A seguir desdobram-se as despesas:

Nas cidades universitárias gastaram-se mais, 19 530 contos, num total de 44 731 contos. A verba é alta.

Ainda não foi resolvido o problema da Faculdade de Ciências de Lisboa. Estes pareceres têm insistido pela resolução de um assunto que espera solução conveniente há muitos anos. A ciência é hoje a base do crescimento económico. Quem visitar a Faculdade de Ciências, os seus laboratórios e os seus anfiteatros fica com uma noção de desânimo, para não dizer outra coisa.

O Estado durante muitos anos executou um largo programa de obras públicas, incluindo escolas de vários graus, no ensino primário, secundário e superior. Ficou para trás a Faculdade de Ciências, e com esse esquecimento se ressentiu, e continuará a ressentir, o progresso económico e cultural do Pais. Há quem afirme, até no país vizinho, que mais de metade das chuvas, que caem na Península Ibérica encontram a saída para o mar através dos rios portugueses. E destes sobressaem o Tejo e o Douro, por volume do água e extensão.

O assunto nunca foi cuidadosamente investigado, nem em Portugal, nem em Espanha. Mas neste último país o somatório de investimentos em obras destinadas ao aproveitamento de caudais dos rios em energia, rega e abastecimentos domésticos e industriais atinge somas muito grandes. Ainda neste momento o Douro e afluentes e o Tejo são alvo da atenção de entidades espanholas. E estão em curso obras de grande envergadura no Tormes (Vila-rino) e no Tejo (Alcântara e Tejo internacional), que, além de produzirem grandes quantidades de energia estival (Alcântara terá capacidade para armazenar alguns milhares de milhões de metros cúbicos e Vilarino permitirá a utilização de toda a água do Tormes e ainda bombagem dos excessos do Douro), virão regularizar ou concorrer para a regularização de cheias no Tejo e no Douro.

Infelizmente um acordo apressado alienou para Portugal os seus direitos sobre o Tejo internacional, o Erges e o Sever, rios fronteiriços, e por esse motivo a utilização daquele troço não poderá ter o rendimento previsto no troço nacional.

Todos estes problemas têm ou podem ter vasta influência na vida económica porque, a água é hoje, como foi no passado, um dos fundamentos do progresso económico social.

O parecer sugeriu por diversas vezes e há já muitos anos a elaboração de um inventário dos recursos aquí.eros nacionais, de modo a obter uma base sobre que racionalmente se pudesse assentar a sua utilização, em energia, na rega, no turismo, nos abastecimentos domésticos e industriais, na navegação, no lazer, enfim, em toda a variada gama de utilizações económicas e sociais. O progresso económico do País dependia e depende fundamentalmente do aproveitamento de todos os factores da produção em condições de máxima produtividade. Pretender crescimento económico a taxas indispensáveis sem cuidar da produtividade dos factores que para ela concorrem é uma ilusão grave. E as taxas de crescimento do produto, baixas e erráticas, são o resultado do faltas graves na aplicação do investimento, por sua vez derivadas de planificação pouco produtiva ou errada.

A energia, com a educação - são os fundamentos da produtividade do trabalho. O Pais não possui combustíveis sólidos ou líquidos que lhe permitam desenvolvimento industrial adequado. Terá de os importar por via marítima, arcando com todas as contingências de conflitos políticos, tal como no passado, ou de animosidades, como no presente.

Ora é conhecido, mercê de esforços e estudos dispersos, que é possível obter dentro do País, por utilização da água, nos rios, cerca de 15 000 milhões de unidades, o que para uma população de 10 milhões de habitantes daria uma capitação da ordem dos 1500 kWh, cerca de três vezes mais do que a actual. É também sabido que uma conveniente utilização da capacidade de retenção no Alvito, no Sabor o noutros locais, aproveitando excessos de água improdutivos no Zêzere ou no Douro, daria a essa energia uma característica de permanência de grande vantagem para o desenrolar da produção industrial. Pareceria, pois, em frente destes elementos, que colidem delicadamente com a vida política do País, que haviam de merecer grande interesse os elementos dispersos já conhecidos. Esses elementos, com outros a obter, poderiam concorrer para a elaboração de um inventário de recursos aquíferos em todos os seus aspectos e evitarem a dissipação de investimentos que sempre resultam de empresas de scoordenadas, isoladas, aqui e além, que em certos canos se saldam por altos preços no curto da energia ou por dissipação de recursos aquíferos improdutivos.

É tempo de arrepiar caminho e de procurar obter mais resultados do investimento. É tempo de escolher os aproveitamentos aquíferos mais produtivos, e até de tentar desfazer erros de planeamento que levam a desperdícios, impossíveis de suportar pela economia nacional. Não é sistema contrair empréstimos para obras de baixa produtividade ou que não produzam, como no caso da rega, os resultados possíveis. Toda a obra hidráulica, ou melhor, toda a obra do aproveitamento dos rios nacionais, precisa de ser remodelada, refundida em bases económicas, tendo em vista, não só a produção de energia, mas toda a variedade de utilizações que ela pode proporcionar e são muitas vezes mais valiosas. E a elaboração de um inventário cuidadoso é condição basilar. Os serviços hidráulicos, além de terem a seu cargo a orientação do aproveitamento das disponibilidades aquíferas, também cuidam do uma parcela dos portos nacionais. Há neste aspecto confusões graves entre serviços, e até entre Ministérios. O das Comunicações superintende em certo número de actividades dos portos e nos de Lisboa