Vozes: - Muito bem!

políticos de uma minoria, considerando-os como os anseios mais legítimos do povo; não se chame surdez à voz da Nação, a objectividade com que não se escutam vozes e atendem intenções que apenas negam ao povo ao verdadeiro e laborioso povo da nossa terra o direito de ser livre de conluios internacionais que visam a sua própria destruição.

Vozes: - Muito bem!

manejos, as suas ligações, os seus compromissos!

Quarenta anos de enfadonho monólogo! É assim que, objectivamente, se refere um largo período de paz, do ordem nas ruas, de progresso e de realizações: de prestígio e da força, que esse mesmo prestígio impõe, mesmo a alguns dos nossos inimigos! No balanço da situação esquece-se, maldosamente, todo o enorme saldo positivo do regime, para se criticar, impiedosamente, e apenas, aquilo que se não fez ou não foi possível fazer melhor.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Registamos, contudo, que a principal vedeta da noite de 31 de Janeiro findo, no Coliseu do Porto, não quer comprar a sua entrada na Assembleia Nacional á custa, de discriminações aviltantes, nem tão-pouco terá conversações secretas! Com quem, pergunto eu?

Não pretendo, Srs. Deputados, repito, iludir-me a mim próprio, defendendo a opinião, aliás indefensável, de que a razão está sempre do nosso lado; que tudo quanto não seja o nosso rumo está errado; e finalmente, de que não terão cabimento entre nós aqueles que não discutam a Pátria naquilo que ela tem de essencial e de comum para todos os seus filhos: a sua própria grandeza e integridade territorial.

Apesar de intransigente, como alguns me chamam, talvez também admita uma abertura, mas devidamente ponderada e dimensionada, oportunidade enunciada, e condicionada apenas àqueles que não vejam nela uma maneira do penetrarem e destruírem. Em qualquer caso, nunca uma- solução resultante da quebra de princípios que devemos manter intactos. Mas assim não: a imagem é velha, mas "cavalos de Tróia" existem por esse mundo fora aos montes.

Vozes: - Muito bem!

Orador: - Também em política, a vacina, e em alguns casos a quarentena, se impõem; senão, ai de nós!

A humanidade evolui constantemente, e várias concepções que se ligam com a própria vida dos povos têm de se adaptar às circunstâncias internas e externas que a rodeiam. Desconhecê-lo, ou desprezar o conceito, constitui um perigo grave, quase tão grave como recusar sistematicamente o facto, quer quanto ao seu equacionamento, quer quanto a solução mais adaptável aos superiores interesses da Nação.

Mas tudo tem os seus limites, e o Sr. Presidente do Conselho, lapidarmente, quer no seu acto de posse, quer mais tarde nesta Assembleia, que ainda há escassas horas, foi bem claro nas suas afirmações. Tal como S. Ex.ª o fez, ninguém pretenderá ignorar que, em política, nada se improvisa com estabilidade e acerto; e por isso mesmo não aceitamos aventuras para onde queiram eventualmente lançar-nos aqueles que não têm a responsabilidade de governar e apenas se entretém a agitar a opinião pública com figurinos que têm como modelo a revolução anarquista de Maio passado em França! Não haverá, conforme foi dito, maus portugueses, mas, segundo aquilo que a defesa da referida amostra francesa nos deu a conhecer, existem entre nós anarquistas em embrião, ou, o que é pior, já em rodagem!

Eles constituem um movimento que, em qualquer instante, pode destruir toda uma sociedade, reportando-a àquilo de que saiu com o aplauso unânime da Nação, cansada da desordem, desiludida das promessas e farta da liberdade que lhe haviam prometido alguns monárquicos liberais e alguns democratas republicanos.

E então tudo se fez sem tiros, nem ameaças, nem crimes, nem execuções!

Aquilo que cm 31 de Janeiro saiu do Coliseu do Porto - essa nobre e laboriosa cidade que se pretende confundir no sarrabulho demagógico de uma sessão política de autêntica propaganda eleitoral - não foi mais do que um gigantesco número de ilusionismo, como aliás o justifica o local onde se realizou, transformando a anarquia - por agora de ideias - numa revolução redentora onde coubessem todos os portugueses, cansados ou não de um longo e enfadonho monólogo, como foi referido o abençoado pé-