dendo, não a civilização ocidental, mas a própria civilização", impõe-nos obrigações que não regateamos, mas que importa fazer incidir sobre tudo quanto constitua, ainda que diminutos pareçam, bocados indiscutíveis do nosso património espiritual e mural.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente. Srs. Deputados: A língua foi, durante séculos, o padrão pelo qual se aferia a maturidade de um povo e é ainda hoje o vínculo mais perfeito para conseguir a sua unidade. Bem avisado andou o Sr. Deputado Manuel Nazaré ao apresentar nesta Assembleia o aviso prévio sobre a difusão da língua portuguesa em terras do ultramar como o mais forte esteio para se avigorar a união com a metrópole e em cuja intervenção participaram vozes das mais autorizadas desta Casa, com brilho, relevo t1 sabedoria para, todos nós altamente proveitosa. Praza a Deus que a moção que aprovamos seja atendida cem o desvelo que merece, para que a enérgica campanha que vai empreender-se tenha efectivamente prioridade entro as preocupações governativas.

Há, de facto, necessidade imperiosa que a língua pátria se espalho por todos os recantos do mundo português, mas é também forte imperativo das, nossas consciências que essa mesma língua seja difundida com verdade, isto é, lia pureza dos, seus vocábulos, e não como para aí campeia, enxameada de remendos de falsa origem, desnacionalizada, empobrecida c enlameada, ela que é a mais bebi e rica de todas as línguas.

Sendo assim, que a campanha de difusão seja acompanhada, se não precedida, de uma intensa e não menos necessária campanha de defesa da sua integridade, de uma verdadeira batalha de profilaxia, para a qual temos todos de nos congregar.

No recente discurso de S. Ex.ª o Secretário de Estado de Informação podemos ler este passo:

Mais do que a forca das armas, a informação é, no nosso tempo, o meio mais eficaz para travar as batalhas das consciências.

Referia-se o ilustre membro do Governo ao valor da informação no difundir das ideias, mas não podemos esquecer que as palavras são o arcaboiço que as sustentam °, por isso, aquela só serão verdadeiramente fecundas quando o seu sustentáculo for de boa cepa e de sólida o autêntica construção.

A linguagem é um altíssimo valor que não podemos menosprezar, sob pena de nos diminuirmos a nós mesmos. Como muito bem aduz o ilustre Prof. Mário Gonçalves Viana:

A fala dos homens define o seu psiquismo, o seu modo de ser, a sua cultura ou incultura e até a sua saúde ou falta de saúde física ou moral.

E, assim, um índice valioso das suas potencial idades e factor indispensável para uma união fraterna. Por isso, e como aquele mesmo grande filólogo nos ensina, "quase todos os problemas humanos entroncam mais ou menos no problema linguístico", e ainda:

Aquele que mio cultiva, honesta e metodicamente, a sua fala comete, por isso mesmo, um pecado contra a própria formação e contra o prestigio da língua materna. O desinteresse pela língua materna assume, pois. um significado que transcende as próprias pessoas e atinge, em profundidade, a existência da alma nacional. Não respeitar o prestígio e a beleza do idioma pátrio, não o cultivar com amor, conduz, em linha recta, à perda da noção dos valores portugueses