Peço licença para recordar aqui uma afirmação do Dr. Howard Curtis, proferida numa conferência realizada na Universidade de Coimbra há menos de quatro anos:

A morte e os impostos são coisas que o homem, desde o começo da civilização, tem vindo a aceitar como inevitáveis.

Mas, se compreende o porquê dos impostos, não atina com o mistério do envelhecimento e da morte.

Há dias, nesta mesma Assembleia e a propósito deste aviso prévio, um ilustre deputado perguntava-me, não sem alguma preocupação - embora a sua juventude transparecesse exuberantemente -, quando é que começava a terceira idade de que tanto se falava nesse dia. Fácil era a resposta: não tem arranque fixo, pois varia de indivíduo para indivíduo. Nesta mesma Casa fácil é topar com os de mais de 70 que ostentam uma admirável «juventude» ...

Vozes: - Muito bem!

células nobres dos parênquimas, células diferenciadas, massa metabòlicamente activa.

Como essas alterações podem começar cedo, por volta dos 50 anos, bom é que também cedo comece o combate contra as doenças da velhice. E como a evolução para uma sociedade de tipo industrial faz avultar a importância do problema, como geralmente se reconhece, impõe-se-nos o dever de estudar as soluções mais convenientes, de harmonia com uma concepção humana e equilibrada da vida, para quantos vêem chegar o declínio das suas aptidões, do rendimento do seu trabalho e de todas as consequências que daí derivam.

Se é certo que a longevidade potencial entre os humanos depende, em primeiro lugar, de factores genéticos, não é menos verdade que ela é fortemente influenciada pelas condições de vida. Há um código genético com que nasce cada um; mas, ao lado dele, temos de contar com os factores nutricionais, patológicos e socio-económicos, que interferem com os genéticos para a limitação da duração da vida. E esses factores ecológicos são também tão importantes como os genéticos no envelhecimento diferencial dos homens, na determinação da idade em que se acentuam as consequências dos tais microfenómenos a que há pouco me referi.

Não há a mínima dúvida de que a esperança de vida ao nascer e a longevidade média da população estão fortemente influenciadas pelos progressos científicos e técnicos, pela protecção médico-social dos indivíduos, pela educação sanitária, pelo conhecimento das doenças e suas causas, pelos meios terapêuticos que se lhe oferecem, pelos progressos da higiene e pelas demais condições de vida. Por isso mesmo esses valores são muito diferentes nos países em via de equipamento técnico e naqueles que têm nível de vida elevado. A Suécia tem o record da longevidade média. Está averiguado que o factor mais importante para o aumento da longevidade média é 8 redução da taxa da mortalidade infantil.

A ciência médica, segundo o Dr.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na solução dos problemas da assistência às pessoas idosas há que marcar um lugar para a formação de todos os elementos da infância e da adolescência, bem como para os adultos jovens.

A preparação de todos estes elementos para actividades produtoras futuras é investimento seguro de capital, embora este conceito seja diferente daquele que preside a esses investimentos do mundo moderno.

A preservação do capital humano não tem sido devidamente considerada nos planos de desenvolvimento, não só aqui como em muitos outros países. Parece que em nenhum deles os políticos e os economistas se convenceram da influência do progresso social no progresso económico. Nesta época de cálculos, de taxas e de índices, também se fizeram os cálculos do valor do capital humano:

O custo da formação desde o nascimento até à idade de 15 anos é igual a cinco anos de rendimento de trabalho do adulto;

A morte de um indivíduo com menos de 15 anos é, sob o ponto de vista económico, uma perda da sociedade; mas se a morte se observa aos 40 anos, a sociedade já foi recompensada; se ela se verifica aos 65, há benefício que será duplo do que se observou com o falecimento aos 40 anos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso mesmo, deve considerar-se prioritária a formação do capital humano, bem como a luta contra o desperdício das capacidades de cada qual, principalmente nos países de medíocre nível económico.

Para se ver a importância da taxa de mortalidade e da sua evolução, peço licença para recordar os recentes estudos americanos, relatados por André Piatier e referidos por Étienne Berthet:

Se a taxa da mortalidade verificada em 1940 se tivesse mantido, o rendimento nacional americano teria sido diminuído de 1400 milhões de dólares;