domiciliária ou hospitalar à segunda velhice, com os seus alitados, os seus incontinentes e os seus psicopatas.

A posição do homem idoso perante o morte levaria a longas considerações. No ateu há um certo endurecimento e evasão. O velho que morre junto dele é como se fosse o camarada que numa guerra caísse ao lado. "Antes ele do que eu." Os homens desesperam-se mais do que as mulheres. É difícil a conversão do ateu idoso, que não guarda da sua infância a recordação do Cristo, maternal. Outra atitude é a do homem cristão. Impressiona-me vivamente quando vejo nas igrejas silenciosas alguns anciães em meditação. Na sua solitude e desadaptação social, eles procuram o eloquente diálogo com o Cristo que perdoa tudo e a todas as inquietações responde. Na preparação para o grande e último encontro com Deus eles obtêm alívio para as dores físicas e as angústias morais. Desenvolvem em si próprios a sabedoria e a intuição quando as outras faculdades declinam.

E perante eles os cristãos mais novos têm de instintivamente recordar o 4.° mandamento: honrar pai e mãe.

Assegurar ao homem idoso a integração na vida paroquial, facilitar-lhe o convívio espiritual através de leituras, rádio, reuniões, visitas, deve ser preocupação dos responsáveis em qualquer plano pelo apostolado religioso.

E saio, Sr. Presidente, destas longas generalidades - longas mas resumidas, que o tema é vastíssimo - para considerar alguns aspectos da velhice em Portugal. Começo por reunir algumas notas demográficas.

No recenseamento de 1960 era esta a constituição demográfica da população

A previsão estatística para 1980, sem considerar a emigração e na hipótese de se manter uma diminuição discreta da fertilidade e da natalidade e discreto aumento de esperança da vida, será:

População total previsível em 1980

Significa isto que hoje 8 por cento da população portuguesa tem mais de 65 anos e que em 1980 essa percentagem se elevará para 9,8, ou seja, cerca de 10 por cento, correspondendo a l 076 000 pessoas idosas.

No mapa seguinte estuda-se a constituição da população portuguesa desde 1900:

Conclui-se pelo aumento lento e persistente da gente idosa.

Para o período de 1959-1962, a esperança de vida à nascença e aos 15 anos era, respectivamente, de 60,75 o 66,35 anos, representando um acréscimo do 5 anos e 3 anos em relação a dez anos antes. A nossa percentagem do gente de mais de 65 anos é das menores em relação aos países da Europa o Estados Unidos, como se depreende do mapa anexo. Aproxima-se da da Finlândia e ó maior do que a da Rússia e a do Canadá.

Suponho que isto se deve a ser ainda elevada a nossa natalidade e à esperança de vida pouco alta.

O factor emigratório repercutir-se-á no envelhecimento da população se nele predominarem os activos adultos, o mesmo não acontecendo se emigrarem famílias inteiras. De 1960 a 1964, cerca de 85 por cento dos portugueses emigrados oficialmente tinham menos de 40 anos.

Acresce que no grupo etário dos adultos o número dos, que se situam entre os 35 e os 59 anos - e serão portanto em breve idosos - é muito maior do que os de 20 a 34 anos.

A baixa progressiva da taxa anual média da natalidade é também um índice deste envelhecimento:

Como noutros países, em Portugal a mulher vive mais do que o homem, como se pode ver pelos números dos portugueses da metrópole de mais de 70 anos nos três últimos censos populacionais:

e ainda pela diferença nos dois sexos quanto a esperança de vida aos 70 anos dos efectivos populacionais dessa idade: