Há alguns exemplos na Europa de hoje, até nos países de mais alta potencialidade económica. O seu próprio futuro no concerto das nações escurece diante de deficits continuou nos pagamentos. Por outro lado, a existência de grandes saldos foi a base da reabilitação de, pelo menos, um país apoiado financeiramente por outros ainda não há uma década, que hoje necessitam do seu amparo financeiro.

Estas suo algumas das razões que motivam o interesse manifestado nos pareceres pêlos resultados da balança de pagamentos.

Em 1967, como já foi indicado, a balança de pagamentos da zona do escudo fechou com o saldo de 6 067 000 contos.

Para uniformizar os elementos determinantes da sua origem, publica-se o quadro habitual com as cifras dos últimos anos:

Estas cifras, em milhares de contos, exprimem os resultados de pagamentos de toda a comunidade e as de 19607 são altamente satisfatórias. Representam um grande progresso em relação a 1965 e 1966, em especial nas transacções correntes, formadas pelo grande déficit nos pagamentos de mercadorias (- 10 240 000 contos) e o saldo para além do previsto na conta dos invisíveis. Por outro lado, o ingresso de capitais (conta de operações de capitais), inferior em 1967 ao do uno anterior, ainda mais vinca a saúde da balança de pagamentos em 1967.

Nas transacções correntes a conta de mercadorias apresenta déficit de 10 240 000 contos, totalmente liquidado pêlos saldos dos invisíveis, que subiram de 12 341 000 contos em 1966 para 14 120 000 contos em 1967. Mas interessa sobremaneira examinar o que se passou na metrópole, neste ano de 1967, em comparação com os dois anos anteriores:

Nas transacções correntes o saldo dos invisíveis (+10 523 000 contos) liquidou o grande déficit nos pagamentos de mercadorias (- 9 074 000 contos) e ainda deixou o resíduo de 1 449 000 contos.

A melhoria foi muito grande, em especial nas transacções correntes, que cobriram o déficit de 1 158 000 contos de 1966 e apresentaram o saldo de 1 449 000 contos, tudo num total de 2 607 000 contos. Este resultado feliz foi devido aos saldos do turismo e emigração, que, somados, trouxeram para o País 11 369 000 contos.

É no carácter aleatório das receitas do turismo e da emigração que estão os perigos da balança de cambiais da metrópole. E é esse carácter que impõe a necessidade de desenvolver os recursos potenciais internos.

O produto interno A fragilidade dos elementos em que repousa a economia nacional, já mencionada acima, ressalta do exame do produto interno bruto, a preços constantes, no caso presente, a preços de 1963.

Vale a pena discriminar a cifra do produto interno nos últimos três anos:

A amplitude de oscilação da taxa de crescimento (3,2 e 7,3 por cento em 1966 e 1967) derivou quase exclusivamente do produto agrícola, silvícola e da pesca. O de 1966 foi inferior ao de 1965 (menos 1 816 000 contos) e o de 1967 foi superior ao de 1966 (mais 1 668 000 contos, ou 9,8 por cento).

No caso das indústrias o crescimento é representado por 3 650 000 contos em 1966 e 3 456 000 contos em 1967, inferior ao do ano anterior. Os números, na sua singeleza, revelam o sentido do trabalho a realizar.

O problema do futuro em Portugal, como em alguns outros países, não é meramente político; é, fundamentalmente, um problema económico, um problema de rendimentos globais. Para o resolver, ou antes, para atenuar a crise da insuficiência de rendimentos públicos e privados e ocupar dentro do País, na metrópole e no ultramar os excessos demográficos, é indispensável organizar a economia num sentido utilitário que permita a exploração produtiva dos recursos disponíveis.

E esta exploração não deve estar sujeita a iniciativas, caprichos ou fantasias individuais ou até colectivas, que podem gerar abusos ou dissipação de investimentos. Antes deve atender a coordenação ponderada e utilitária dos elementos físicos e humanos que formam a riqueza da colectividade.

Elevar rapidamente a capitação dos rendimentos e distribuí-los com equidade é hoje um problema fundamental, que só pode ter solução adequada se houver equilíbrio nas medidas a tomar, tranquilidade e paz nos espíritos e nas ruas e devoção firme e inalterável à causa pública.