dente em meados de 1967, concluiremos que de 1960 para 1967 a população com menos de 15 anos baixou de 29,2 para 28,86 por cento, a população entre os 15 e os 59 anos diminuiu igualmente de 59,1 para 58,58 por cento ao passo que a população com mais de 59 anos aumentou de 11,7 para 12,55 por cento.

A emigração dos últimos anos pesa (e pesará) substancialmente no "envelhecimento" da população da metrópole.

Dos 92 502 emigrantes saídos legalmente, em 1967, da metrópole, 30 070 pertenciam aos grupos etários com menos de 15 anos, 60 833 aos grupos entre os 15 e os 59 unos e só 1577 tinham 60 ou mais anos. Cerca do 43 por cento contavam entre 20 e 30 anos de idade.

Mesmo sem ter um conta a emigração clandestina, o País tem assim perdido substancial percentagem de população em idade viril. As consequências desta sangria não se limitam às alterações imediatas na estrutura otária. Projectam-se no futuro através da diminuição da taxa da mortalidade. A quebra foi já substancial em 1967, relativamente aos anos anteriores. De 23,74 por mil, na média do 1961-1965, passou-se para 21,46 por mil em 1967.

É certo que a mortalidade infantil desceu entre nós de 114,9 por mil em 1945 para, 59,2 por mil em 1967 e a mortalidade neonatal de 40,2 por mil no quinquénio de 1940-1944 para 23,2 por mil em 1967. Mas estes números estão bem longe dos índices comuns aos países evoluídos da Europa. Ora, uma diminuição substancial na mortalidade infantil torna-se indispensável ale para compensar a referida quebra na taxa da natalidade.

A distribuição irregular da população pelos vários distritos da metrópole encontra natural correspondência na variabilidade das estruturas ciarias.

As populações mais jovens do continente localizavam-se tradicionalmente ao norte do rio Douro. O desgaste provocado pela emigração dos últimos tempos também se fez sentir aqui na própria taxa de natalidade. Se é verdade que Braga viu a sua taxa diminuída entre 1955 e 1967 apenas do 34,49 por mil para 30,47 por mil, já a evolução de outros distritos foi bem preocupante. Vila Real passou, no mesmo período, de 30,46 por mil para 23,34 por mil e Bragança de 30,35 por mil para 18,6 por mil!

A situarão entre o Douro e o Tejo tem apresentado estruturas etárias saudáveis nos distritos de Aveiro e de Viseu.

Os índices de natalidade, superiores em qualquer deles a 27 por mil em 1955, ainda em 1967 se revelaram superiores à média do País, embora Viseu acusasse um desgaste também causado pela emigração. Já no caso da Guarda, com uma taxa de natalidade de 16,12 por mil em 1967, estão patentes os graves problemas de um distrito onde, por exemplo, em 1966, emigraram legalmente 8248 indivíduos, quando o excesso dos nascimentos sobre os óbitos não foi além de 1548.

Os traços mais salientes do envelhecimento da população do continente encontram-se nos distrito de alémtejo.

Sabe-se que até há poucos anos a emigração não tinha significado no Alentejo. Mas a taxa da natalidade, talvez a reflectir tendências atávicas, talvez a revelar uma atitude pessimista perante o futuro, sempre se mostrou, nos distrito do Sul bastante abaixo da média do continente:

Note-se que a gravidade da situação dos distritos do Sul revela-se, mesmo que conjuguemos os nascimentos com os óbitos, para obter os excedentes de vidas. Enquanto em 1967 a taxa dos excedentes de vidas, no continente foi de 10,95, descia em Évora a 5,91 em Beja, a 5,40 em Faro, a 4,84, e em Portalegre, a 4,83!

Já em 1960 a percentagem de indivíduos com mais de 59 anos era de 14,9 por cento no distrito do Faro e 13,5 por cento no de Portalegre, quando no total do País, como atrás referimos, não ia além de 11,7 por cento.

Uma referência especial às cidades do Porto e de Lisboa. Na primeira, a taxa da natalidade subiu de 25,69 por mil em l955 para 28,30 em 1967. Em Lisboa tal acréscimo foi ainda mais espectacular: de 16,89 para 28,78 por mil. Tal circunstância, aliada à força atractiva exercida por estes dois pólos sobre as zonas rurais e à diminuição, mais sensível, nos índices du mortalidade infantil (v. g. Lisboa), permite esperar aqui um rejuvenescimento da população.

Dir-se-á que- estes grandes centros de actividade secundária e terceárias deveriam antes acusar decréscimos na natalidade. Mas não será a existência de um mais conveveniente equipamento assistêncial responsável por esta inversão de tendência? Por outro lado, as populações que alimentam estes centros, originárias de zonas rurais com alta natalidade, continuarão portadoras de uma atitude positiva. Já se referiu (cf. "Envelhecimento e vitalidade da população portuguesa: uma análise regional", in Economia e Finanças, tomo II, de 1966) que no inquérito municipal aos "bairros de lata" de Lisboa, no qual se apurou que cerca de 2/3 dos chufes de família eram originários da província, também se concluiu que os menores do 14 anos representavam 42 por cento da população desses bairros, enquanto o censo (aproximadamente da mesma época) revelou, para o conjunto da capital, apenas 24 por porcento de indivíduos daquelas idades