da instrução. Também não esqueci o muito que se tem feito na expansão da alfabetização. Mas tive presente o pouco que se fez em matéria de pura difusão da língua falada.

As considerações que apresentei na parte preambular da minha exposição, tendentes a preparar o espírito para o essencial da questão - difusão da língua portuguesa em Moçambique e as suas implicações -, foram constituídas por matéria de diversas proveniências, isto é, fruto de leituras, de trocas de impressões com pessoas bem informadas, contactos directos das populações, etc.

Como VV. Ex.ªs tiveram ocasião de ouvir, durante a exposição fui sempre fazendo referência às origens dos pontos de vista apresentados. Ora, entre estes, ficam muito bem, completando-os, sem dúvida, muitas das sugestões que VV. Ex.ªs amavelmente proferiram no decurso dos debates. O que é imprescindível é que nos esforcemos por desenvolver o clima de amizade, de confiança, e sobretudo organizar o trabalho em comum.

Cultura, linguagem e ensino são conceitos universais c humanos, são problemas vitais e prioritários entre os imperativos das nações.

Não seria correcto alongar-me mais sobre o que, afinal, todos queremos e sabemos.

Apresento a V. Ex.ª, Sr. Presidente, as minhas sinceras saudações e o pedido de licença para ler e enviar para a mesa a seguinte

Moção Reconhece-se que a pluralidade idiomática existente na província de Moçambique dificulta a promoção cultural e o progresso económico e social e não favorece mais íntima compreensão e amizade das populações; Considera-se que a generalização da língua-pátria a todo o território moçambicano é objectivo do mais alto interesse nacional e especialmente imperioso, neste momento, em que a, soberania portuguesa se encontra ameaçada por inimigos preparados e dirigidos do exterior; Assim, julga-se da maior importância e oportunidade que se empreenda uma enérgica campanha de difusão da língua nacional, a qual deve ser concedida prioridade entre as preocupações governativas; Entende-se que este movimento deve ser executado por métodos apropriados, sem prejuízo do respeito devido às culturas tradicionais africanas; Atribui-se grande valimento aos resultados obtidos pelo ensino universitário, secundário e primário ministrado no ultramar: considera-se altamente favorável à difusão da nossa língua a presença em terras africanas de efectivos militares, que, empenhados na defesa delas, se encontram em contacto com as populações; tem-se como prestimosas para a expansão da língua portuguesa as organizações oficiais e privadas que estendem a sua acção pelo território moçambicano; Sugere-se que, para a consecução deste objectivo essencial, seja estudado o aproveitamento sistemático e continuado de todos os elementos humanos a institucionais válidos, e bem assim dos indispensáveis serviços e organismos a criar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.