Apesar do grande aumento de receitas ordinárias em 1967, ainda a percentagem dos encargos da dívida nessas receitas aumentou; e no caso da percentagem dos encargos nas despesas ordinárias, o quadro indica o agravamento de quase 2 por cento, para 19,5 por cento. O elemento que relaciona os encargos da dívida com o produto bruto, que no ano passado era representado pela percentagem de 2,1, subiu em 1967 para cerca de 2,5 por cento. Esta percentagem já é superior ao dobro da de 1960.
Evolução dos encargos da divida
O assunto já fui tratado em trabalho do relator das contas, que teve então ocasião de analisar os inconvenientes do gasto de elevadas somas em obras sem grande repercussão económica.
É nos encargos da dívida que se repercutem os inconvenientes. Uma das grandes preocupações da reforma financeira dos anos de 1928 e seguintes foi justamente conter a dívida, principalmente a dívida externa, dentro de limites compatíveis com o progresso económico.
O quadro seguinte, que dá os encargos, exprime melhor do que palavras a política seguida nas primeiras décadas:
Tem Tabela.
Em 1928-1929 os encargos elevaram-se a 326 200 contos, reduzidos para 283 789 contos em 1940. Os aumentos aceleram-se a partir de 1950, e já em 1960 atingiam 851 842 contos. Mas o problema dos encargos tornou-se muito mais agudo a partir de 1963, data em que pela primeira vez subiram acima de 1 milhão de contos, até atingiram os 2 560 916 contos em 1967.
O que acaba de se escrever deve ser lido tendo em conta diversos factores alheios ao quantitativo numérico dos próprios encargos. A desvalorização da moeda neste longo período influi não tanto como cm outros aspectos financeiros, dado que os encargos recaíam sobre capital também desvalorizado na medida em que decorriam os anos. O outro factor a considerar é o emprego do capital da dívida, que subiu muito, como se notará mais adianto. Esto é, sem dúvida, um factor de grande relevo. O investimento no mundo moderno, à parte o autofinanciamento, é em quase todos os países obtido de empréstimos. É certo que nalguns casos, e entre nós assim tem acontecido, há investimentos do Estado provenientes das receitas gerais.
Mas, no fundo, o investimento do Estado provém de empréstimos, além do autofinanciamento, que é reduzido.
Este facto dá delicadeza- ao emprego do investimento de empréstimos que têm do ser amortizados e, nos últimos anos, contraídos a juros relativamente altos.
Todas estas razões preocupantes, no caso de não ser dado fim reprodutivo aos empréstimos, tornam delicada a análise dos números contidos no quadro acima transcrito, que mostra a evolução dos encargos, com acentuação do seu aumento, num longo período de anos.
Discriminação dos encargos
Os pagamentos de juros atingiram pela primeira vez l milhão de contos (l 040 686 contos) e os das amortizações aproximam-se de 1,5 milhões de contos (l 411 862 contos). As outras despesas da dívida - certificados de aforro, renda perpétua, renda, vitalícia o outras - elevaram-se a 103 368 contos.
Os encargos discriminados constam do quadro seguinte:
Tem Tabela.